Por e-mail, recebo release de uma associação gaúcha de atividade automobilística. O texto comemora o início de obras no autódromo de Guaporé. Transformação de boxes, recapeamento do traçado de 3.080 metros e melhorias nas áreas de escape. O trabalho todo vai consumir um milhão e meio de reais. A verba é federal, sua liberação pelo Ministério do Turismo foi fruto de gestões feitas pela comunidade organizada da cidade da Serra Gaúcha.
Estive quatro vezes em Guaporé. Em 2004 e 2005, narrei lá as corridas da Pick-up Racing. Nos mesmos anos, acompanhei como assessor de imprensa dos pilotos da Scania as etapas guaporeenses da Fórmula Truck. Traçado é uma delícia, experimentei-o duas ou três vezes com um carro de rua de câmbio automático e sem passar de 100 km/h, limite que me foi recomendado por alguém de lá que me permitiu as parcas voltas.
Uma restruturação eficiente, se confirmada – e isso é consideração minha –, poderá ressuscitar para o automobilismo brasileiro a pequena e agradável Guaporé. Uma cidade de pouco mais de 20 mil gentis moradores. Reza a lenda automobilística que há apenas dois hotéis em Guaporé, o Topo Giggio e o Las Carreras. Coincidência ou não, os dois onde fiquei. Deve haver mais, imagino, além ainda do seminário que sempre serviu como alojamento para os visitantes decorrentes das corridas. Há aeroporto, com pista de pouso de grama. Já desci lá uma vez, sob chuva forte, deu medo.
Cá pelas bandas de Cascavel também jaz um autódromo, que acolheu bons momentos entre as décadas de 70 e 90. O único patrimônio do autódromo, aliás, é seu rico passado. E, por aqui, o comparativo com Guaporé tem sido inevitável. Já na casa dos 300 mil habitantes, a cidade tem aeroporto – não é lá grande coisa, mas existe, e percebe-se em época de campanha eleitoral um esforço mais contundente pelas obras de readequação –, tem uma ampla e bem qualificada rede hoteleira, tem tudo que se pode esperar de uma cidade que recebe corridas de carros. E tem, repito, uma pista de corridas, carente de uma remodelação, ou de obras de infra-estrutura.
É aí que mora o perigo. Nos últimos anos, o autódromo de Cascavel tem sido um palco mais propício para debates que para corridas. Até há boa vontade por parte do Município em investir no autódromo, que para isso teria de não mais pertencer à iniciativa privada. Uma novela de décadas, já.
Enquanto isso, novos autódromos vão pipocando por várias partes do Brasil. Até mesmo pistas de rua, em que os carros são submetidos a desfiles e não a corridas, ganham força. E pistas como a de Cascavel, de Goiânia, de Caruaru, de Tarumã, vão ficando para trás.
Ponto para Guaporé, que conseguiu encontrar a luz no fim do túnel, e não me refiro ao túnel que passa por baixo da pista na entrada do miolo. Há até data para reinauguração do Autódromo Internacional Nelson Luiz Barro, com o máximo possível da melhoria que o automobilismo espera. O início da nova fase vai, inclusive, priorizar as raízes do esporte regional - a primeira corrida na nova pista, dia 22 de agosto, será uma etapa do bom Campeonato Gaúcho de Marcas & Pilotos.
2 comentários:
Muito legal a noticia da restauração de guaporé.
Deviam fazer isso com todos os autodromos do pais (goiania, caruaru, londrina, jacarepagua, taruma...)
Nao acho certo um país com tantos autodromos com belos traçados, fazer corridas em circuitos de rua em que nao tem nem como fazer competição de time trial...
Luciano
Londrina também começou a reforma. Asfaltaram na área atras dos boxes e asfaltando as áreas de escape e dando uma melhorando os asfalto da gincanee e mais alguns detalhes
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