terça-feira, 29 de setembro de 2009

Homenagem ao "eterno campeão"

E hoje leio nas páginas do "O Paraná", de onde inclusive pirateei a foto acima, que Luiz Fernando Pielak não é mais o campeão do Metropolitano de Marcas & Pilotos de Cascavel. O texto do colega Fábio Donegá informa que a vistoria dos carros depois da corrida, feita já na noite de domingo, levou à desclassificação de Pielak e também de Daniel Reisdorfer, ambos por um item que dispõe sobre os parachoques dos carros.

Com isso, Júnior Caús, terceiro na corrida, ficou com a vitória e, de quebra, com o título. Que, uma vez homologado, será o primeiro da Caús Motorsport na categoria. O terceiro lugar que foi convertido em vitória veio exatamente dois meses depois da morte de seu tio, o ex-piloto Saul Caús,

Na porta do carro de Júnior, conforme mostra a foto, a inscrição "Saul Caús, eterno campeã (que era "campeão", mas o adesivo da letra O foi arrancado inadvertidamente)". Posso imaginar a festa que Saul, sempre de bem com a vida, faria se estivesse por aqui. Já ouvi até que a conquista do título pelo sobrinho teve o dedo dele.

Quem é que pode garantir que não?... Meus cumprimentos ao Júnior, que batalhou ao lado do tio desde o surgimento da categoria, em 2001.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Metropolitano what?

O Metropolitano de Marcas & Pilotos de Cascavel terminou no último domingo.

Tal qual todas as séries do automobilismo brasileiro, de maior ou menor importância, chegou ao fim da temporada mostrando sinais de fadiga, realidade que hoje se atribui por convenção à crise – aliás, a crise já passou?

Sei que Luiz Fernando Pielak foi o campeão do grupo A. E que Gelson Veronese era, desde a etapa anterior, campeão do grupo N. Estava fora da cidade no domingo e não sei sequer quem ganhou as corridas.

Vá lá que os dirigentes do automobilismo cascavelense, que assumiram o leme do barco há pouco, ainda trabalham a seu modo para pôr a casa em ordem. Mas algumas coisas têm de ser observadas. O próprio site da categoria a esqueceu. Lá, estão em destaque releases sobre clientes da agência de assessoria de imprensa para a qual trabalho – obtive, no início do ano, a gentil permissão de incluí-los na seção de matérias, com emprego de login e senha. Não vi resultados na página, nem pontuação final.

A mídia esportiva de Cascavel também não confere ao Metropolitano de Marcas & Pilotos a atenção que merece por ser, dentre outras coisas, a competição que mantém alguma atividade no autódromo daqui. Na televisão, a última corrida com transmissão foi a terceira de 2006, numa iniciativa de Jorge Guirado na CATVE.

Encerrada mais uma temporada, a nona do Metropolitano, agora há tempo para as devidas reflexões. Miguel Beux, novo capitão do automobilismo cascavelense, terá coisa de quatro ou cinco meses para rever o que deu errado e tentar tacadas certeiras. Para bolar iniciativas capazes de trazer de volta à pista as dezenas de carros de corrida que estão encostados em oficinas e garagens de toda a cidade. Contabilizados os que compuseram o último grid do ano, devem ser mais de 70.

Faço meus votos para que o Metropolitano de 2010 – se acontecer – venha acompanhado de maior atenção nesse ponto. Categoria que não é vista não é lembrada.

(Em tempo: a foto que ilustra este post mostra uma largada do ano passado. Não sei onde conseguir uma de 2009.)

Cascavel e Londrina como únicas opções

Recebo do amigo Wagner Gonzalez, assessor de imprensa da CBA, release confirmando que a CBA definiu a data de 15 de novembro para realização do Campeonato Brasileiro de Marcas & Pilotos – informação já antecipada aqui, no último sábado.

No primeiro release distribuído a respeito da competição, no dia 11 de setembro, havia menção apenas ao campeonato “em novembro no Paraná”. O texto justificou como “preocupação maior da CBA em respeitar as limitações econômicas dos praticantes” a realização de “quatro provas no mesmo fim de semana e num autódromo relativamente equidistante das maiores praças da categoria”. O que levava a crer que a o Brasileiro aconteceria em Curitiba.

O texto recebido há poucos instantes – reproduzido na íntegra aqui, pelo site da competição regional de Cascavel – informa: “O local da prova será anunciado nos próximos dias e será definido em função de facilidades oferecidas pelos autódromos de Cascavel e Londrina”. Ou seja, conforme eu também já havia citado, Curitiba está fora. Ninguém por lá, de fato, quer fazer.

A prioridade dada pela CBA ao Paraná pode ser fruto do bom relacionamento mantido por Rubens Gatti, presidente da nossa federação, com Cleyton Pinteiro, que preside a CBA. Pelo argumento da equidistância, Londrina seria favorita em relação a Cascavel, que fica longe de tudo e de todos, mas também não chega a estar no caminho de ninguém que pudesse participar do campeonato, a não ser dos próprios pilotos de lá.

Curitiba, que tem um dos maiores contingentes de pilotos e carros de Marcas no Brasil, tirou o time. O Rio Grande do Sul, que também estoca bom número de competidores e equipamentos, não apareceu na história até aqui. E Nestor Valduga, presidente do CTDN da CBA, que me confirmou a espera de uma boa proposta por parte dos cascavelenses, já foi presidente da Federação Gaúcha. É dirigente influente pelas bandas de lá.

Faço questão de pagar a língua – ou, no caso de ora, os dedos. Mas a outorga da missão de se promover e organizar o Brasileiro de Marcas está cheirando a um cavalo de Troia.

F-3 ganha fôlego às barbas da F-1


Outra categoria que rema em sentido contrário à dura realidade é a Fórmula 3.

Em temporada de grid minguado e vivendo sérias dificuldades, a categoria tem sua única base na aposta feita pela 63 MKT, empresa de Dilson Motta, para seguir no calendário.

Mesmo diante de todas as dificuldades, a F-3 conseguiu voltar ao programa oficial do GP do Brasil de F-1. Fará a preliminar da corrida em Interlagos e terá, segundo se apura, um grid com no mínimo 20 carros.

Alguns deles, aos que consta, de equipes que virão de outros países.

