sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

E assim se vai 2010

Mais um ano chega ao fim. Bom? Ruim? Todo fim de ano é igual, não dá para negar, contabilizam-se sucessos e fracassos, conquistas e perdas, prós e contras, títulos e rebaixamentos e mais uma infinidade de pares antônimos que se possam listas. Não há quem não o faça e eu, tal qual no ano passado, tomo a liberdade de passar meu ano a limpo aqui no BLuc – que, devo admitir, teve queda brusca de ritmo, já que essa aqui é a 173ª postagem de todo o ano, contra as 166 de 2009, quando o blog entrou no ar já no mês de setembro.

Em 2010, o trabalho musical de Luc & Juli tomou forma. Subimos ao palco, a patroa e eu, para o primeiro show com banda. Até que as modas agradaram. E tomamos as apresentações nos bares aqui da região como escola para os projetos que pretendemos levar adiante. A agenda musical de 2011 vai começar na quinta-feira que vem, mais uma vez na Batucada Pantanera do Pantanero Bar, que foi onde tudo começou, de certo modo, e onde nos apresentamos quatro semanas atrás.

E eu, que ao lado da Juli lido tanto com música sertaneja, vi e ouvi na execução pitoresca de um clássico desse gênero uma evidência de como somos, todos nós, inaptos a lidar com os percalços da vida. E neste ano pude rever, longe de casa, o trabalho dos amigos cantores que foram tentar a vida noutros rincões, embora ainda possa ouvir as músicas deles quando bem entender, na melhor de todas as interpretações.

2010 foi também ano de futebol, e pela primeira vez, acho, tive um amigo batendo um bolão na Copa do Mundo. Copa que parou um país, que gerou manifestações estranhas e lágrimas tão menos admiráveis que as de outros tempos.

2010 foi o ano em que atingi minha maioridade profissional, quase ao mesmo tempo em que rompi a linha de chegada universitária. Falta-me resgatar o diploma, o que é questão de tempo. E, não por mais que a gentileza dos amigos Érica e Diego, acabei virando notícia, também, no SporTV e na Gazeta do Paraná.

Em 2010 vivi menos fins de semana longe de casa. Foram só 18, todos para narrar corridas, um trabalho com que tenho me identificado cada vez mais. Um dos 18 foi justamente o Dia dos Pais. Noutro, narrei pela primeira vez fora do Brasil. Foi na Argentina. E Buenos Aires me causou impressões iniciais que suponho terem sido enganosas, e a volta de lá foi atípica, angustiante. Talvez tenha pensado que fosse morrer. Por outro lado, conheci o carro que deu início à história na qual tento me incluir de alguma forma e tive uma aula sobre eventos no autódromo de Interlagos, já quase a minha casa, com um simpaticíssimo anônimo.

Sou bom com datas, não dá para negar, embora com os dispositivos de ora uma boa memória não seja requisito indispensável em ocasiões como essa. Muito barulho fez-se em 2010 em torno do cinquentenário de Senna, lembrado com crônicas memoráveis e com a inimaginável criatividade que os tempos de hoje permitem. Senna, aos 50, ganhou um filme de presente, a que ainda não assisti. Não foi difícil lembrar, também, os 10 anos da primeira vitória de Barrichello, menos ainda dos 10 anos sem meu pai por perto. Gilnei e Valdecir estiveram entre os amigos que se foram em 2010. Até para isso os amigos são bons, para se poder sentir saudades. A propósito dos amigos, dois deles, Flávio Trindade e Rodrigo França, ganharam espaço na minha estante no ano que termina daqui a pouco.

Pois é, e em 2010 tive uma participação marcante nas corridas. Pilotando, mesmo. Nada de grandes conquistas, o máximo que fiz foi dar um totó em Barrichello, mas o castigo não tardou, fiquei sem um par de tênis. De quebra, no mesmo dia, acabei conhecendo Cauby, encontro casual em Congonhas.

Em 2010, mais uma vez, demos muita risada ao embarcar um amigo num carro novo. Algo que vai acontecer de novo já nos primeiros momentos do ano que chega. E que chegue, 2011, carregado de bons motivos. Talvez não tanto quanto os que listei, levado pelo ano político de desfecho preocupante, como metas para quando for presidente deste país.

Enfim, que 2011 ganhe o voto de todos nós.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Agendas parecidas

Claro que tudo ainda admite mudanças, como ocorre todos anos. Mas é fato que algumas das grandes categorias do automobilismo do Brasil, até para dar margem a seus parceiros e patrocinadores, trataram de antecipar tanto quanto possível seus calendários de competições para 2011.

Casos, por exemplo, a Stock Car e da Fórmula Truck, tidas sob vários aspectos e não necessariamente nessa ordem como as duas principais séries do país. As duas mantêm seus números de corridas, respectivamente 12 e 10. E sete domingos do próximo ano serão marcados por corridas dos protótipos (dá para chamar um Stock de protótipo?) e dos caminhões.

Um dos casos chega a ser um tanto emblemático. A quinta etapa da Stock Car, dia 5 de junho, acontecerá em Campo Grande, uma das pistas que a Truck parecia considerar para a corrida que terá na mesma data, ainda sem sede definida. Por outro lado, a tabela da Stock assinala a etapa campo-grandense como uma das que dependem de negociação com a prefeitura local, observação feita também à prova stockiana em Santa Cruz do Sul.

Há outro caso ainda mais curioso: a Stock Car anuncia sua corrida final para 6 de novembro em Curitiba, que já fechou o campeonato deste ano, embora a Truck preveja sua penúltima etapa, nesse mesmo dia, para o circuito paranaense.

