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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Renan rumo à Indy

CASCAVEL - Por e-mail, chega o comunicado de que o imberbe Renan Guerra, já do alto de seus 23 anos - há quem diga que sejam só 16 -, vai participar a partir de segunda-feira de um programa automobilístico nos Estados Unidos.

Renan será um dos pilotos da Juncos Racing nos testes com um carro da Star Mazda, tida como uma das categorias de formação para pilotos que almejam a Indy, no circuito misto de Indianápolis. O programa é o "Road do Indy", que contempla jovens promessas de vários países e também leva à pista carros das categorias USF 2000 e Indy Lights.

Além dos treinos do programa, Renan cumprirá testes com a Juncos visando participação na temporada de 2013 da Star Mazda, sempre mantendo a meta de chegar à Indy dentro de poucos anos. Seu mentor no automobilismo norte-americano é Helio Castroneves.

Renan Guerra disputa atualmente o Campeonato Brasileiro de Gran Turismo, pilotando um dos Mercedes-Benz SLS AMG da BVA Racing Team em dupla com Vanuê Faria. Eles venceram a última corrida, mês passado em Guaporé, e ocupam o terceiro lugar na tabela de pontos.

sábado, 1 de setembro de 2012

Baltimore, essa pista problemática


GUAPORÉ - É, voltamos. Um dia voltaríamos, afinal.

O vídeo aí de cima, indicado pelo nanocausídico Paulo Tohmé, já deve ter sido visto por todo mundo. Treino da Indy em Baltimore, ontem, quase uma plataforma de lançamento de Dallaras.

Mas não é de hoje que a pista de Baltimore causa algum tipo de desconforto. (Desconforto é um eufemismo ótimo. Quando os comandantes de aviação resolvem se meter em meio a tempestades com teco-tecos e abalam as estruturas, os comissários de voo fazem menção a "ligeiro desconforto". É como eles tratam aquele puta cagaço que a gente passa.) Ano passado, por exemplo, a American Le Mans Series enfrentou um perrengue diferente por lá. Falei do assunto aqui no blog naquele dia.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

13 anos do "perde, sim!"

GUARULHOS - Aí que está todo mundo no Twitter comentando a mesma coisa, então vai um registrinho insignificante aqui: faz 13 anos, hoje, que o Tony Kanaan ganhou a primeira corrida dele na Indy, em Michigan. Eis a última volta daquelas 500 Milhas:


Para o público brasileiro, foi a corrida do clássico "não perde mais... Perde!, perde, sim!" com que o Téo José se viu às voltas na narração para o SBT, com o Max Papis, líder até então, ficando sem combustível nos últimos metros. Dá para conferir aqui aquela inesquecível narração do Téo.

domingo, 15 de abril de 2012

Crash!


SÃO PAULO - Vi alguns pedaços da corrida da Indy, tinha de correr para embarcar de volta pra casa. Escutei na Band News, ainda no carro, que Helio Castroneves e Rubens Barrichello se meteram numa confusão atípica nos instantes finais da etapa de agora há pouco da Indy, em Long Beach.

O vídeo do, hã, incidente está aí. Foi o Jorge Pezzolo quem compartilhou com a geral, lá no Twitter.

Que coisa, não?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A epopeia de Rubens

Aí que o Rubens Barrichello convocou uma entrevista coletiva para o fim da manhã de quinta-feira, em São Paulo. Não vou conseguir acompanhar, mesmo com as facilidades da nossa época, vou estar a caminho de Foz do Iguaçu pra de lá começar a minha jornada de corridas da nova temporada.

Todos sabem, é o que concluo, o que será anunciado na coletiva: seu acordo com a KV Racing Technology para disputar a temporada da Fórmula Indy, que começa daqui a quase quatro semanas na Flórida. Desde que foi surpreendido com a perda da vaga na Fórmula 1, há 43 dias, Rubens tratou de respirar fundo e aproveitar o que lhe surgisse à frente. A oportunidade de testes em Sebring e Sonoma com o novo carro da Indy foi costurada por seu amigo-de-fé-irmão-camarada Tony Kanaan, a história já foi contada, recontada e requentada um zilhão de vezes. Não sei se há mais testes agendados.