Pode ser um indício de luz no fim do túnel para a categoria pela qual já passou tanta gente bacana.

Ainda o Brasileiro de Marcas


No fim de semana, lá de Jacarepaguá, escrevi por aqui sobre a possibilidade de Cascavel voltar a receber uma competição nacional de automobilismo – no caso, o Brasileiro de Marcas & Pilotos, que a CBA programou para 14 e 15 de novembro, ainda sem sede definida.

Cascavel, ou sua ala automobilística, está mobilizada para tal, levantando possibilidades técnicas e logísticas para fazer a “melhor proposta possível” recomendada por Nestor Valduga, presidente do CTDN da CBA.

Eu, sem qualquer envolvimento com a eventual parte promocional do Brasileiro caso aconteça em Cascavel, tratei de dar meus pitacos aqui e ali. O que percebi – tomara que esteja enganado – é que as equipes estão recuando diante do regulamento técnico, que está disponível no site da CBA. Há quem diga que o tal regulamento deixou o campeonato caro demais e passível de um volume preocupante de reclamações.

Não entendo bulhufas sobre parafusos, soldas e juntas que se aplicam na construção e na preparação de um carro de corridas. Pilotos e equipes entendem. Se eles entendem que o regulamento é inviável, temos um motivo para receios quanto ao sucesso da empreitada.

Ouvi que as equipes de São Paulo não vão participar do Brasileiro de Marcas & Pilotos. Um desfalque considerável, caso a desistência seja real.

Repito o que já disse, a categoria faz falta ao nosso automobilismo. Toninho de Souza tentou ressuscitá-lo entre 2004 e 2007, os resultados não foram os esperados. Agora, Cleyton Pinteiro e Valduga, os comandantes da CBA, trabalham para devolver a opção aos pilotos e equipes que estão fora do círculo da Stock Car e da GT3. É bom que estejam atentos, para tal, ao que têm a dizer as equipes.

Sem equipes, não há campeonato, o que a realidade de outras competições trata de provar. O intervalo mês e meio de prazo até a realização do Brasileiro de Marcas & Pilotos deverá ter bastante movimentação em torno disso.

Tomara que dê certo, sejam quais forem os promotores. Mas Cascavel, ávida por voltar a aparecer para o Brasil, pode estar entrando numa barca furada. Por todos os lados envolvidos, todo cuidado é pouco.

(Em tempo: a foto acima, produzida por Dudu Leal, mostra uma largada do Campeonato Gaúcho da categoria na pista de Tarumã e foi distribuída pela assessoria de imprensa da CBA no dia 11 de setembro, juntamente com o press-release que anunciou a disponibilidade do regulamento)

domingo, 27 de setembro de 2009

No Rio, torcida de verdade

(Atualizado na segunda-feira, 28 de setembro, às 11h54)

E a torcida marcou presença em Jacarepaguá hoje, nas provas do Itaipava GT Brasil. Não só o carioca deu as caras como participou da festa, que teve vitórias de José Vitte na Copa Renault Clio, de Chico Longo/Daniel Serra na GT3 Brasil e de André Posses no Trofeo Maserati.

Nada que se comparasse, em número, aos estimados 40.000 torcedores que assistiram no domingo passado à prova da Stock Car. Mas uma torcida numerosa e, melhor que isso, participativa.

Como reconhecimento à atuação pra lá de festiva da torcida, pilotos, integrantes das equipes, organizadores e todos os envolvidos com o trabalho interno foram para a pista após a programação para reverenciar a torcida – que, àquela altura, já não era tão numerosa, mas mais uma vez correspondeu, proporcionando um momento gostoso para os que dele participaram, aqui retratado pela simpática Fernanda Freixosa.

Vendo situações assim, certifico-me ainda mais que o “ilustríssimo” senhor César Epitácio Maia, quando prefeito daqui, fez uma estrondosa cagada acabando com as condições do autódromo em prol dos dólares e reais que, garantem, teria conseguido desviar para seu bolso sob a prerrogativa de construção da Vila Olímpica. Basta considerar que com futebol, praias e todos os atrativos da cidade, o público do Rio mostra, evento após evento, ser apaixonado pelo automobilismo.

sábado, 26 de setembro de 2009

De bom tamanho


Para um evento cuja divulgação foi dirigida a programação do domingo, até que a GT3 conseguiu atrair uma boa quantidade de gatos pingados às arquibancadas de Jacarepaguá na corrida de hoje, vencida por Cláudio Ricci e Rafael Derani, com Ferrari F430.

A programação de amanhã prevê Copa Clio, GT3 Brasil e Trofeo Maserati. Tudo sob o já consagrado sol escaldante do Rio.

E por hoje chega, porque o hotel e a cerveja me esperam. Bom sábado a todos.

Amir Nasr na GT3

Amir Nasr passeia por Jacarepaguá. Segundo ele, retribuindo visita de cortesia que recebeu na sede de sua equipe em Brasília.

A cada aperto de mão, só dois assuntos levantados pelos interlocutores: o título de seu sobrinho Luís Felipe na Fórmula BMW europeia e a ausência de sua equipe de Stock Car na etapa de domingo último, aqui mesmo no Rio. Ausência que, ele não nega, deverá se repetir em Campo Grande, na semana que vem.

Perguntei a Amir se a tal visita de cortesia pode significar o ingresso da Amir Nasr Racing na GT3 em 2010. “Com certeza, estamos trabalhando para isso, a possibilidade é grande”, respondeu, na fala mansa de sempre. Isso quer dizer que pensa em tirar o time da Stock Car? “De maneira nenhuma, dá para conciliar as duas categorias com um bom nível de competitividade nas duas”.

Gostei do que ouvi. Amir, a figura da camaradagem, é o tipo de sujeito bem-vindo em qualquer ambiente. Gente como Amir e equipes como a de Amir têm muito a acrescentar ao evento.

Cascavel de volta ao calendário?

Recebo via DM, no Twitter, a indicação revelada hoje cedo, no briefing do Metropolitano de Marcas & Pilotos, que está nas mãos dos dirigentes de Cascavel a chance de sediar o Campeonato Brasileiro da categoria, que será desenvolvido em quatro baterias nos dias 14 e 15 de novembro.