Em todo caso, os calendários combinados da Stock Car e da Fórmula Truck para as corridas de 2011 estão aí:

27 de fevereiro - Truck, Santa Cruz do Sul (RS)
20 de março - Stock Car, Curitiba (PR)
3 de abril - Stock Car, Interlagos (SP); Truck, Jacarepaguá (RJ)
17 de abril - Stock Car, Ribeirão Preto (SP)
15 de maio - Stock Car, Velopark (RS); Truck, Caruaru (PE)
5 de junho - Stock Car, Campo Grande (MS); Truck, local a definir
3 de julho - Stock Car, Jacarepaguá (RJ); Truck, Interlagos (SP)
7 de agosto - Stock Car, Interlagos (SP) ou pista alternativa; Truck, Londrina (PR)
4 de setembro - Stock Car, Salvador (BA); Truck, Buenos Aires (ARG)
18 de setembro - Stock Car, Santa Cruz do Sul (RS)
2 de outubro - Stock Car, Londrina (PR)
9 de outubro - Truck, Guaporé (RS)
16 de outubro - Stock Car, Brasília (DF)
6 de novembro - Stock Car, Curitiba (PR) ou pista alternativa; Truck, Curitiba (PR)
4 de dezembro - Truck, Brasília (DF)

sábado, 25 de dezembro de 2010

O Natal nos nossos tempos

A propósito da data, pingo aqui um vídeo que mostra, com dose de humor comedida o suficiente para não macular o espírito do Natal, como poderia ser a origem desta festa católica no século 21 do nosso tempo.



Não sem reforçar a cada amigo do BLuc, claro, meus votos de um felicíssimo Natal.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Porsche Cup na tela

A temporada do Porsche GT3 Cup Challenge terminou há quase duas semanas, com um evento dos mais movimentados do ano em Interlagos. Para mim, não que isso importe a alguém, o mais cansativo de todos. Cansativo no sentido de consumir energia, mesmo.

As corridas do evento final do calendário são destaque na grade de programação do Speed Channel – ou Canal Speed, como prefiro usar – neste domingo pós-Natal. A etapa final da categoria Light, vencida por Rodolfo Ometto (o da foto aí abaixo), será exibida a partir das 8h30. As corridas da rodada dupla decisiva da classe principal, a 997, vão entrar em cena logo em seguida, a partir das 9h. As vitórias nessas provas foram de Ricardo Rosset e Miguel Paludo. Todas as corridas têm narração minha e comentário do catedrático Luiz Alberto Pandini.

Ainda no domingo haverá reapresentação das três corridas, com a rodada dupla da 997 no ar a partir das 20h e a prova da Light em cena às 21h. A expressão “no ar”, alegam os estudiosos do assunto, pode parecer errada pelo fato do Speed ser um canal a cabo, sem que o sinal esteja literalmente no ar. Como há satélites em ação no meio do processo todo, mantenho a colocação.

Haverá mais reapresentações até o fim do ano. A rodada dupla da 997 será mostrada na segunda-feira, dia 27, a partir das 19h, e também à meia-noite, início de madrugada da terça. Outra reapresentação está marcada para as 11h30 da terça, dia em que a corrida da Light será mostrada a partir das 19h e da meia-noite – igualmente, início da madrugada da quarta 29. No sábado, primeiro dia de 2011, haverá exibição da Light a partir das 7h30 e da 997 às 8h. A última reapresentação da série será no domingo, dia 2, com a 997 a partir das 21h30 e a Light às 22h30.

Quem deixou de acompanhar alguma das corridas do Porsche Cup em 2010 terá uma segunda chance em janeiro, quando o Speed vai reapresentar todas as etapas. Logo trarei aqui o calendário de exibições.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Virtudes e saudades

Hoje faz dez anos que perdi meu pai.

A passagem dos intervalos de tempo costuma dissipar aos poucos os motivos do passado, mas pai, como irmão, mãe, filho, não é algo que se esqueça. E invariavelmente lembro do meu, e sempre dá uma vontade danada de chorar. Algo como um desabafo solitário.

Não estive tão perto do meu em seu fim de vida. Estava ocupado com coisas com que ninguém deve se ocupar e não estive presente como deveria, como ele gostaria que estivesse, durante a doença que o levou. O tempo passa e dissipa as coisas; isso é fardo que não se dissipa, e a sensação de dívida pesa.

A vida e seu fim são coisas estranhas. Todos temos a respeito teses e crenças a que, a fundo, não sabemos quanto crédito dar. Meros palpites a que tentamos conferir alguma verossimilhança. Tento evitar os clichês, mas não foram poucas as vezes, nesses dez últimos anos, em que senti a presença do meu pai. Soa estranho. Cheguei a vê-lo, sentado numa cadeira, como que me olhando. Fiquei atônito com aquilo, até que sua imagem desapareceu e disso, acho, não falei até hoje com ninguém.

Senti-o perto, de verdade, quando nasceu o Luc Júnior. Seria impossível não elevar algum pensamento à memória dele naquele dia, o dia em que talvez pudesse ter a maior alegria da vida, a de tomar o neto nos braços. O menino chegou, a vida já tinha ido. E, volto ao clichê, senti que estava ali, conosco, quase que como podendo nos abraçar. Talvez nos tenha abraçado.

As pessoas vão, a vida continua até quando achar que deve. A saudade revela virtudes dos que se foram, coisas que não se reconhecem em tempo hábil para as devidas manifestações de admiração, gratidão. Relembrá-las, ao fim das contas, acaba sendo um exercício eficiente para que tornemo-nos melhores.

E lá se vão dez anos sem o seu Neinha. Saudades, pai. Não sei como funcionam essas coisas, mas talvez a gente ainda se encontre num plano qualquer por aí. Por enquanto, vá desculpando qualquer coisa.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Hora da virada

A festa de premiação aos melhores do Metropolitano de Marcas & Pilotos de Cascavel, ontem à noite, era cercada também pelas expectativas de todos quanto aos novos rumos do Autódromo Internacional Zilmar Beux. Afinal, depois de anos e mais anos de devaneios e soluções arrotadas em mesas de bar, agora a situação chegou a um ponto de solução. Cópias do projeto inicial para reforma do autódromo foram distribuídas pelas paredes da Box 3, onde pilotos e desportistas foram recepcionados para a cerimônia de entrega de troféus.