Rubens vai anunciar que corre o campeonato todo pela KV, é o que se sabe. Dá pra confiar? Apesar da certeza absoluta que qualquer cone de pista tem a respeito, tenho lá as minhas ressalvas. Beirando os 40, com a vida ganha, a família e a fama pra curtir, em que pese sua inegável paixão pelo automobilismo, não descarto que nosso ilustre corintiano tenha reservado uma surpresa para abrir – ou acabar com – o apetite de todos momentos antes do almoço de quinta. Caraminholas da minha cabeça, que fico alimentando por minha conta e risco com base em detalhes que só devem chamar a minha atenção e de mais ninguém.

Costumo ser sempre contra a corrente em vigor e, diante disso, arrisco meu pitaco pra não dividir o prêmio do bolão com mais ninguém: na coletiva de daqui a 50 horas, Rubens vai descrever a experiência que teve em seus testes com o carro do Tony, definindo-a como um dos momentos mais divertidos de sua carreira, frisar o clima bonachão da categoria, a receptividade de Jimmy Vasser e seus asseclas, falar das boas impressões que teve do carro, e que o mundo da Indy é bem diferente do da Fórmula 1, sem recitar méritos ou deméritos.

Mais, vai revelar que tinha, sim, um contrato em mãos pronto para ser assinado, reiterar que está à disposição da equipe para alguma eventualidade do futuro – tendência total à SP Indy 300, no fim de abril –, deixar no ar a possibilidade de correr as 500 Milhas de Indianápolis pela primeira vez e confirmar que não, não vai participar do campeonato. Foi bom enquanto durou, e tudo mais, mas fica pra próxima.

Às vezes acerto alguns palpites. Esse é um, sujeito aos teoremas do copo meio vazio e meio cheio. Anotem-no, pois.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Quem esse cara pensa que é?

Quem esse cara pensa que é?

Foi essa, repleta de indignação, minha primeira reação quando desliguei o telefone durante um horário de almoço em 1998. A ligação, com uns 15 ou 20 minutos de duração, talvez mais, consumava uma entrevista com Rubens Barrichello para o meu jornal, deu página inteira numa edição de domingo.

Tenho o hábito besta, alguém já me alertou que é bem besta, de fazer distinção entre o Rubinho da Jordan e o Rubens de a partir de quando estava na Stewart, mais ou menos a época daquela entrevista, e sobretudo da fase da Ferrari até a de agora.

A entrevista. Em resposta a dada pergunta, algo sobre críticas ou rejeição, ou qualquer coisa nessa linha, Rubinho havia acabado de me dizer que quem não gostava de vê-lo correndo deveria trocar de canal na hora das corridas. Logo a mim, que assistia às corridas torcendo por Hill contra Schumacher em 95, por Villeneuve contra Hill em 96, por Schumacher contra Villeneuve em 97, por Schumacher contra Hakkinen em 98. Vê-se que já naqueles tempos eu era um pé-frio dos diabos.

Quem esse cara pensa que é?

Nunca fui exatamente um torcedor fervoroso de Rubens. Ou de Rubinho. A temporada de 1998 era a minha sexta como profissional no automobilismo, embora até então jamais tivesse pisado num autódromo fora do Paraná ou visto um carro de Fórmula 1, exceção feita à Williams do Piquet na reinauguração do autódromo de Curitiba, dois anos antes.

Não que até aquela altura ele, Rubinho, não houvesse proporcionado momentos que eu relacionaria com facilidade entre os que aplaudi. O trabalho na F-3 inglesa e na F-3000 internacional, que acompanhava em VTs pelo “Esporte Espetacular”, a pole em Spa/94, a grande atuação em Donington/93, numa manhã em que eu e dois amigos nos enfiamos num fim de mundo onde sinal de TV era milagre e, entre churrasquinhos e cervejas, cantávamos “ê, ô, ê, ô, o Rubinho é um terror” que nem uns doidos, e quando o carro quebrou mudamos a cantoria, sem qualquer preocupação poética ou com rimas, para “ê, ô, ê, ô, o Rubinho se fodeu”.

Aquele domingo de 93 trouxe, talvez, o momento em que mais torci por uma vitória de Rubens em seus trezentos e não sei quantos GPs. Chegamos, meus amigos e eu, e até hoje não lembro por que fomos parar numa garagem quase fora da cidade pra ver a corrida, a torcer por uma dobradinha brasileira com ele à frente de Senna, que era o ídolo da época, o nosso ídolo. Quebrou, paciência, ainda havia carne e cerveja, era isso que mais nos importava.