Para tanto, informava a mensagem, bastava aos dirigentes da cidade viabilizarem a transmissão da competição pela televisão – o que quem vê de fora pressupõe ser uma tarefa facilitada, visto que a Master TV, principal geradora de eventos esportivos do país, também ser cascavelense.

Aqui de Jacarepaguá, procurei pitacos aqui e ali a respeito. De Nestor Valduga (foto), presidente do CTDN da Confederação Brasileira de Automobilismo, obtive a confirmação de que “é por aí”. O dirigente gaúcho não especificou a necessidade de canal aberto, por assinatura, por internet (só para ilustrar, seria apelação) ou coisa que o valha. “Diga ao pessoal da sua cidade que encaminhe a melhor proposta que conseguirem”, foi o que recomendou Valduga.

Após um rápido bate-papo, despedi-me e fui deixando o recinto que Valduga dividia com Djalma de Faria Neves, presidente da Federação do Rio de Janeiro. O gaúcho chamou-me de volta e frisou: “É no dia 15 de novembro”, reiterou. Tive, enfim, a certeza de que data é essa e ninguém muda.

Como já comentei aqui outro dia, Curitiba, bola da vez para receber o evento, não deve promovê-lo. Ninguém por lá tem interesse em assumir a tarefa. Pelo menos, ao que percebo, a volta do Brasileiro de Marcas & Pilotos deixa de ser dúvida. Vai caber a Cascavel, que tanto rema contra a maré para voltar a ter boas corridas, providenciar o que a CBA pede. Ou avisar de vez que não terá tais condições e devolver o ponto de interrogação ao campeonato.

A título de curiosidade inútil, o Autódromo Internacional de Cascavel não tem uma corrida nacional de automobilismo de circuito desde 11 de março de 2007, quando Geraldo Piquet venceu lá a abertura da temporada da Fórmula Truck.

Com a definição “automobilismo de circuito”, excluo as provas de arrancada, às quais, por pura questão de preferência, não dou a mínima pelota.

Mudanças à vista na GT3 Brasil


O Rio continua lindo, e tudo mais, e cá estou mais uma vez, desta vez pra locução de arena, ao lado do Kaká Ambrósio, do Itaipava GT Brasil. A GT3, categoria principal do evento, amarga aqui em Jacarepaguá seu grid mais minguado do ano. Só oito carros. O panorama leva a sentimentos que vão da desconfiança ao descrédito.

A hipótese de fim da categoria, cogitada por bocas e pares de mãos, não é admitida por aqui, claro. E não seria, mesmo se o fim da história estivesse decretado. Mas as expectativas dos homens que respondem pela GT3 no Brasil não atêm-se a mandingas e orações. Medidas estão sendo tomadas, sob a garantia de que o campeonato de 2010 vai acontecer.

Acontecendo, vai ser com muito mais carros, posso apostar sem medo de errar. As novidades são concretas e serão anunciadas no dia 7 de outubro.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sobrenome não basta, precisa ter duas rodas

Dia desses, depois de ler esse comentário aqui, um colega me falou que a sanha arrecadatória da Cettrans em Cascavel só valia para “simples mortais”, algo assim. Quis dizer, enfim, que engomados e figuras de sobrenome eram isentos, na prática, da fiscalização dos agentes.

Sem querer, acabei flagrando uma prova do contrário. Embora relutando, a fiscal da Cettrans emitiu uma notificação por não uso do cartão do EstaR pelo empresário Rovilio Mascarello, conhecido na cidade por ser o dono do único Lamborghini do pedaço.

Homem de posses e empresário bastante conhecido, Mascarello cometeu a blasfêmia de não utilizar o cartão do EstaR e, diante disso, terá cinco dinheiros subtraídos de seu patrimônio.

Portanto, caro amigo, não basta ter bom sobrenome para escapar dos agentes da Cettrans quando usar a área do EstaR indevidamente. A única fórmula comprovadamente eficaz para isso é cometer a infração (é infração?) com uma motocicleta. É tiro e queda.

Desafio lançado, pois: vale um doce para qualquer um que comprovar que alguém da Cettrans notificou uma moto no EstaR.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cascavel: o bonde da história (1)


A cada boca na comunidade automobilística de Cascavel, uma solução para o problema do autódromo. E qual é o problema do autódromo? Na condição em que está, não serve para nada. Ou serve para muito pouco. Os automobilistas de plantão bradam, como honra histórica, o fato de ter sido Cascavel a cidade do interior que teve o primeiro autódromo do Brasil, inaugurado que foi em 1973, quando existiam pistas asfaltadas apenas em São Paulo e Porto Alegre – Viamão, na verdade, o que não vem ao caso.

Com estrutura defasada e a possibilidade de investimento travada no fato da área do circuito pertencer a um consórcio privado, Cascavel virou nada mais do que passado para o automobilismo brasileiro dos dias de hoje. E eventuais investidas específicas para atrair eventos às bandas de cá esbarram na inexistência de uma cultura local de investimento nas coisas deste esporte. Trocando em miúdos, nada dá em nada.

Historicamente, em se tratando de automobilismo, Cascavel foi uma cidade à frente de seu tempo. Antes mesmo de atingir a maioridade, com o advento do autódromo, atraía os principais nomes do esporte nacional para memoráveis competições. Criou-se uma cultura de turismo do automobilismo, autódromo abarrotado de aficionados a cada largada.

Difícil encontrar justificativa lógica para tal advento. Geograficamente, a cidade nunca esteve perto do eixo logístico exibido pelo automobilismo, nem dos grandes centros tecnológicos. Foi mesmo por obra e graça de dezenas – centenas, a bem da verdade – de abnegados liderados por Zilmar Beux que uma cidade do meio do nada ganhou projeção pela sede de uma pista de corridas.

Com o passar dos anos, a importância de Cascavel no contexto nacional foi frisada pela visão de Pedro Muffato, piloto, louco por corridas e então dono de emissora de televisão, que lançou mão de parte de sua estrutura para transmissão de corridas e, empreendedor, viu na empreitada um nicho empresarial com possibilidade de atraentes ganhos.

Por duas, talvez três décadas, Cascavel esteve em uma lista para a qual não deveria estar pronta, por raciocínio lógico. Manteve-se equiparada, por conta de ter seu autódromo, a centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia, Brasília. Algo utópico sob qualquer ponto de vista atual, seja ele direcionado ao esporte ou não.

