segunda-feira, 19 de abril de 2010

Jornalistas, fotógrafos, corridas

Sábado, abordei aqui a questão do credenciamento de jornalistas para os eventos de automobilismo. Nem dou link, foi no texto logo aí abaixo. E, como prometido, sabatinei no domingo em Jacarepaguá o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, a esse respeito. Pinteiro, como já comentei, é sujeito bom de papo, tem boas tiradas, aplica frases de efeito pertinentes e não costuma fugir de um debate.

Manda a regra do bom jornalismo que entrevistas têm de ser gravadas. Não gravei porcaria nenhuma. Primeiro, porque o BLuc não é produto jornalístico. Segundo, porque conversa de homem pra homem é fiada no princípio básico de que ninguém compromete-se com o que não vá honrar, é o que se espera, principalmente de alguém que fala sabendo que terá suas considerações reproduzidas a outros. Terceiro, porque a conversa não foi uma porcaria.

Aos fatos. Pinteiro confirmou que a CBA trabalha para diminuir o número de jornalistas credenciados à cobertura dos eventos. Um trabalho, obviamente, confiado ao assessor de imprensa da entidade, no caso o jornalista Wagner Gonzalez. Concordou, o presidente, que o critério para a cessão do credenciamento não deve ser atrelado ao porte ou não de diploma universitário e definiu a postura como “de valorização”.

Pinteiro entende que a credencial de imprensa existe para profissionais que exercem atividade jornalística ou de divulgação terem reconhecimento. “Há muita gente que pede a credencial, pega, vem pro autódromo e fica andando de lá para cá, olhando os carros, tira uma fotinha com o celular. Só para colocar no Orkut, às vezes nem isso, e ele está com uma credencial de imprensa pendurada no pescoço. Aí, o jornalista de fato fica rebaixado ao mesmo nível de um curioso que está aqui dentro só porque gosta”, falou.

Foi quando ponderei que há casos de blogs ou mesmo de sites que são mantidos por puro diletantismo de seus mantenedores e que acabam proporcionando a seus públicos direcionados uma exposição em larga escala. O presidente concordou que essas pessoas têm de ser credenciadas para os eventos. “Sempre com critérios, e existe a condição para sabermos sempre quem é do ramo, quem dá essa exposição como contrapartida ao automobilismo”, condicionou.

Aí impus a questão mais delicada de que ouço falar – a de fotógrafos que atuam nas corridas credenciados como membros de imprensa, mas que não têm qualquer ligação com veículos de comunicação. São fotógrafos, e conheço vários deles, que vão a um autódromo ou kartódromo, produzem seu material e comercializam fotos e pôsteres aos pilotos, aos patrocinadores, a agências, a quem bem entenderem.

Expus a Pinteiro que uma imagem vendida pelo fotógrafo a alguém envolvido com o contexto fotografado também há de proporcionar retorno. Não na mídia quando compreendida a partir de um veículo de comunicação, mas em exposição que terá potencial para atrair ao automobilismo a atenção de um público que não consome, necessariamente, esses veículos.

Deu para entender o que eu quis dizer aqui? Parece linguagem acadêmica, credo. Tomem o exemplo do pôster de um carro ou kart na parede de um comércio qualquer. Da loja de tintas do pai de um piloto, por exemplo. Todo mundo que ali entrar para comprar uma lixa ou uma brocha vai, ainda que por instantes, ter um contato – por vezes inédito – com o kartismo.

Bem, a conversa com o Pinteiro não foi tão enrolada e nem tão chata, ele tinha mais o que fazer em Jacarepaguá e eu também. Resumo da ópera, o dirigente garantiu-me que há, também, espaço para estes profissionais. E opinou que são úteis para o automobilismo, talvez não com esses termos – como já disse, não gravei a entrevista. “Mas temos de elaborar um outro tipo de credenciamento, esse fotógrafo vai para o autódromo fazer seu trabalho, mas não com uma credencial de imprensa”, comprometeu-se.