O que foi a carreira de Rubens de 93 até agora todo mundo sabe. E quem não sabe é porque não está nem aí para isso. A mim, pouco importava o que ele conseguisse ou deixasse de conseguir. Até aquela entrevista em 98, que valeu a Rubens Barrichello, de minha parte, uma frenética torcida contrária.

Quem esse cara pensa que é?

É uma pergunta que talvez nem o próprio Rubens pudesse responder, nem em 93, nem em 98. Nem em 2000, quando já não era mais Rubinho e teve um domingo inspirado e deu aquele show na corrida maluca de Hockenheim. Show com xis maiúsculo, diria um ex-colega de faculdade. Quem esse cara pensa que é?, foi o que pensei, enquanto a Ferrari atropelava o que lhe surgia à frente. Devo ter pensado isso. Pensei mais algumas coisas, que publiquei aqui.

E seguiram-se anos de altos e baixos, e todo mundo sabe como terminou a história de Rubens na F-1, pelo menos a fase dos primeiros 19 anos, já que ele admite voltar. Não volta. Semana retrasada, foi dormir com a certeza do emprego mantido, “dentraço” da equipe, para aplicar um termo que é dele próprio. Acordou com um telefonema do patrão, ex-patrão, “sinto muito, vamos renovar”.

Dentraço da equipe? Certeza? Mas, afinal, quem esse cara pensa que é?

Escrevi algumas linhas sobre Rubens dias depois do telefonema internacional que o pegou de surpresa – sim, posso afirmar: pegou-o de surpresa. Não as publiquei. Não me acho tão importante assim para opinar sobre tudo, como diria a Alessandra Alves. Lembro que escrevi sobre ter narrado a volta final de sua última vitória na F-1, uma TV na sala de imprensa mostrava o GP em Monza e eu me diverti, sem qualquer compromisso com isso, repassando aquele momento para o público que já acompanhava em Interlagos uma etapa do Itaipava GT Brasil. Lembro também que terminei o texto de dias atrás elencando algumas coisas que haviam faltado a Rubens em sua passagem pela Fórmula 1, a vitória no GP do Brasil incluída, e observei que essa ainda poderia ser compensada numa participação pontual na etapa da Indy no Anhembi. Ainda não havia vazado para a imprensa, quando escrevi aquilo, que ele iria testar o carro do irmão-camarada Tony Kanaan. Testou hoje, dia de sorrisos e veladas trocas de gentilezas na Flórida.

Há duas semanas Rubens perdeu o emprego. Lamentou com discrição, saudou o substituto e se mandou com seus moleques para a Disney. Está com a vida ganha, afinal. E hoje, perto dos quarentinhas, foi se esbaldar num carro da Fórmula Indy, e por lá deve ficar por um bom tempo, e depois talvez vá disputar corridas de longa duração, ou Nascar, ou GT, ou Stock Car, ou Truck, ou qualquer outra coisa, ou pode ser que vá para casa cuidar dos cães e contar histórias aos netos, e de modo ou outro vai ser assunto entre os que orbitam o automobilismo.

E não vai ser surpresa para ninguém se, agora fora do ambiente carregado que a F-1 parece impor aos que a frequentam, assumir maior habilidade para medir as palavras e evitar desgastes. Como também não vai surpreender viv’alma se, em via inversa, soltar o verbo de vez, falar o que lhe der na telha, doendo em quem doer. A mim, parece já ter adotado esse novo, hã, way of life.

É aí que eu pergunto: quem esse cara pensa que é?

(Nota: como ainda não aprendi a indicar os créditos no cantinho de cada foto, cito por aqui: a primeira eu subtraí do site da Indy sem muito escrúpulo, já que não estava na área de material copyright free; a segunda foi postada no Twitter do próprio Kanaan; a última veio também do Twitter, foi postada pelo Anderson Marsili, que é assessor de imprensa dos dois)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Rubens, Tony, a Indy

O Rubens Barrichello postou a foto no Twitter (e depois "despostou"...), o Tony Kanaan também, metade do mundo que acompanha automobilismo retuitou e todos os blogueiros e saiteiros (!) reproduziram. Então, para variar um pouco, vou com a corrente em vigor.