Os donos do autódromo não quiseram – ou não puderam – investir mais do que já haviam investido para que a praça esportiva acompanhasse a evolução do esporte ao qual dedicaram parte de suas vidas e de seus patrimônios. Hoje, políticos, esportistas, pilotos, empresários, veem na municipalização do local a saída para que se promovam os investimentos necessários à gana de ver Cascavel de volta à cena. É tarde demais. O bonde da história passou.

Nenhum dono de evento em sã consciência se arrisca, nos dias de hoje, ao transtorno logístico de montar suas tendas a quase mil quilômetros de São Paulo, a quinhentos quilômetros de Curitiba, a quase mil e quinhentos quilômetros do Rio de Janeiro, tendo como contrapartida apenas uma perspectiva de autódromo lotado – e isso, acreditem, teríamos com facilidade na GT3, na F-Truck, na Copa Vicar, no Porsche Cup.

O autódromo cascavelense está fadado às corridas do campeonato regional de turismo, a eventuais disputas informais de arrancada para carros de rua, a uma ou outra prova oficial da arrancada paranaense. Talvez, em 2010, receba de volta a F-Truck, o que aconteceria mais pela falta de opção verificada pelos promotores da categoria que pelos méritos técnicos e logísticos das bandas de cá. No caso da Truck, pouco importa se seus primeiros momentos deram-se em Cascavel. Automobilismo é, acima de tudo, um negócio, e precisa ser gerido como tal pelos que a ele despendem seu trabalho.

Por quase três décadas, pois, o cascavelense pôde bater no peito e dizer “sim, nós temos autódromo”. Hoje, isso pouco importa. A área de quase 40 alqueires em que a pista está incrustada está mais fadada à especulação imobiliária do que a um esforço efetivo pela ressurreição da praça esportiva. Nada que relegue a cidade a motivos interioranos. É este, exatamente, o problema que levou à destruição do autódromo do Rio de Janeiro.

Zilmar Beux nunca teve o devido reconhecimento pela grandeza da obra que empreendeu. Algo à frente de seu tempo, repito. Mas que, como dizem, deu o que tinha de dar. O mais perto que se chegou de reverenciá-lo foi o batismo do autódromo com seu nome, em 2008, três anos depois de sua morte. Tenho comigo que Beux preferiria ver "seu" autódromo bombando, repleto de competições e de torcedores, mesmo batizado com o nome de algum desses oportunistas que só se criam por estas bandas.

Aos mármores com os flanelinhas!

Não bastasse a zorra que é a fiscalização do trânsito de Cascavel, surge-nos um novo problema.

Fiscalização do trânsito, em tempo, é figura de linguagem. Só o que há por aqui é verificação de uso ou não de cartão do EstaR. Estacionou sem cartão, levou multa. Se cruzar o sinal vermelho na cara do agente da Cettrans e atropelar um idoso na faixa de pedestre, não há providência alguma.

Voltando ao assunto, a praga da hora é a atuação dos flanelinhas. A notificação dada pela Cettrans para a blasfêmia de estacionar o carro em área do EstaR sem cartão consiste na colocação de um talão preso pelo limpador de parabrisa e pela fixação de um pequeno adesivo no vidro da porta do motorista.

Como motorista notificado, via de regra, não dá gorjeta aos flanelinhas, eles têm tratado simplesmente de remover os adesivos e os talões do parabrisa. Motorista chega, ilude-se que não foi notificado por não ter usado o cartão do EstaR e, invariavelmente, despende algumas moedas ao flanelinha. Dias depois, é surpreendido em sua caixa de correio com a multa de cinquenta e poucos reais do Detran e a punição com pontuação na carteira de habilitação.

Alguma providência teria de ser tomada. Varrer os flanelinhas da face da Terra? Como diria um colega cá do escritório, "é muito empenho". Esperar que as notificações sejam enviadas por correio ao endereço do motorista? Difícil, isso implicaria custo e exigiria prazo maior para pagamento da taxa de regularização - esperar pelo dinheiro alheio é algo que, seguramente, não vai agradar aos nossos homens públicos.

Por enquanto, a única providência prática plausível é tomar uma gelada no fim de tarde para ajudar a raiva a passar. Ah, claro, desde que devidamente acompanhado pelo motorista da vez.

domingo, 20 de setembro de 2009

Sim, Valdeno já é finalista!


Luís Roberto deu uma derrapada matemática hoje, durante a transmissão da Stock no Rio.

Ao fim da corrida, atestou a classificação do príncipe-mor à Superfinal (é líder com 114 pontos e já estava classificado) e informou que Marcos Gomes, vice com 77, era o outro com vaga garantida no grupo dos 10 que vão disputar o título. Já foram sete etapas e falta só uma, a de Campo Grande, para que se defina a lista de "superfinalistas".

Entendo a lógica do critério do narrador. A vitória vale 25 pontos. O terceiro colocado, Valdeno Brito, tem 66. Precisaria ter no mínimo 25 de vantagem sobre o 11º, Thiago Camilo, para estar classificado. Camilo tem 43, diferença óbvia de 22.

Então, vamos lá. Camilo e Xandinho Negrão, também em 11º com 3 pontos, só superam Brito na pontuação da fase classificatória com vitória em Campo Grande. Se um dos dois vencer, vai a 68, dois a mais que o total já amealhado pelo paraibano.

Vitória de um deles impede o outro de alcançar Brito na pontuação - Camilo ganhando, por exemplo, deixa a Negrão a possibilidade de no máximo um segundo lugar, que o levaria a 63 pontos. Allam Khodair, hoje 10º com 44 pontos, chegaria ao máximo de 64 com a eventual segunda posição na capital de Mato Grosso do Sul e não alcançaria o nordestino.

O que garante Brito na Superfinal é o fato de Khodair, hoje em décimo, só poder superá-lo com uma vitória em Campo Grande - o que o garantira à frente de Camilo e Negrão, mesmo abandonando.

A maior hecatombe numérica que pode acometer Valdeno Brito o deixará, após as oito etapas, com menos pontos que Ricardo Maurício, Max Wilson, Átila Abreu, Daniel Serra, Luciano Burti e Antonio Pizzonia, seus perseguidores mais próximos. Entre Khodair, Camilo e Negrão, só um pode ficar à frente do atual terceiro colocado no campeonato.