Houve quem esperasse uma aparição do prefeito Edgar Bueno no evento. Edgar estava em Curitiba acompanhando a diplomação do filho André, também kartista, como deputado estadual. Fez-se representar pelo secretário municipal de Planejamento, Ronald Drabik. Que, para não dar tom político a uma festa esportiva, falou rapidamente sobre o que se pretende fazer pela restruturação do autódromo (algo que comentei com vocês na semana passada - para reler o post, clique aqui). São ideias, ainda, e algumas delas suscitam dúvidas, como as arquibancadas fixas, ninguém acredita que vão de fato ser construídas. E, se forem, que todos paguem suas línguas. Fato é que qualquer coisa que venha a ser feita vai deixar o autódromo em condições muito melhores do que as atuais.

Miguel Beux, um dos integrantes do consórcio particular que ainda detém o autódromo, assumiu a presidência do Automóvel Clube da cidade há dois anos. Era o elo que faltava, em termos práticos, entre os donos do local e aqueles que dele fazem uso. Persistente, deixou a vida em segundo plano para costurar um acordo que permitisse a cessão definitiva da área do autódromo ao Município. Sabia, Miguel, que os senhores que juntaram seus trocados para construir a pista há mais de quatro décadas não iriam pôr um centavo a mais para a reforma que se faz tão necessária. O Município não podia investir recursos e prestígio em uma propriedade particular. Era, mesmo, a única saída.

A documentação está toda concluída. E deverá levar as devidas assinaturas já na próxima semana. Existe uma expectativa real de que as obras no autódromo comecem já nos primeiros meses de 2011. Um trabalho que tende a contemplar, em primeiro momento, o alargamento do traçado em quatro metros. Da maneira como prevê o projeto, as características das curvas serão preservadas ao máximo. Os tempos de volta devem cair um pouquinho, uns dois segundos, talvez. E logo depois, ou até concomitantemente, ninguém confirma, os novos boxes poderão ser erguidos. Parece que chegou, enfim, a hora da virada.

Todos os presidentes que vi passarem pelo Automóvel Clube praticamente suaram sangue para manter a atividade automobilística. É um abacaxi que só quem passou por ali tem ideia. Beux, nos últimos anos, fez por merecer atos como a ovação que recebeu ontem. Herdou de Zilmar, o pai, essa paixão pela causa. Não iria descansar enquanto não conseguisse a garantia de que o autódromo vá continuar sendo autódromo, e com condições cada vez melhores. E, na carona de tudo isso, ainda viabilizou uma compensação prática aos pioneiros que desbravaram esse autódromo nos anos 60. Foi, não duvidem, trabalho dos mais desgastantes.

Faltam apenas as tais assinaturas, já combinadas, para que a missão esteja cumprida. E para que Miguel possa retomar sua vida normal. Ação política não é a dele, o melhor que tem a fazer a partir de quando todo o processo estiver sacramentado é se afastar de cargos inerentes ao assunto. Visitar o autódromo quando lá houver corridas, preparar sua carne assada e tomar sua cerveja sem se preocupar com nada. Quem sabe arriscar por lá, na pista, algumas aceleradas com seu renovado protótipo Avallone.

Zilmar já deve estar contente o bastante com o que o filho fez. Vários de nós também estamos.

Fim de temporada em Cascavel


Juraci Massoni, os campeões Cleves Formentão, Luis Rosa e Jair Peasson e Miguel Beux, na premiação de ontem à noite na Box 3

O Waltinho Lima cedeu o endereço da Box 3, sua revenda de automóveis seminovos no centro de Cascavel, para que o Automóvel Clube da cidade fizesse na noite de ontem a premiação aos melhores do Metropolitano de Marcas & Pilotos de 2010. O campeonato terminou há menos de um mês. Cleves André Formentão, na categoria A, Jair Peasson, na N, e Luis Rosa, na L, levantaram os troféus pelos títulos e suas classes. A lista completa dos melhores está aqui, no site Cascavel News, do colega Luiz Aparecido.

Como é praxe, foi uma noite para que histórias fossem contadas. Formentão, por exemplo, acabou informalmente sabatinado sobre sua trajetória na categoria, que começou em 2002, depois de alguns anos de atuação em competições de arrancada. Desde o carro que destacava o layout cor-de-rosa e amarelo-limão (isso são cores?) até o título deste ano com o Gol da equipe Lagarto, sempre um trabalho quase artesanal e de poucos recursos.

Está de bem com a vida, o Cleves. Que passou por maus bocados quando a doença dos filhos Guilherme e Gabriel o fez colocar alguns valores em questão. Há poucos anos, o "patrocínio" que se lia nas laterais de seu carro de corrida era "Jesus, obrigado por ter curado meus filhos". E estavam lá os dois, também, sorrindo de orelha a orelha com o pai campeão. Soube tardiamente, até, que Cleves e Suzane preparam mais uma cartada - devem inaugurar na segunda-feira a Sala Deccor, loja de artigos para decoração. "É um peitaço que a gente resolveu dar", disse-me o Cleves.

Não foi um campeonato fácil. Historicamente, em Cascavel tem sido assim e imagino que noutros rincões do Brasil o panorama não seja tão diferente, os eventos da categoria dão prejuízo aos promotores. O último do ano, inclusive, teve peso dobrado na pontuação para que se atingisse o número de eventos previstos no calendário - com o que todos, aparentemente, concordaram. O Automóvel Clube, hoje capitaneado por Miguel Beux e Juraci Massoni, tem tirado leite de pedra há muito tempo para manter ativa a única categoria de automobilismo que dá, por ora, algum sentido à existência de um autódromo aqui.