A foto aí é de ontem, ou de anteontem, não importa, na sede da KV Racing Technology, equipe de Fórmula Indy onde já corre seu amigo-de-fé-irmão-camarada Tony Kanaan. Ele está no cockpit fazendo o molde para o banco do carro, já que vai testar um Indy na Flórida no começo da próxima semana. Aí todo mundo que não tem nada mais útil pra fazer da vida já está debatendo sobre o que esse teste representa ou deixa de representar, e de concreto mesmo sabe-se que é um teste e nada mais que um teste.

Claro que a coisa toda foi costurada pelo Tony, talvez como retribuição pela oportunidade que teve, seis anos atrás em Jerez de La Frontera, de testar um Fórmula 1 da Honda, que era a equipe de Rubens, foi o treino da foto aí de baixo, ação pela qual nutre especial gratidão ao parceiro. Tenho a impressão de que mais um conhecido meu participou da viabilização da experiência inédita do agora ex-piloto de F-1 na Indy, isso também não vem ao caso.

A propósito, escrevi algumas linhas sobre Rubens dias atrás, estão no computador lá de casa, e a notícia que vazou ontem, de seu teste na KV, torna-as um pouco mais inúteis do que seriam por natureza. Talvez eu as poste aqui quando lá chegar, à noite.

ATUALIZANDO EM 26 DE JANEIRO, ÀS 14h12:
Informa a Andrea "Deaindy" (alguém sabe o sobrenome dela?), também via Twitter, que a foto do Rubens é de duas semanas atrás. Em se tratando de Indy, se ela falou, eu não contesto.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Highlights


Esse é um dos acidentes mais impressionantes da história das 500 Milhas de Indianápolis. É da edição de 1981 e foi protagonizado por Danny Ongais. A imagem mostra seu corpo exposto fora do que sobrou do cockpit. A perna esquerda, cujas fraturas ficam evidentes na imagem, ficou cinco centímetros mais curta. Essa imagem aqui mostra seu acidente por outro ângulo.

Ongais sobreviveu e, mais que isso, voltou a pilotar no ano seguinte, na IMSA. Ganhou duas corridas e se afastou das pistas até 1987, quando, aos 45 anos, foi inscrito para mais uma participação na Indy 500, pela Penske. Um novo acidente, desta vez nos treinos, deixou-o em coma. Acabou substituído por Al Unser Sr., que venceu a prova pela quarta vez.

Ex-piloto de sucesso em provas de arrancadas com dragsters, Danny Ongais foi o primeiro havaiano a participar da Indy 500. Antes teve uma passagem pela Fórmula 1 no fim dos anos 70, alternando as equipes Penske, Ensign e Shadow, pela qual nunca conseguiu classificação para uma largada. Disputou seis GPs e se mandou para Indy. Em 1978 venceu cinco corridas, mas uma sucessão de quebras do carro o impediu de disputar o título.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O que se escreveu

Inevitável que a morte de Dan Wheldon rendesse considerações e análises por parte de todo mundo que fala e escreve sobre automobilismo. Todo mundo leu muito ontem e hoje sobre a fatalidade, tomo a liberdade de repicar aqui alguns links sobre o assunto.

Fatalidade, aliás, foi a definição do Téo José para o que aconteceu. Em seu blog no Yahoo!, ele lembra a desconfortável estatística de já ter narrado três mortes na categoria – não as cita, mas presumo que as outras duas tenham sido as de Jeff Krosnoff e Greg Moore. Téo, diga-se, esbanjou competência, presença de espírito e domínio do ofício quando, apesar da situação desconfortável, interveio ao vivo às 20h13 na Rede Bandeirantes, em meio ao VT da corrida, para anunciar a morte de Wheldon.

Rodrigo Mattar, escrevendo sobre o episódio no blogA mil por hora”, observou falhas estruturais do carro, que fazia sua despedida da categoria.

O desenvolvimento do carro que será utilizado a partir de 2012, aliás, vinha sendo conduzido por Wheldon, conforme observou Fábio Seixas em seu blog no UOL. Fábio incluiu o assunto em seu tradicional “Pilulas do dia seguinte”, supondo que o longo intervalo até a próxima corrida - a primeira do ano que vem - vai dificultar a assimilação do fato pelos demais pilotos, e dedicou à tragédia outra sessão frequente de seu espaço: a da foto que toda segunda-feira vale como destaque do fim de semana. É a que reproduzo aí acima, creditada pelo Fábio ao fotógrafo Robert Laberge, da Getty Images.