Perdendo sete posições, Brito cai para décimo. E vai, de novo, disputar o título.

Uma conta simples. Ok, ao vivo na televisão não há tempo para se fazerem contas. Surpreende-me que Reginaldo Leme, um craque em projeções do gênero, não deu sequer um pitaco a respeito.

Hoje não estou com tempo e nem com saco. Mas, se o humor melhorar durante a semana, jogo aqui as chances e os riscos de todo mundo que pode entrar ou sair da lista de 10 finalistas.

Mistérios da buenolândia


Fatalmente vão dizer que é mania de pegar no pé. Mas tem coisa que não desce.

Eis que a largada da Stock Car no Rio foi abortada. Nem bem Cacá Bueno havia despencado da pole para perto do pelotão intermediário e veio a notícia de que a largada não havia valido.

Motivo prontamente alegado pela emissora-mor, seguramente extraído de alguma fonte do último andar da torre: as últimas filas do grid não seguiam a devida formação.

Cabem, aí, algumas questões. Primeira delas: nunca, em nenhuma das categorias que adotam largadas com os veículos em movimento, a formação é perfeita das filas do meio do grid para trás.

Segundo, e mais intrigante: a convivência ainda parca que tenho com situações que exigem decisões da direção de prova permite-me duvidar que qualquer diretor de prova esteja atento à formação das filas de trás do grid para determinar ou anular o início de uma prova de tamanha envergadura logística quanto a da Stock.

Aí, volto ao senso comum... Bueno caía pelas tabelas.

Carlos Montagner, diretor de provas de hoje no Rio, é sujeito íntegro, dos mais bem preparados. Não me parece ser do tipo que embarcaria nas frescuras típicas do império da buenolândia.

A todos, o direito a opiniões. E a explicações, se necessário. Podem ser minhocas da minha cabeça. Mas foi muito, muito estranho. Quem me conhece sabe que não acredito em coincidências.

Em tempo: Antonio Pizzonia, que na etapa passada chamou a Stock Car de “Fórmula Cacá Bueno”, não estava no grid. Não, não foi punido pela buenolândia. Foi punido pelo destino, por blasfêmia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O dúbio Brasileiro de Marcas


Semana passada, recebi do sempre prezado Wagner “Beegola” Gonzalez, assessor de imprensa da CBA, press release anunciando a definição do regulamento para o Campeonato Brasileiro de Marcas & Pilotos. No texto, as informações de que o regulamento técnico estava disponível no site da entidade, que a competição aconteceria em 2009 sob o formato de quatro corridas em um único fim de semana, que o evento aconteceria no Paraná. Sem anunciar data, nem pista.

Ora, se a intenção da CBA é escolher uma praça que diminua os transtornos de deslocamentos de equipes que atuam nos campeonatos de São Paulo, Rio, Paraná e Rio Grande do Sul, é óbvia a conclusão de que tais provas aconteceriam em Curitiba. Uma informação que já tinha de pessoas ligadas ao automobilismo aqui em Curitiba. Não haveria sentido em levar o Brasileiro a Londrina ou a Cascavel – embora Cascavel, para a minha comodidade, seja uma excelente opção.

Pois bem. Durante a semana, em contato com pilotos que disputam provas de Marcas em Curitiba, ouvi que as provas estariam sendo marcadas para 19 e 20 de dezembro, sob alegação, estranha aos meus ouvidos, de que o autódromo não teria um fim de semana disponível antes disso. E a de que o pessoal de Curitiba, sem que houvesse citação de titulares de CPFs ou CNPJs, não queria nem saber de conversa sobre isso.

Hoje, perambulando cá pelo autódromo de Curitiba, onde faço a locução de mais uma rodada dupla do Porsche Cup, escutei – e vou buscar a versão da CBA para tal crítica – que o formato do Brasileiro de Marcas consistia na cobrança de inscrições pela entidade, que apontaria “qualquer um que aceitar” para a promoção do evento. Mais. Ouvi dizer, também, que os promotores da prova de Endurance de 30 de agosto último, validada para o Brasileiro da categoria, resultou em um considerável prejuízo financeiro para seus promotores.

A retomada do Brasileiro de Marcas, que nunca deveria ter morrido, começa a se cercar de interrogações.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Flavio e Pat, adolescentes isentos

Depois de ter manifestado, segundo a imprensa, postura de defesa a Flavio Briatore, a Renault anuncia o afastamento do chefe de sua equipe de F-1, bem como do chefe de engenharia Pat Symonds.

Flavio e Pat, todos sabem, foram apontados como pivôs do escândalo consumado no acidente proposital de Nelsinho Piquet em Cingapura/2008, que deu a vitória no GP a seu parceiro Fernando Alonso - o asturiano que nada sabe, nada vê.

Com a decisão de hoje, a Renault corrobora ser, de fato, parceira da dupla dinâmica. Uma vez fora da equipe, eles não terão de prestar contas ao Conselho da FIA que apura o caso. Briatore e Symonds, assim, ficam em posição igual à de um adolescente cá em Cascavel.

O menor em questão, noite dessas, pegou o carro, saiu dirigindo e provocou um acidente. Ligou para casa e viu seu papai chegar ao local alegando ter sido o condutor do carro acidentado. Resolveu tudo, diz a lenda que à custa de uma providencial propina ao guarda, e livrou a cara do filhinho.

A Renault banca o paizão irresponsável e dá (mais) um tiro no pé, esquivando os "adolescentes" Flavio e Pat, por motivos que tento compreender, das devidas satisfações às autoridades competentes. É tentar tapar o sol com a peneira.

Parece, assim, tratar como estúpidos todos que acompanham a F-1. E muita gente que não acompanha também direciona olhos interessados ao desenrolar da presepada.

Ruim para a imagem da marca. Acho até que vou trocar meu Clio por uma coleção de Chevette.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A boa memória do Capelli

Enciclopédico e catedrático, Ivan Capelli reprovou minha memória, sem louvores. Lembrou-me, via Twitter, que foram 20 as equipes que disputaram o Mundial de F-1 de 1989, e não 17, como citei antes. O jornalista complementou a lista com AGS, Osella e Zakspeed.