Regado aos beliscos e aperitivos de sempre, este último encontro do ano da rapaziada do Marcas & Pilotos foi, claro, minha oportunidade de rever vários amigos depois de muito tempo, eu que acabei perdendo o contato com a categoria onde comecei a aprender a narrar corridas. Ainda estou aprendendo, agora noutra freguesia. Foi, também, a oportunidade de conferir nos olhares de toda aquela gente uma certa incredulidade com relação aos rumos a que o autódromo de Cascavel será submetido a partir do ano que vem.

Volto a esse assunto já, já.


Osmar "Lagarto" Sorbara foi o preparador campeão do grupo A, com Formentão, enquanto Leandro Ribeiro foi quem respondeu pelos carros de Rosa e Peasson. Os dois também receberam seus troféus de Massoni e Beux

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O barulho do Natal no autódromo



Sempre correndo o risco de estar errado - como estou, na maioria das vezes -, digo cá que o autódromo de Cascavel será o último a receber um evento em 2010. E em pleno Natal.

Nada a ver com as corridas, que poderão voltar a dar o ar da graça por aqui no próximo ano. Trata-se de um evento de som automotivo, promoção do DJ Gegê, que é parceiro da gente. "Caminhão Treme Treme" é o nome do negócio. Segundo ele próprio manifestou agora há pouco, deve bombar. Bombar?

O vídeo aí conta tudo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O valor de um troféu

Cada qual dá às coisas a importância que bem entende, e o que uma pessoa define como prioridade deve ser respeitado, via de regra, como problema inerente apenas a ela. Quaisquer julgamentos a respeito não se fazem cabíveis. Ainda assim, alguns fatos suscitam considerações.

Volto a falar da festa de premiação do Capacete de Ouro, ontem à noite no Via Funchal. Jonathan “John” Louis, paranaense que acaba de completar 16 anos, recebeu na festa o prêmio máximo da categoria Kart. Dono de 20 títulos e 13 vice-campeonatos no kart, Louis teve em 2010 sua estreia no automobilismo, na Fórmula Future. Venceu a última etapa, domingo último em Santa Cruz do Sul. Louis tentou dizer algumas palavras. Quase às lágrimas, não conseguiu concluir as frases. Estava, de fato, emocionado com o momento.

André Pedralli, meu conterrâneo de Cascavel, disputava com outros quatro garotos do kart o prêmio Novos Talentos. Esta, ao que me parece uma novidade no evento, tinha um regulamento um tanto diferente das demais categorias. A começar pelo próprio número de finalistas, cinco, diante dos três de todas as outras. A votação foi aberta, também, posso estar errado. Por conta da chuva, sua viagem atrasou, o itinerário sofreu mudanças. Viu-se na dependência de um voo que partiria de Curitiba depois das nove da noite para estar no Via Funchal, em São Paulo, no evento que começaria antes desse horário. Não desistiu, deve ter sido uma correria dos diabos, mas deu as caras, acompanhado dos pais. Coube a mim, casualmente, a inglória missão de dizer a ele que a premiação já havia sido feita e que não tinha sido ele o contemplado – Felipe Fraga, do Tocantins, ficou com o troféu. A decepção momentânea foi visível. Ainda assim a família Pedralli permaneceu ali até o término do evento.

A categoria Revelação teve, claro, três jovens kartistas como finalistas. Quando o mestre de cerimônias anunciou que o Capacete de Ouro iria para Gabriel Sereia, familiares e amigos do garoto surpreenderam a todos com uma espontânea e gostosa comemoração na plateia. Pareciam torcedores de futebol comemorando um gol em fim de campeonato. Sereia, aos 12 anos, não deve ter ideia de que aquele senhor de 73 anos de cujas mãos recebeu seu comemorado prêmio foi um dos maiores nomes do nosso automobilismo. Mas certamente há de pesquisar sua trajetória, e o currículo moral de Gabriel ostentará até o fim da vida o item “Capacete de Ouro de 2010, recebido das mãos de Bird Clemente”.

Citei aqui três episódios que verificamos poucas horas atrás na festa de premiação do Capacete de Ouro. Todos, coincidência ou não, envolvendo kartistas. Que dão ao prêmio uma importância talvez até maior do que ele realmente tenha. Afinal, só quem ganha – e também quem não ganha – um reconhecimento como esse é que pode mensurar com precisão quão importante ele pode ser. Rubens Barrichello, finalista de sua categoria desde que o prêmio foi criado, faz questão de aparecer sempre que está no Brasil. Ontem, não só subiu ao palco para receber seu troféu como também foi padrinho da premiação à molecada do kart.

Cacá Bueno, um dos melhores pilotos de turismo do Brasil na atualidade, talvez o melhor, conquistou o prêmio principal da categoria Trofeo Linea, um título que conquistou também na pista. Não esteve em São Paulo para recebê-lo. Soube que perdeu o avô no fim de semana. Colegas presentes à festa confidenciaram ser rara a aparição de Cacá no evento, em que invariavelmente consta como finalista, fruto do eficiente trabalho que faz nas pistas.

Concluo que receber um Capacete de Ouro, para alguém com uma carreira como a de Cacá Bueno, pode ser menos importante que para um menino que sonha repetir sua trajetória vitoriosa nas pistas.

O show do Capacete de Ouro


Quando abri o MSN, agora há pouco, um amigo de Cascavel veio saudar e perguntar sobre a festa de premiação do Capacete de Ouro, a que fomos, Juli e eu, ontem à noite. Aos que não sabem, acho que são poucos, é algo como o “Oscar do automobilismo”, definição que tomo emprestada de um colega de profissão. Concurso promovido pela revista Racing, foi a 14ª a edição. Cada categoria seleciona três pilotos numa pontuação própria que considera os resultados obtidos nos campeonatos de automobilismo, esses três são submetidos à votação de uma comissão formada por jornalistas especializados. Simples assim.

Não vou lembrar textualmente e já desativei a janela de conversa online, mas a pergunta que me foi feita era algo como “qual piloto foi o destaque da festa?”, algo assim. Não tinha pensado nisso até então e, de bate-pronto, respondi que nenhum. Quem roubou a cena mesmo, no ato final do evento no Via Funchal, foi Kiko Loureiro. Um músico, jamais deve ter sentado num carro de corridas.

