Como já li hoje em algum lugar, vai chegando ao fim a pior campanha eleitoral da nossa história. Uma disputa polarizada desde seu início, não propriamente pelos candidatos trazidos ao segundo turno, mas entre duas correntes – uma que defende a permanência no poder do grupo que comanda a nau há oito anos, e outra que espera, a esperança é a última que morre, defenestrar a ala vermelha do Planalto.
Nunca antes na história desse país uma campanha eleitoral foi marcada por tanta baixaria. Ou, com mais certeza, nunca a baixaria de uma campanha foi tão explícita quanto nesse malfadado processo eleitoral de 2010. Uma peleia marcada pelo princípio de que “o eleitor já não é burro”, os meio-campistas que dão rumo às jogadas de Dilma Rousseff e José Serra partiram para o ataque. Sem propostas ou projetos consistentes a propor, os dois lados despenderam sua energia a vasculhar os podres do adversário. E podres, em se tratando de nossos finalistas, não faltam. A política brasileira, em si, é uma podridão. O Brasil é uma podridão.
Dilma será eleita presidente do Brasil, numa campanha coroada pelo trabalho petista de questionável suporte às classes mais baixas da tal pirâmide social. O governo petista mostrou-se craque em dar o peixe, mas deixou claro que dar o caniço e ensinar a pescar não estão entre seus fortes. Qualquer um que vote em Dilma há de discordar e expor argumentos, e é disso que deveria ser feita uma democracia, e exposição de argumentos, de posições, de ideais. A tão propalada democracia de ora consiste tão somente na obrigatoriedade do voto em processo eleitoral protagonizado por dois candidatos sofríveis. Bela merda.
No estágio que está, e isso não configura apenas um mérito do governo de Lula, mas de tudo que se fez e desfez ao longo das últimas décadas, podemos dizer que o Brasil pode trafegar sem problemas com piloto automático. O nome no crachá presidencial perde parte de sua relevância. De segunda-feira em diante vai todo mundo tocar a vida, seguir com o trabalho, com o lazer, com a paixão pelo futebol, com a cachaça do fim de tarde. E quem tem a disposição para correr atrás do ouro continuará correndo, driblando as adversidades que vierem. E a vida seguirá.
Não vou votar no segundo turno. Estou a léguas de casa, trabalhando com o que gosto, que são as corridas de carro. Como vou continuar de 2011 em diante, com Dilma ou José na cadeira estofada do Planalto. E no domingo à noite, quando chegar em casa, vou me reunir com amigos que votaram em Dilma e que votaram em José, e vamos beber cervejas, e comer petiscos, e cantar e tocar violão, e rir. Alguns de nós vão estar mais satisfeitos que os outros com o resultado da baixaria eleitoral. Mas nossa maior preocupação, a tal altura, vão ser os detalhes para a festa de segunda-feira. Um dia morto, por ser véspera de feriado.
É assim, no meu modesto âmbito, que o Brasil funciona. Nem precisaria de presidente.
2 comentários:
Concordo com o piloto automático, porque o Presidente passou boa parte do mandato viajando e o vice internado. Mesmo com um chimpanzé nada iria mudar.
coincidência ou não... os serristas têm o mesmo discurso para a derrota... e de modesto não tem nada.
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bon voyage...
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