Osella tinha Nicola Larini e Piercarlo Ghinzani. AGS tinha Joachim Wilkelhock, que segundo Capelli “dançou e foi substituído por Yannick Dalmas”, Gabriele Tarquini entrou no lugar de Philippe Streiff, que bateu no Rio e ficou paraplégico. Na Zakspeed, lembrei de Bernd Schneider e o “italiano” acrescentou Aguri Suzuki, que eu havia citado como parceiro de Alliot na Lola

É. Memória boa, mesmo, é a do Capelli, que não teve de recorrer a nenhum primo-irmão do gúgou. E, sinceramente, eu hoje não estava com saco para pesquisar nada disso na internet.

Há 20 anos, 17 equipes. Ou mais?

O bate-bola de hoje dos jornalistas de automobilismo tem como foco a volta da Lotus à Fórmula 1. Que não é a mesma Lotus, mas é a Lotus, que viria bancada por milionários malaios.

Considerando a volta da Lotus, as notícias de que a BMW Sauber arrumou comprador, com grana suíça, e a permanência a meu ver improvável da Renault, o Mundial do ano que vem teria 14 equipes, o que muitos acham o ó do borogodó.

Já houve mais. Em 1989, primeiro ano em que acompanhei corridas, havia bem mais que 30 carros. Havia pré-classificação para definir os 26 que disputariam cada corrida.

Na época, o galo aqui, com 11 anos, colecionava álbum de figurinhas da F-1. Lendo os relatos de hoje, puxei pela memória. E não é que saiu, sem consulta, a lista daquelas equipes todas?

Alguém no mundo normal lembra de Christian Danner com a Rial? Derek Warwick e Eddie Cheever na Arrows? A Onyx de Stefan Johansson? A Eurobrun com Gregor Foitek (a legenda do cineminha de fotos que o Cláudio Larangeira fez no Rio para o álbum era “Foitek rodou no asfalto e parou na grama”)?

Também tinha Roberto Moreno e Pierre-Henry Raphanel com a Coloni, que tinha um desenho feio e um layout lindo (na foto, Raphanel no túnel de Mônaco, na corrida em que Moreno conseguiu a última vaga no grid). A Dallara com Alex Caffi e Andrea de Cesaris. A Ligier com Nicola Larini, acho que o outro era Olivier Grouillard. A Lola, com Philippe Alliot, acho que o parceiro era Aguri Suzuki. Do número 26 para frente, a memória já não traz precisão...

McLaren, Tyrrell, Williams, Brabham, Arrows, Lotus, March, Benetton, Dallara, Minardi, Ligier, Ferrari, Lola, Coloni, Eurobrun, Rial e Onyx, por uma ordem numérica pretensamente correta, eram as 17 equipes da época. Tenho impressão de que falta mais uma, se houver alguém me aponte.

O Mundial de 20 anos atrás... Fui apresentado ao automobilismo quase que por acaso, no dia 26 de março de 1989, também. Era estreia do Domingão do Faustão na Globo, eu liguei uma Philco P&B na área de casa para assistir. Faltavam alguns minutos para começar o programa e passava o GP do Brasil, vitória de Mansell em Jacarepaguá, Brasil no pódio com Gugelmin, Senna já tinha se ferrado.

Acompanhei as oito ou nove voltas finais, achei aquilo do cacete. Galvão anunciou que duas semanas depois haveria outra corrida em San Marino, pensei “vou assistir”. E deu no que deu.

Dá para dizer que devo meu trabalho ao Faustão, quem diria.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Algumas sobre Rubens

Rubens Barrichello teve ontem uma vitória redentora em Monza. Nada tão determinante para as pretensões de ser campeão mundial, já que a vantagem relativa do líder Jenson Button no campeonato aumentou, segundo expõe o Blog do Capelli. Ainda assim, mostrou que não vai entregar os pontos. Atrativo para o GP do Brasil, que terá, espera-se, Rubens na pista com chance de ser campeão mundial. Os entendidos identificam na situação de 2009 a maior chance de título de sua carreira.

Um detalhe curioso da vitória em Monza foi observado pelo Osires Júnior, via Twitter: foi sua segunda no ano, e na segunda pista onde se apresentou para os treinos livres vestindo a camisa do Corinthians, tal qual os fotógrafos de plantão já haviam flagrado em Valencia.

Por fim, Rubens tem-se tornado mestre, aptidões automobilísticas à parte, em inovar no layout de seu capacete. Vez ou outra, o casco traz visual novo. Em Monza, além de trocar os gomos vermelhos laterais por discretos contornos pretos – sugestão de um de seus filhos –, trouxe no topo do capacete uma arte exibindo o capacete de Felipe Massa e a inscrição em inglês “Felipe, te vejo na pista em breve”.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Pitacos sobre Nelsinho

Alguns amigos mais próximos, sabedores de minhas funções no jornalismo voltado ao automobilismo, perguntam-me várias coisas sobre a presepada de Nelsinho. Até mesmo para saberem o que é que aconteceu e está acontecendo – afinal, excetuando-se tarados por corridas como nós, ninguém na vida real está nem aí para o que acontece dentro ou em volta de uma pista de corridas.

A estes, como disse ontem, a melhor resposta que posso dar é indicar a leitura de quem está realmente por dentro do assunto. Ponho, em primeiro, o Grande Prêmio, minha página inicial, alterou excepcionalmente seu layout para destinar espaço especial à cobertura. O Tazio é outro que informa tim-tim por tim-tim da situação. Téo José traz o caso tanto em seu site quanto no blog.

Por falar em blogs, os desta galera também estão forrados de considerações analíticas sobre o caso – bem mais interessantes e esclarecedoras, em minha inútil opinião, que a cobertura jornalística. O Diário Motorsport traz as análises de Américo Teixeira Júnior e Ricardo Berlitz sobre o caso. O sempre estatístico Ivan Capelli sai de sua linha característica e suspeita que o grosso da história toda ainda não foi revelado.

Luiz Alberto Pandini esquiva-se do assunto e lembra que o terremoto que tem Nelsinho em seu centro não é o primeiro da história da F-1. Victor Martins dá seu pitaco e traz, inclusive, a íntegra dos depoimentos delatórios dados por Nelsinho. Flavio Gomes trata o assunto aqui, aqui e aqui. Fábio Seixas, de volta das férias no exterior, também entra na onda do assunto. Também vale a pena acompanhar os relatos Rodrigo Mattar.