Kiko é guitarrista da banda de rock Angra. Coube a ele o último ato do evento que a editora promoveu. Feita a premiação da categoria Fórmula 1, que mais uma vez teve Rubens Barrichello como campeão – Felipe Massa levou Prata e Lucas di Grassi ficou com o Bronze –, o mestre de cerimônias pediu a Rubens que permanecesse no palco. Viria homenagem, como já se tinha feito momentos antes a como Graziela Fernandes, Bird Clemente, Bia Figueiredo e Bruno Senna.

Foi melhor, muito melhor. Era, de fato, homenagem a Rubens. Convertida em um show de Kiko. Diante da lembrança dos 300 GPs disputados na F-1, marca que o piloto atingiu na etapa da Bélgica, a organização do evento pôs no telão a imagem de uma câmera on-board, uma volta de Rubens com a Williams na pista de Spa-Francorchamps. Sem áudio. Enquanto os gráficos padronizados da categoria indicavam na tela as mudanças de marcha, Kiko simulava em sua guitarra, com perfeição, o som do motor do carro, respeitando as passagens de marcha, as reduções, tudo.

Interpretação perfeita, digna dos efusivos aplausos que recebeu. Já houve algo parecido circulando na internet, parece-me que um jovem tirando da guitarra o som de um F-1 para simular uma volta de Felipe Massa com a Ferrari. Que foi bom, mas não se compara ao que Kiko fez aos olhos e ouvidos de todos os presentes poucas horas atrás. Emocionou Rubens, que assistiu atônito ao show ao lado de Isabel Reis, da Editora Motorpress. Rubens, ultimamente, tem se emocionado com muita coisa. Coincidentemente, e isso não tem a mínima relevância, Kiko e Rubens têm 38 anos.

No mais, a festa foi o que deve ter sido sempre – foi a primeira vez que pus-me entre os presentes. Oportunidade para rever amigos, colegas, pilotos, gente do mundo das corridas que, cada qual a seu modo, passa ano após ano dentro de autódromos, vivendo e vendo a vida passar enquanto tira do automobilismo o proveito e os prazeres que ele pode oferecer.

Também há quem vá perguntar quem foram os vencedores do Capacete de Ouro, embora os sites especializados já tenham noticiado, mas vai lá a lista de quem levou o troféu principal em cada categoria: Barrichello (Fórmula 1), Helio Castroneves (Top), César Ramos (Internacional), Max Wilson (Nacional), Alexandre Barros (Porsche GT3), André Posses (Porsche GT3 Light), Felipe Giaffone (Truck), Patrick Gonçalves (Turismo), Gabriel Sereia (Revelação), Valdeno Brito e Matheus Stumpf (Itaipava GT), Ulisses Bertholdo e Eduardo Silva (Rali), Jean Azevedo e Emerson Cavassim, (Off-Road), Yann Cunha (Fórmula), Cacá Bueno (Trofeo Linea), Nicolas Costa (F-Future), Jonathan Louis (Kart) e Felipe Fraga (Novos Talentos).

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Homenagem da Truck ao campeão



Achei de extremo bom gosto a homenagem que a Fórmula Truck prestou a Roberval Andrade pela conquista do título de 2010. Esse vídeo postado no YouTube, que está na sessão "TV Truck" do site da categoria, resgata momentos marcantes da campanha do piloto, que competiu com o caminhão da Scania Corinthians Motorsport e, em 10 corridas, conquistou cinco vitórias e cinco poles.

Não foi fácil, apesar da campanha. Alternando sucessos com contratempos, Roberval só alcançou o título na última corrida, graças a um empate em pontos, improvável até então, com o líder Felipe Giaffone - o maior número de vitórias, critério imediato de desempate, sacramentou o título, seu segundo na Truck, onde foi campeão também em 2002.

Está aí o vídeo. É, se conheço bem Roberval, um material que lhe deve marejar os olhos a cada exibição.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Wacky Races

Não me dispus a buscar algo no YouTube, mas achei interessante essa foto postada no Twitter pelo Guinho, que lá despacha como @biberg. Corrida de vans. Podia ser legal no Brasil, fico imaginando um piloto de van descendo o Bacião em Cascavel.

Alguém aí sabe o que, por quem, onde, quando, como, por quê?

ATUALIZANDO EM 12 DE DEZEMBRO, ÀS 19h47:
Quem matou a charada foi o tuiteiro Valmir Chicarolli, ou @Chicarolli. O campeonato apresentado na foto aí acima é o Ford Transit Trophy, criado nesta última temporada com corridas nas pistas de Portugal. O site da categoria é este.

De fato, acho que ainda não há uma categoria a ser inventada. Já inventaram todas. Aí abaixo, uma palinha das corridas de vans.

Tem também o livro do França

Tenho de tomar cuidado para não transformar o BLuc em banca de anúncios, embora isso aqui pudesse ser bem mais útil acompanhando o que o mercado editorial está lançando do que comportando as sandices que me passam pela cabeça. De qualquer modo, quando tem parceiro assinando qualquer coisa, é no mínimo justo compartilhar com a audiência.

Desta vez é Rodrigo França, 32 anos (duvido que seja só isso, mas...), parceiro jornalista – concorrente, em vários casos –, quem assina a obra que será lançada na próxima quarta-feira. “Ayrton Senna e a mídia esportiva” é o título, auto-explicativo. Leva o selo da editora AutoMotor, de Reginaldo Leme, que jamais havia publicado um livro – a ação editorial, parece-me, vinha se restringindo ao ótimo anuário homônimo do automobilismo. Cada exemplar vai custar trinta reais, vou atualizar esse post com os contatos para que você possa comprá-lo tão logo o França mos envie.