André Forastieri, da equipe do R7, deu destaque ao seu ponto de vista sobre o automobilismo, em que vê a morte como sentido. Outro que abordou o sentido das coisas ao comentar o acidente fatal foi o Flavio Gomes, ao escrever sobre mortes e corridas. Em seu espaço no iG, ele já havia observado que o que mais choca na morte de Wheldon é a possibilidade de ser vista.

Destacando a homenagem que a IndyCar prestou a Wheldon, Rafael Lopes, do "Voando baixo", reproduziu os vídeos de todo o trágido episódio no oval de Las Vegas.

Também do time do iG, Victor Martins, em seu blog Victal, manifesta uma experiência familiar com a morte e destoa dos demais jornalistas ao citar um episódio que viveu com Dan Wheldon quase cinco meses atrás em Indianápolis, que teve como saldo palavrões em português com que o piloto se divertia.

Na análise de Leonardo Felix, que abordou o assunto no blog do Tazio, a tragédia de ontem em Las Vegas ressalta a fragilização da Fórmula Indy. Já em seu blog no Total Race, Luís Fernando Ramos, o "Ico", conta ter encontrado numa letra de Neil Young ilações com o que aconteceu na pista.

ATUALIZANDO EM 17 DE OUTUBRO, ÀS 23h55:
Agora à noite, o Américo Teixeira Júnior também publicou as palavras dele sobre Wheldon. Tal qual havia feito o Victor Martins, Américo valeu-se de uma experiência vivida em Indianápolis para destacar suas impressões sobre o piloto. "O que dizer a Sebastian e Oliver?", perguntou o jornalista, citando os filhos de Dan e Susie, em seu Diário Motorsport.

ATUALIZANDO DE NOVO EM 18 DE OUTUBRO, ÀS 12h44:
Meu parceiro Luiz Alberto Pandini deu o ar da graça hoje, dois dias depois da tragédia, com uma abordagem totalmente diferente. Nada discorreu sobre o piloto, mas abordou um aspecto, digamos, curioso: o site da IndyCar deu fim a boa parte do material que havia postado sobre a corrida em Las Vegas. Vale conferir a análise lá no PandiniGP.

O último tweet

“Hoje cedo eu tuitei uma piada ao Dan e ele me respondeu. O último tweet dele. Estou arrasado, também. RIP ‘my man’”.

Foi isso o que Bobby Hillin, não faço a mínima ideia de quem seja ele, postou ontem à noite em sua conta no Twitter.

A brincadeira em questão foi uma sugestão de Bobby a Dan Wheldon para ganhar a etapa final da Indy em Las Vegas. Como piloto convidado e pela regra particular da corrida, Wheldon poderia, se vencesse, dividir com um fã da categoria um prêmio em dinheiro de cinco milhões de dólares.

“Hey, @danwheldon, pague 20 mil a cada piloto para ultrapassá-los, pague 40 mil pelo segundo lugar e 50 mil pelo primeiro lugar. Ainda vai sobrar dinheiro pra você e pra todo mundo”, foi a sugestão dada por Hillin.

“Esse não é o caminho para vencer, cara”, respondeu-lhe Wheldon, no Twitter. “Cara” é tradução livre que corre por minha conta. O que o piloto escreveu foi “my man”, uma dessas expressões do inglês às quais não cabem tradução.

O perfil de Dan Wheldon no Twitter, com quase 29.000 seguidores, teve sua última postagem feita por outra pessoa – talvez Susie, sua esposa. Foi “Green!!!!”, indicação do início da corrida que, poucos instantes depois, tiraria sua vida.

Wheldon e nós










Minha primeira resolução à notícia da morte de Dan Wheldon foi de um egoísmo ridículo e, mais que isso, insignificante. Não vou escrever uma linha a respeito, foi o que prometi, a mim mesmo, em silêncio.

Óbvio, estou quebrando minha promessa. É doloroso ver – apreciar poderia ser um termo mais cabível aos midiáticos tempos de hoje – a morte de alguém que viveu do e para o esporte que mais aprecio, o das corridas de carros. Isso leva a reflexões, sobre o esporte e sobre a vida, mas tudo isso passa, a vida continua e as corridas, também, já disse isso meses atrás quando morreu Gustavo Sondermann.

