quarta-feira, 9 de junho de 2010

Máfia dos comissários? Eita.

As suspeitas de coisas erradas em tudo nessa vida, por vezes, costumam transcender os limites do imaginável.

Hoje pela manhã, por exemplo, acompanhei no Twitter uma sequência de comentários postados pelo colega paulistano Bruno Vicaria, que cobre as corridas de vários campeonatos de automobilismo pelo site Tazio.

As constatações a que alude em seus posts no microblog são da quinta etapa da Stock Car, que aconteceu no último fim de semana em uma pista de rua em Ribeirão Preto. Pista que, pela falta de condições técnicas para uma disputa automobilística, foi alvo de críticas por parte de pilotos, de jornalistas e de apreciadores da categoria.

Observador e “fução”, como todo repórter deve ser, Bruno, que é gente da melhor qualidade, apesar da questionável preferência futebolística – é palmeirense, o desgraçado –, deve ter seus motivos para expor o que pensa. Exposição feita em oito tópicos, que respeitam o limite de 140 caracteres do Twitter, como seguem:

Uma constatação do fim de semana: o Brasil está carente de comissários decentes. É sempre a mesma turma, a mesma máfia liderada pelo Valduga.

O comissário pode ser o melhor, mas, se não agrada o presidente do CTDN, não é selecionado. Temendo mais cortes, o comissário não reclama.

Além disso, o comissário pode ter tomado a atitude certa. Se a atitude não agrada o presidente do CTDN, o comissário é limado.

Ou seja: tem muita gente boa na geladeira; apenas os que colocam o rabo no meio das pernas seguem trabalhando. Por isso, todos os salseiros.

Obviamente, tudo o que eu disse não será confirmado por nenhum comissário. Por medo de retaliações. E assim o automobilismo brasileiro segue.

Uma pergunta: existe curso de formação de comissários? Ou só precisa ter o 2º grau? Sem gente idônea para julgar, não há esporte que viva.

Existem muitos comissários bons, mas infelizmente eles são obrigados às vezes a cumprir ordens que colocam suas próprias reputações em jogo.

Mas esse mal de ervas daninhas no esporte também é visto no futebol. E nada muda. Se ninguém levantar a bandeira, nada acontecerá. Uma pena.


Instantes depois, Américo Teixeira Júnior, também via Twitter, tomou a liberdade de fazer um aparte. Também integrante da minha lista de ótimos amigos e ótimos profissionais que não sabem torcer para um bom time - o dele é a Portuguesa -, o jornalista da cidade de Vinhedo atuou na Confederação Brasileira de Automobilismo por oito anos, de março de 2001 a março de 2009, como assessor de imprensa. Nesse período, o presidente da CBA foi o advogado Paulo Scaglione. Hoje, Américo edita o site Diário Motorsport e responde pelo trabalho de divulgação do piloto Helio Castroneves no Brasil.

O que Américo escreveu no Twitter:

@bruno_vicaria Permita-me dizer que Paulo Scaglione criou um centro para formação de comissários, CEOC, que não existe mais na atual gestão.

CEOC, que vinha a ser o Centro de Excelência para Oficiais de Competição, suas atividades tinham espaço reservado nas instalações do autódromo de Interlagos.

Para todas as observações feitas pelos colegas jornalistas, sobretudo as de Bruno, há contrapontos, contestações, vão dizer que cabe ao acusador o ônus da prova, essas coisas todas. Bruno, apesar de palmeirense, não é um bobo. Penso que se decidiu tornar público o que tinha consigo, cabe - ou deveria caber - a quem de direito investigar e punir.

Quanto a isso, confesso, não tenho dúvidas. Ou vão punir quem eventualmente fomente uma indústria corrupta de manipulação do trabalho dos profissionais, ou vão punir Bruno Vicaria por blasfêmia. Palpites?

4 comentários:

kakaambrosio disse...

Retaliar um jornalista por relatar constatações pode ser um verdadeiro tiro no pé. Não creio nessa corajem toda. De mais a mais, o Bruno certamente tem respaldo para lançar o desafio. O site tem prestígio e credibilidade, além de seus diretores serem jornalistas mais influentes ainda. Dez pro Bruno.

Pedro Jungbluth disse...

denuncias de jornalistas existem aos montes. Alias, em todas as confedereções o esquema é o mesmo: tem poderes de estatais, mas são particulares e só respondem aos seus próprios termos de uso, que incluem, claro, eleições para os presidentes feitas pelos seus próprios colegas. Dessa forma, só se elege quem é do grupinho.
O esporte nacional nunca vai sair da atual estagnação se não reformular por completo seu sistema de poder. As confedereções são agetes de sugar, lucrar, nunca de fomentar nenhum esporte. Nem no futebol funciona.

Erlon Radl disse...

Aqui no Sul houve um Curso de Formação de Oficiais de Competição no início do ano.
PArticipei e alguns amigos também, que inclusive já estão atuando nos regionais de terra ou asfalto.

Anônimo disse...

Eu "estou" Comissário Desportivo da CBA há muitos anos. Tenho carteira e camisa oficial.Mas esta tudo guardada no armário, pois quando tem corrida de Campeonato Brasileiro no meu estado, os comissários nomeados pela CBA são sempre de fora. Sómente uma vez me colocaram como comissário da CBA. Das outras vezes sempre fui nomeado pela Federação local.Então a "panela" existe, pois como comissário nomeado pela Federação voce tem concordar com os da CBA não pode ter opinião diferente. Este CEOC que o Américo escreveu no seu Twitter, pode ter existido, mas também numca fui convidado para um curso, pois deveria também ser da "panela".