O livro de França nada mais é que uma versão penteada da tese que defendeu no mestrado em Jornalismo na USP, onde também se formou algumas eras atrás. “De novo, para quem é do meio automobilístico, o livro não vai trazer nada. Mas quem é de fora desse nosso meio vai dizer ‘putz!, não tinha parado pra pensar nisso’, é esse o público-alvo”, diz França. “Ayrton era um cara superfocado para a mídia, ele sabia se posicionar, pensar nas palavras que iria dizer. Ele foi o cara que inventou o media trainning”, discorre o escriba.

Rodrigo falou-me na sala de imprensa de Interlagos, onde encontramo-nos durante a etapa final do Porsche GT3 Cup Challenge – ele presta assessoria ao bicampeão Miguel Paludo –, de seus objetivos quando começou a tramar a publicação. “Quando pensei nesse livro, pensei no cara que era fã do Senna e deixou de ver a Fórmula 1, para que pudesse entender o que houve com a mídia esportiva, e também pensei no estudante de jornalismo. O esporte é a única editoria que, se houver um ídolo, cobre a modalidade; se não, não cobra. Basta ver o que houve com o tênis na época do Guga. Mas com a F1 é diferente, a categoria se solidificou, existe um público fanático por corridas”, frisa.

França, no livro, também aborda a forma como a mídia massacrou Rubens Barrichello depois da morte de Ayrton. “A imprensa estava mal acostumada, vinha de três campeões mundiais, quando Senna morreu ele estava uma equipe pequena, o carro quebrava, ele não chegava em primeiro, mas o grande público não entendia isso”, resume.

Não li o livro do França ainda. Imagino ter boa qualidade. Numa dessas, pode estar surgindo aí para o corintiano amigo uma nova carreira. Porque como garoto-propaganda de peças visuais, vê-se acima, é uma lástima.

ATUALIZANDO EM 12 DE DEZEMBRO, ÀS 19h56:
Via Twitter, França avisa que o lançamento do livro ficou para segunda-feira que vem, dia 20, no Garage Burger, o boteco do qual é sócio e que, dizem, faz um sanduba de primeira. Deve ter adiado para garantir que eu não desse as caras na efeméride, já que fico por aqui até a quinta...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O novo autódromo de Cascavel

LEIA TAMBÉM:
Cascavel e o GT

Manhãs de setembro


Nossa nova cara

(Vídeos) Uma cidade, uma paixão





Foto aérea do autódromo de Cascavel, que integra uma área de 39,6 alqueires. Metade dessa área, aproximadamente, permanece intacta sob proteção de leis ambientais.








Simulação feita pelos engenheiros da Prefeitura de Cascavel do autódromo depois da reforma pretendida: boxes mudam de lugar e local ganha arquibancadas fixas





No início da semana, o prefeito Edgar Bueno apresentou a um grupo seleto em Cascavel o esboço do que deve vir a ser a completa revitalização do Autódromo Internacional de Cascavel. Isso porque, enfim, o Município pode meter o bedelho na questão do autódromo, graças ao acordo costurado à custa de paciência, planejamento e jogo-de-cintura por Miguel Beux, cujos méritos, incontáveis, vou tentar explicar em outra ocasião.

Fato é que o tal acordo delega o autódromo à alçada do Município, a partir de compromissos que serão oficializados acerca das intenções para o local. Aos acionistas do autódromo ficará como herança a parte frontal da área, dividida em 35 terrenos cuja venda poderá render, segundo estimativas, quase nove milhões de reais. O triplo do que se chegou a cogitar como preço para todo o complexo esportivo, que tinha – ainda tem – 39,6 alqueires.

Os moldes da parceria firmada com a Autódromo de Cascavel Empreendimentos Esportivos S/A, consórcio que une os donos da área, permite ao Município gerir o autódromo sem nenhum ressarcimento. “O Município não irá tirar nenhum recurso do seu caixa”, assegurou Bueno ao BLuc. “Depois da autorização da S/A, hoje assinada em assembleia e registrada em ata, não há nenhuma possibilidade de reversão”, avalizou. Bueno, em 2004, empreendeu uma tentativa de desapropriação do autódromo, que acabou invalidada em disputa judicial liderada, pelo lado dos donos da área, pelo então presidente da S/A, João Destro.

Edgar Bueno pretende envolver Município e Estado numa parceria para viabilizar a reestruturação do local. “Já marquei uma audiência com o governador eleito, Beto Richa, para janeiro, na qual estaremos discutindo a parceria”, antecipou, revelando que ainda não há nenhuma intenção de parceria por parte de qualquer organização. “As possibilidades de parceria estão abertas”, abriu o prefeito, admitindo a hipótese do Município bancar toda a reforma a título de investimento. “Dependendo das necessidades, sim. Mas a prioridade é buscar recursos de parceiros comerciais e governamentais”, ressalvou.

Há uma lista de procedimentos a respeitar na sequência do processo. “O projeto deverá passar antes pelo Legislativo, e depois vamos fazer um planejamento para isso”, explicou Bueno, que admite não haver, ainda, um levantamento de quanto vão custar, ao fim das contas, as reformas e melhorias de que o autódromo precisa para receber os principais eventos do automobilismo brasileiro. O que existe, por enquanto, é um projeto que prevê mudança do local dos boxes – os atuais, paralelos à reta dos boxes, serão destruídos; os novos serão erguidos acompanhando a reta posterior à curva Um, que leva à descida da curva do Bacião.

Quanto aos boxes, inclusive, surge uma leve controvérsia se confrontadas a perspectiva reproduzida aí acima e a planta aí do lado.

A primeira revela a saída dos boxes ainda antes da curva do Bacião; a segunda prevê que a pista de saída de boxes acompanha o Bacião para desembocar no traçado já na terceira reta, que leva ao Mergulho – algo como a saída de boxes aqui de Interlagos, que acompanha a curva do Berger, logo depois do S do Senna.

A segunda opção, tendo-se em vista os praxes voltados à segurança, parece-me mais séria candidata ao aval de quem terá algum pitaco a dar. Foi só um devaneio, voltemos ao tema.