Está aí a letra para quem tem interesse no assunto. Minha dica mais útil, no entanto, é outra. Esqueçam o automobilismo e continuem vivendo como gente normal. Hoje, isso é privilégio para poucos.

Incômodo sobre duas rodas

Sou bastante repetitivo no assunto, eu sei, mas dizem que a persistência também leva a algum resultado.

Cascavel, para quem não conhece, tem um trânsito caótico. O porte físico da cidade era perfeito para os anos 80, talvez tenha sido planejado no passado para aquela época. Mas continuou crescendo, suas ruas e seu plano viário não são mais suficientes para uma frota estimada em 141 mil veículos emplacados.

Diante de uma situação adversa, a primeira providência lógica seria a conscientização. Mas pelas bandas de cá, diferentemente do que vejo em andanças por cidades mais civilizadas, a jacuzada apela para os princípios da lei de Gerson. Ninguém está nem aí para ninguém.

Existe uma instituição reguladora, a Cettrans. Que basicamente trata apenas de notificações do famigerado EstaR, o estacionamento regulamentado. Estacionou sem cartão, notificação. Se não pagar a notificação no prazo hábil, multa e pontos na CNH. É o que ditam as regras.

Até aí, tudo bem, muito embora você possa atropelar um idoso sobre a faixa de pedestres na presença de uma agente da Cettrans que ele nada haverá de fazer, não terá autonomia nenhuma para alguma providência. Existem, os agentes, só para averiguar os carros sem cartão do EstaR. Aqui, o sistema do EstaR reserva, em todas as quadras, um espaço para estacionamento gratuito das motocicletas. E são os motociclistas - maioria deles são motoqueiros - a classe que mais complica nosso já caótico trânsito.

Como nesta foto aí, de agora há pouco. Rua Paraná, uma das vias principais do plano viário cascavelense. O ilustre motoqueiro conseguiu, com sua possante Honda prateada, inviabilizar duas vagas de estacionamento de carros. Está fora da faixa específica para motos. Não está nem aí. A Cettrans não notifica motocicletas por uso indevido do EstaR.

Nos poucos minutos que levei para fumar um cigarro, vários foram os motoristas que reduziram velocidade pleiteando um lugar para parar. Diante do tráfego intenso - que a foto não mostra, afinal foi tirada no momento em que o semáforo de 20 metros antes ficou vermelho -, seguiram em frente, para não comprometer o fluxo.

Uma banana para os motoqueiros, classe menos civilizada do trânsito em todas as circunstâncias. E outra banana para a Cettrans, que vê a situação e nada faz para ao menos tentar resolvê-la.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A língua do Nelson

A farra do dia corre por conta da confissão feita por Nelsinho Piquet à FIA, de que bateu de propósito durante uma corrida para beneficiar sua equipe e seu companheiro de equipe. A história, para quem não a conhece, está aqui, mais do que esmiuçada por quem é do ramo.

Não vejo a confissão de Nelson Ângelo como algo mais sério do que sua atitude na corrida – primeiro pela burrice de arriscar o pelo para manter o emprego, segundo pelos riscos implícitos. As justificativas não justificam nada.

O que eu penso ou deixo de pensar não deve estar entre os dez maiores problemas de Nelson Ângelo para hoje. As devidas punições, o mercado e a vida haverão de providenciar. Questão resolvida, também.

Nelsinho foi um dos precursores da onda automobilística no Twitter, onde despacha como @NelsonPiquet. Despachava, na verdade, já que não tuíta nada há quatro dias – sua última mensagem foi um jabá de patrocinador. Contabiliza exatos 80.925 seguidores, número que, imagino, vá cair como repercussão insignificante do que estão definindo como escândalo.

Nada do que aconteceu é surpresa. Dos que acompanham a história de perto, alguns até dizem que era previsível.

De tudo isso, a única coisa que me desperta curiosidade é o possível – provável e iminente, eu diria – pronunciamento de Nelsão pai a respeito. Se falar o que deve ter para falar e o fizer com seu estilo de sempre, o mesmo que o pôs em eterna indisposição com a imprensa brasileira, vai proporcionar momentos impróprios para o horário. Talvez, divertidos.

Podem atribuir a Nelsão todos os defeitos. O que nunca lhe faltou foi franqueza na hora de abrir o bico. Sempre falou o que bem entendeu. É claro que há de abrigar o rebento sob suas asas, defendê-lo como puder. Ainda assim, eu aposto alguns vinténs que Nelsão, se consultado, foi ou teria sido voto contra a presepada em Cingapura.

Sou o único morrendo de vontade de escutar o que tem a dizer o tricampeão? Fala, Nelsão!

O túnel do tempo

Dia a dia, dedicamos nosso dia-a-dia ao automobilismo. Cada qual por seu motivo e com uma meta, todos buscam apurar e trazer à tona, quanto antes, tudo que de mais novo acontece no mundo das corridas. E por trás dele, também.

Não tenho a pretensão, nem o porquê disso, por enquanto, de concorrer com colegas jornalistas, tantos são que seria difícil e injusto citar. O que me cativa, mesmo, são coisas dos tempos antigos. Não vivi a maioria delas.

Em rápida passagem hoje pelo blog de Flavio Gomes, chamou-me atenção um vídeo extraído do YouTube, não conheço as fontes, que traz uma reportagem feita pelo Roberto Thomé numa etapa da Stock Car em Tarumã, em 1979. Muito interessante.

Como disse, citar exemplos implica o óbvio risco de se omitir outros tão ou até mais importante. Mas arrisco a recomendar uma olhadela no Diário Motorsport, de Américo Teixeira Júnior, onde sempre há coisas dos tempos que não voltam mais, como esta matéria sobre o carro do bicampeonato de Emerson Fittipaldi na F-1.

Na dinâmica descontraída do Twitter, o piloto Tony Kanaan, que lá atende por @TonyKanaan, postou uma foto de uma comemoração sua após uma corrida de kart. Ainda criança, o baiano exibia uma vasta cabeleira, que motivou sua brincadeira diante da careca que ostenta hoje. Sugeri, até, que se levasse a mais pilotos a ideia de aproveitar as faculdades do Twitter para algo como um túnel do tempo fotográfico.