Causou comoção, causa, um episódio como o que vitimou Wheldon. Bem mais que a realidade cotidiana varrida para baixo do tapete, de que um sem-número de crianças morrem todo dia aqui mesmo, por estas bandas, vítimas da fome, de maus tratos, da inexistência de políticas que lhes pudessem prover condições melhores de saúde.

Morreu Wheldon, um sujeito que se deu bem no ofício que escolheu. Mais novo que eu, tinha 33, já estou na fase de tratar como meninos ou moleques quaisquer sujeitos que estejam abaixo dos meus 34. Fiquei triste, de verdade. Uma tristeza de origem quase virtual. Wheldon não foi meu amigo, não foi meu ídolo direto, nunca tirei uma foto com ele, contra ele cheguei a torcer quando ganhou a Indy 500 pela primeira vez, porque em segundo estava Vitor Meira, esse sim um sujeito próximo, com quem tenho, tinha, contato direto, e a quem não trato como moleque por ser 45 dias mais velho.

Meu sentimento ruim talvez possa ser traduzido no que observou pertinentemente o Bruno Mantovani. “A insegurança ou irresponsabilidade de colocar 34 carros naquela pista não é nada quando penso nessa foto”, escreveu o designer, numa postagem em sua conta no Twitter acompanhado da imagem aí ao lado.

Morreu Wheldon, marido de Susie, pai de dois bebês, um de dois anos e outro de poucos meses. “Pode parecer piegas, mas estou abraçado ao meu filho desde a hora que soube da morte dele”, contou, mais à noite, um amigo do mundo da internet, cujo rosto desconheço, com quem nunca dividi uma refeição ou um happy hour. O mundo anda muito artificial, a ponto de eu tratar como amigo alguém que nunca vi mais gordo.

Foi no mundo virtual que constatei, à noite, a chuva de manifestações de consternação. Grande parte de pessoas que Wheldon sequer sonhava que existem – isso é fruto do fascínio implícito no automobilismo, um fascínio que faz emergir a falsa impressão de que Wheldon, por pilotar carros de corrida, era dos meus, eu que eventualmente ponho a bunda em karts de aluguel e nada mais que isso.

Uma aproximação muito diferente da de gente como Kanaan, Franchitti, Meira, Dixon, Castroneves, Papis, gente que viveu e conviveu com Wheldon, que com ele se relacionou, riu, discutiu, comemorou.

A imagem do acidente, em que estiveram envolvidos 15 pilotos, impressiona. Choca. Entristece. Pelo homem que se foi, o rapaz que casualmente alcançou sucesso na profissão.

No momento da corrida eu estava na casa do Ronaldo, amigo de longa data. Que não tem perfil no Twitter, com quem converso na casa dele, na minha, à mesa do bar. Veria o VT da corrida momentos depois, a TV não a mostrou ao vivo, mas o enredo dramático me foi antecipado por mensagens de texto no celular. Por obra e graça do mundo virtual, as pessoas sabiam que eu não estava acompanhando a corrida.

Passamos, Ronaldo, eu e as esposas, a aguardar o VT da tragédia anunciada. “Ele era bonito”, foi a reação comum de Tati e Juli diante das imagens preparadas pela Rede Bandeirantes para ilustrar a cobertura do que havia acontecido.

É isso. Para elas, alheias ao mundo das corridas, a notícia da noite de domingo foi a de que morreu um rapaz bonito, Wheldon fazia de fato o tipo galã, tinha feição para isso. A mim, apesar de ter uma atenção especial ao ambiente das corridas, restou o já manifestado pesar pela partida do jovem, do pai de família, do bom profissional. Dan Wheldon e todos os que com ele dividiram espaços em pistas de corridas souberam, sempre, do risco que seu esporte oferece. Sobretudo os velocíssimos ovais da Fórmula Indy. Um risco só trazido aos debates quando acabam de fato custando a vida de um piloto ou de um espectador.

O automobilismo é perigoso e mata, desde sempre. Uma realidade amarga, à qual pilotos como os meninos que rompem os limites do bom senso em campeonatos como a Copa Montana, do Brasil, deveriam se fiar com maior assiduidade. Não adianta só chorar quando vai-se um piloto. Algumas mortes podem ser evitadas.