Edgar evita estipular prazos. “Temos pressa. Vai depender do interesse das grandes categorias nacionais para apressar ou não as obras”, limitou-se a dizer, satisfeito com o que considera um ato de respeito de todos os envolvidos ao rico contexto histórico em questão: “Estamos resgatando a história do automobilismo de Cascavel”, disse.

Tomara, prefeito. Ah, claro, e a cidade agradece.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Meu menino, bêbado e louco...



Se não comentei por aqui, foi por puro deslize. O clipe que você acabou de ver - se não viu, ainda, clique no "play" para assistir, depois continue lendo - tem em cena meus amigos Lincon & Luan, com a música de trabalho "Bêbado e louco". Foi feito, pelo que comentou Luan, para divulgação na internet. Acessando os links que o YouTube sugere como afins, há um arquivo do making-off, a que na verdade ainda não assisti.

O CD de Lincon & Luan está entre os que não saem do porta-luvas do carro. Juli e eu escutamos bastante, sobretudo quando caímos na estrada para algum dos vários rumos que tomamos a cada tantos dias.

Acho, aliás, que estamos ouvindo muito as músicas da dupla, que é lá de Cascavel, nossa terra, e há quase três anos está levando a vida aqui em São Paulo. Uma das provas disso é esse flagra aí de baixo. Luc Jr., do alto de seus quatro anos,
têm "Bêbado e louco" na ponta da língua. Inclusive os versos que são falados, e que por infeliz coincidência não quis incluir na interpretação que tentei filmar com um celular terça à noite, dentro do carro, enquanto íamos para o Pantanero Bar. Juninho foi junto, inclusive, para ver papai e mamãe cantando na "Noite do Artista".



A imagem, por conta dos sofríveis recursos do meu aparelho e pela óbvia falta de luz, é indefinível; o áudio, para Juli e eu, não tem preço, só valor.

E Lincon & Luan que se cuidem. Meu moleque, fica mais que provado, está no caminho certo.

Uma parte da minha história

Sou avesso a baladas, música eletrônica e maioria das coisas que seduzem a molecada de hoje. Até porque deixei ser moleque há um bom tempo – considerando, claro, o mero critério etário. Mas sou bem afeito a, como dizem, uma boa botecada, uma boa música sertaneja, se possível ao vivo, cervejinha gelada e amigos com quem rir.

É uma história toda particular, essa minha com os botecos, que tem exatos vinte anos. Vinte anos, seis meses e 28 dias, para ser mais preciso. É fácil ter a data em mente, uma vez que fui apresentado à noite, em seu sentido mais arriscado, na noite em que completei 13 anos. Foi mera coincidência, a data.

À época, eu mantinha uma dupla musical com um colega do colégio, Reginaldo D’Agostini, hoje roqueiro. Cantávamos música sertaneja quando havia alguma atividade extra no colégio. Um dia vi no jornal um anúncio de que haveria um festival de música em um bar, Kantu’s Bar era o nome do lugar. Reginaldo e eu pedimos autorização a nossos pais para participarmos e lá fomos.

Era ambiente novo para nós dois, claro, o de uma casa noturna. E lá, no Kantu’s, havia uma dupla que fazia shows dançantes todas as noites, Valdir & Valdecir. Que, tempo depois, tornaram-se Valdy & Valdecy, capricho do produtor que assinou o primeiro dos três discos que gravaram. Discos, mesmo, vinilzão, conquista heroica para a época em se tratando de uma dupla que, embora boa, estava escondida no interior do Paraná.

Aquele festival de música reuniu muita gente boa. Cantamos “Pense em mim”, Reginaldo e eu, um sucesso na época. Não conseguimos vaga na final, mas fiz questão de voltar ao Kantu’s no dia – ou na noite – seguinte para acompanhar a etapa decisiva que deu o primeiro lugar a Osmar Júnior, um cidadão de Céu Azul que, parece-me, cantou “Os filhos do Brasil”.

Cativou-me aquele ambiente, tanto que convenci meu pai, já contei isso aqui em outra ocasião, a obter junto ao Juizado de Menores uma autorização especial para que eu, disfarçado sobre as pretensas intenções de seguir carreira como músico, pudesse frequentar as casas noturnas apesar da pouca idade. E vivia com aquele papel no bolso, e sempre ouvindo Valdy & Valdecy durante noites inteiras no Kantu’s Bar, sempre acompanhados pelo baterista Nelsinho e pelo baixista Justamar, que preferia ser chamado Jodimar.

Depois, nobres descobertas, a de que outras casas também tinham música ao vivo, como o Rancho Fundo, com a dupla residente Marcelo & Fofão, ou o Dom Giovanni, com Léo Júnior e os irmãos Toninho, João e Agenor, ou a Estalagem Choperia, do saudoso Serafim Barreiros, sempre com atrações diferentes – lugar onde eu invariavelmente arriscava umas palinhas –, ou o Mister Wells, com Hadir & Leony, ou o Espantalho Frango’s, que depois virou Mr. Lucky. Nenhum desses lugares existe mais, evidência clara de que, como disse há pouco, o tempo passou rápido demais para mim.

Sempre tive um olhar de fanático respeito pelo trabalho de Valdy & Valdecy, com quem o tempo se encarregou de dissipar contato. Tinha decoradas todas as músicas de seus discos, as do primeiro, de 1990, ainda estão todas na ponta da língua. Valdy, ou Valdir, veio cá para São Paulo trabalhar com algo relacionado a tecnologias de comunicação; Valdecy, restabelecido como Valdecir, ficou em Cascavel e começou a investir dedicação e os recursos que tinha na carreira dos filhos, Everton e Alex, ainda bem novos. E quando os garotos começaram a tocar nas noites e dias foi que revi Valdecir, anos depois, sempre sujeito de bom papo, deixando transparecer nos olhos o sonho que aproximava-se da realidade a cada vez que seus meninos subiam ao palco. São muito bons, Everton & Alex, que mantiveram seus verdadeiros nomes para a marca da dupla, e já gravaram CDs (quatro, se não me engano), e hoje são amigos da gente.