Em boa parte dos casos, é bom lembrar do passado. No automobilismo, quase sempre.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Tendências terroristas

Acabo de inscrever o Luc Jr. em uma seleção de modelos, ou de talentos, algo do gênero.

Não costumo dar muita pelota a esse tipo de coisa. Tanto é que o mesmo evento vai ter seleção de "talentos" musicais e, mesmo tendo uma boa cantoria como hobby - o eleitorado jura que bato um bolão... -, fiquei fora.

Mas o moleque nem tem três anos ainda, tem tempo de sobra pra esse tipo de coisa. E curte uma muvuca diferente.

O que me deixa com a pulga atrás da orelha, lendo agora o regulamento da coisa, é uma combinação de fatores - sim, combinação de fatores, já que não acredito em coincidências.

A seleção da molecada vai ser sexta-feira agora. Conclusão óbvia, 11 de setembro. E no hotel Bourbon, que cá em Cascavel ocupa todos os andares de uma das... Torres Gêmeas.

Minha intenção, claro, é ver o pequeno derrubar todos os outros pirralhos. Refiro-me à súmula de pontuação.

Não sei. Mas, às vezes, penso ter tendências terroristas.

sábado, 5 de setembro de 2009

A seleção sem o Galvão

Hoje à noite tem jogo da seleção, clássico dos clássicos, como dizem alguns. Argentina x Brasil, direto de Rosário. Com transmissão da emissora-mor.

Como boa parte do eleitorado verde-amarelo-branco-azul-anil, ando meio sem saco para escutar os acessos ufanistas do Galvão Bueno. Motivo pelo qual não escutá-lo-ei. O televisor vai ficar no "mute".

Laptop já está devidamente posicionado, talvez consiga conectá-lo à caixinha de som de um 3 em 1 (lembram?). Vou "sintonizar", via internet, a 97 FM, de Foz do Iguaçu.

Na narração do jogo, meu amigo e parceiro Osires Júnior - @osiresjr, para efeitos twittísticos -, com quem dobrei por cinco anos a editoria esportiva do jornal O Paraná. Profissional competente, entende do assunto e não agride os ouvidos de ninguém com absurdos como os que a TV nos propõe com tanta assiduidade.

O endereço eletrônico, para quem abraçar minha sugestão, é http://www.radio97.fm.br/.

A operação de guerra já está montada lá em casa. Só falta avisar a patroa que precisamos comprar pipoca e cerveja.

Escocês com sotaque paranaense


Eis que hoje - ontem, na verdade - saí de casa para ir ao purgatório com objetivos diferentes de todas as noites: a participação numa competição musical. Sim, quem me conhece sabe que meu esporte preferido é cantar. E, muito embora meu estilo seja o sertanejo, resolvi mudar de ares e atacar com Nazareth.

Era a última noite da semana acadêmica de História. A atração reservada pelo curso, além da Orquestra Sinfônica de Cascavel, era a segunda edição do Acordes Universitários Unipar. Fui para lá com objetivo errado, até. Queria o terceiro lugar, que pensava valer um violão - o meu já está impraticável. O terceiro colocado levou, na verdade, um aparelho DVD. O violão foi para a segunda colocada.

Inadvertidamente, acabei vencendo o Acordes Universitários. Com violão emprestado de um acadêmico de História, já que o do meu cunhado também é sofrível, rasguei "Love Hurts", aquele sucessão de 1976. Ultimamente, coisas da idade, ando ficando nervoso na hora de ir pro palco para cantar em festivais. Comecei a música até no tom errado, um acima do que me é acessível. No meio do caminho, a devida gambiarra para voltar ao dó maior e mandar até o fim.

Valeu pela festa feita pela galera de Jornalismo - para matar aula de Edição em Rádio, toda a turma foi acompanhar o Acordes e angariar suas horinhas culturais extracurriculares. E valeu, também, pelo fato da Juliane, que é quem manda aqui em casa, também ter ido participar. Mandou "How do I live without you", da Faith Hill. Ela foi muito bem, mas ficou fora da faixa de premiação.

Trouxe para casa como prêmios o troféu, uma maquininha fotográfica digital e uma estadia para dois no Panorama Acquamania & Resort, em Foz do Iguaçu. E, principalmente, minha declaração de horas extras para convalidação ao final do curso.

Em algumas noites, o purgatório até que é bem agradável.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O purgatório oficial

Há quem me pergunte o porquê de eu tratar a universidade como purgatório.

A definição é pertinente. É o lugar onde você come o pão que o cão amassou para poder estar em algo como o Éden profissional.

Nada de preocupação com a obrigatoriedade legal do diploma, uma cascata desde que o primeiro idiota começou a discuti-la.

Empresas de comunicação sérias, sim, exigem graduação acadêmica, por compreensível filosofia própria.

Quem já passou por isso sabe: cidadão entra numa faculdade ou universidade buscando aprimoramento, aprendizado, experiências, background.

Triste é quando não se tem uma instituição de qualidade por perto. Cá em Cascavel, onde insisto em viver (...), todas as instituições são particulares e caça-níqueis. Graduam qualquer um que banque as 48 mensalidades e atinja a questionável média 6,0.

Estão aí algumas explicações, não que eu as devesse. Outras, tal qual diria Copélia, eu prefiro não comentar.

A Ferrari de cada um

Como não sabia que terminaria o dia como arremedo de blogueiro, não fotografei.

Mas me chamou atenção, pela manhã, um Passat vermelho. Deve ser 78. Sem frescura, original como deve ser um carro antigo.

Além dos bonitos frisos e da boa conservação, chamaram atenção os discretos - embora bem visíveis - escudos da Ferrari, aplicados nas laterais e na traseira.

Gostei, embora não vá adotar a decoração para meu Chevette tubarão, que também é vermelho.

Tenho que me acostumar a fotografar essas coisas.

Será que vira?

Por obra e graça de Pedro Rodrigo de Souza, eis que estou blogando.

Acompanho diariamente blogs de vários colegas jornalistas, todos com muito conteúdo e atrativos para quem acessa - algo que, honestamente, não estou certo de poder oferecer.

De qualquer modo, vamos em frente, isso pode ser divertido.

Sejam todos bem-vindos, pois. A novidade é total para mim.