É uma vida divertida, essa de quem lida com música. Como é meu caso, já que hoje, há algum tempo, também tenho minha dupla sertaneja, Luc & Juli, eu e minha esposa, e vez ou outra apresentamo-nos em festas, ou bares, ou casas de show, ou qualquer lugar onde nos chamam dispostos a ouvir nossos acordes. Mas é também uma vida que faz revezarem-se a diversão e a tristeza. Como a de hoje.

Cá em São Paulo, recebo uma mensagem de texto no celular. Morreu Valdecir Durante. Que há tempos vinha lidando com sérias complicações hepáticas, falou-me sobre isso na última vez que nos vimos - foi nos corredores da CATVE, quando Everton & Alex apresentaram-se no programa sobre esportes do Jorge Guirado, foi o dia da foto aí de cima. Tinha boas perspectivas de recuperação e bons contatos costurados para agilizar o complicado tratamento, que dependeria de procedimentos em Curitiba.

Um baque, a notícia de hoje. Morreu Valdecy, dono de uma primeira voz que ainda não vi igual – e sempre disse isso, não é chavão pela triste ocasião. E com ele, de certo modo, vai-se uma parte da minha história.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Felipe, a cobra que Roberval criou

Amanhã chega ao fim a 15ª temporada da Fórmula Truck. A décima etapa, em Brasília, pode dar a Felipe Giaffone seu terceiro título na categoria. Que configuraria uma marca mais do que expressiva, considerando-se que a temporada de 2010 é a quarta que o ex-piloto de Fórmula Indy disputa por completo na série brasileira dos caminhões.

Giaffone chegou à Truck em 2005, com a temporada já em andamento. Estreou a convite de Roberval Andrade, pilotando um Scania da equipe de Roberval. O caminhão era obsoleto tecnicamente para os padrões de então, mas bastante propício para a fase de adaptação a que o experiente novato (entenderam a colocação?) se propunha.

E foi pilotando aquele caminhão que Felipe ficou a poucos metros de vencer pela primeira vez logo em sua primeira meia temporada na Truck. Em Curitiba, liderava sua quarta participação na Truck. Na volta final, uma poça de óleo na saída da curva do Pinheirinho o fez perder aderência e tempo. E a vitória, que caiu no colo de Luís Zappelini, com um caminhão Volkswagen.

Felipe voltou aos EUA em 2006 para tentar a vida no automobilismo de lá, mas estava predestinado a dar sequência vitoriosa à não menos vitoriosa carreira correndo de caminhões no Brasil. Assinou com a equipe da Volkswagen, chefiada por Renato Martins, e efetivou-se como um dos principais nomes da Truck.

Em 2007, Felipe e Roberval chegaram a Interlagos como únicos candidatos ao título. Felipe, com quatro vitórias, tinha 142 pontos. Roberval, com uma vitória e 125 pontos, começou bem o fim de semana, conquistando a pole-position e liderando a corrida até a intervenção bonificada do Pace Truck. Mas abandonou a prova e viu o amigo, agora rival, festejando seu primeiro título na categoria.

A temporada de 2008 marcou a redenção de Wellington Cirino, que chegou ao tetracampeonato três anos depois do acidente que quase lhe encerrou a carreira. Geraldo Piquet, parceiro do paranaense na equipe da Mercedes-Benz, era o líder antes da etapa final e tinha a torcida a seu favor, mas terminou a corrida em sexto e viu o vizinho de box vencer para confirmar o título. Roberval e Felipe foram terceiro e quarto na classificação final do campeonato, nesta ordem.

Felipe Giaffone e Roberval Andrade voltariam a ter um duelo direto na última corrida de 2009, sempre com os campeonatos sendo decididos em Brasília. Neste caso, a disputa tinha mais um nome, o de Valmir Benavides, que defendia a liderança e o título. Para o líder, as esperanças acabaram com o abandono ainda na fase inicial da etapa. Roberval fez uma corrida épica, largando em 18º e vencendo mesmo depois de perder quase uma volta nos boxes com um problema na caixa de direção. Ainda assim, o título foi mais uma vez de Felipe, que cruzou a linha de chegada em quarto lugar.

No passado recente da categoria, Roberval Andrade perdeu dois campeonatos para Felipe Giaffone. Apesar das quatro vitórias que já conquistou em 2010 e do domínio que tem imposto às últimas etapas - em Brasília, na etapa deste fim de semana, foi o mais rápido em todos os treinos livres e classificatórios e vai largar da pole -, sabe que sua eventual vitória não será suficiente se Felipe, que tem a matemática a seu favor, terminar a prova entre os quatro primeiros colocados.

É difícil dizer que Roberval insistiria a Felipe para que tomasse parte da Fórmula Truck cinco anos atrás se soubesse no que estava se metendo. De um modo ou outro, em termos truckísticos, criou a cobra para que o picasse, como definiria um falecido padrinho meu.

Eu de novo, na última do TNT Superbike

Quem jogou o link na mão, mastigadinho, foi o Maycon Hoffmann, pelo Twitter - lá, ele despacha como @Mayconfox. É a última etapa do TNT Superbike, que abriu domingo passado em Interlagos a programação da etapa brasileira do GT1 World Championship.

Como sempre, narrei a corrida para o site da categoria e para o público de Interlagos. Em resumo, Maycon Zandavalli liderou a corrida quase inteira, Bruno Corano ficou com a vitória - ele também é, cheio de méritos, o organizador do campeonato - e Murilo Colatrelli, com o quinto lugar, comemorou o título.

Quem pingou os vídeos no YouTube foi, de novo, o tal Sonny Braz. Tenho de conhecê-lo, aliás. Em dois tempos, vai aí a prova, para quem não viu ou para quem quer ver de novo.