Existe, explicou Cleyton Pinteiro, uma preocupação adicional com a segurança. “Principalmente nas provas de kart, o fotógrafo vai para o meio da pista, acaba dando um carteiraço no fiscal, no segurança, e fica tirando suas fotos em posição de risco”, ilustrou, citando o caso de um fotógrafo que acabou sendo atingido por um kart desgovernado enquanto trabalhava de um ponto onde não deveria estar e depois acionou as entidades esportivas.

“Nós não queremos impedir ninguém de trabalhar. Queremos, sim, dar condições melhores para quem vai trabalhar. Por isso estamos estudando e avaliando as mudanças que vamos fazer na regulamentação desse credenciamento”, concluiu. “É mais fácil, ou menos difícil, você administrar uma exceção do que combater uma regra”, ilustrou.

Tenho, quando converso com Pinteiro, a impressão de que evita comparações com a gestão de seu antecessor Paulo Scaglione. No caso do credenciamento de imprensa, foi explícito. “Nos anos anteriores, a CBA distribuiu um número excessivo de credenciais de imprensa, isso também acabou acostumando mal as pessoas”, observou.

Enfim, o compromisso que Cleyton Pinteiro assumiu – e disse que eu poderia escrever que ele assinaria embaixo – é que ninguém que de fato faça por merecer o credenciamento para atuação no automobilismo deixará de obter o acesso, e que só o que vai mudar são os critérios desse processo todo.

Quem disse que uma boa conversa não leva a soluções?

37 comentários:

Américo Teixeira Jr. disse...
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Américo Teixeira Jr. disse...

Se Cleyton Pinteiro se refere ao meu exercício como Assessor de Imprensa da CBA quando fala em "anos anteriores", está equivocado. Basta pedir ao pessoal administrativo o número de credenciais que autorizei e para quem durante minha "gestão". Verá o presidente que, se houve essa festa de credencial, não foi na gestão Scaglione.

Caro Luc, a matéria é boa, claro, mas continuo sem saber uma coisa. Afinal, quem vai credenciar para um evento a partir de agora, a CBA ou o promotor?

Américo Teixeira Jr.

Unknown disse...

Luc, bem pertinente o tema.
Porém, faço uma pergunta: a credencial da CBA vale para quê?
Lembro de uma passagem que tive, em 2004, com o Milton Alves (então assessor de imprensa da Stock Car). Na época eu não assessorava ninguém na categoria, pois trabalhava apenas na Pick-up Racing. Pedi meu credenciamento para a etapa da Stock Car em Curitiba e ele negou. Eu disse que tinha credencial de imprensa da CBA, que era jurado da Racing (Capacete de Ouro), etc... mas ele disse que nada disso adiantava, pois quem decidia qual jornalista podia estar lá era a promotora do evento (Vicar).
E é assim na F-Truck, GT3, etc...
Por isso, há três anos não faço minha credencial de imprensa da CBA.

Claudio Stringari

Eduardo Tomedi disse...

nunca "ganhei" credencial de imprensa da CBA. também só fiz o pedido uma vez e foi negado. Por que? não sei. O Curva1 existe a 4 anos, agora temos também o VelocidadeSul. Creio que sempre fizemos um bom trabalho, pois nunca nos foi negado credencial alguma(exceto a de imprensa da CBA). Agora ouvir o que eu ouvi que iriam "cortar" quem não tem MTB é o fim do mundo, pra quem gosta de corrida, divulga as corridas no AMOR. Pois pelos investimentos e gastos que temos(nos dois sites) podiamos ficar tranquilamente fazendo churrasco e bebendo na arquibancada, e nao iriamos gastar a metade. Será que se fizermos isso alguém sente falta dos clandestinos?

Aproveito para agradeçer ao Stringari, pois foi ele quem me deu a primeira credencial de imprensa(PickUp), quando eu ainda estava no SpeedRacing. Temos poucos como ele, que acreditou no trabalho de um "piá" que não queria a credencial só pra botar foto no orkut!

Boletim da Pista disse...

Credencial de imprensa da CBA nunca serviu para nada! Quero ver o presidente que vai peitar os promotores dizendo que a credencial da CBA é soberana!
Quando isto ocorrer a própria CBA vai assumir o risco de possíveis acidentes. Já falei várias vezes, porque não se cria uma comissão e levanta todas as áreas de risco "Red Zone" em cada autódromo e documenta? Porque a CBA não adota um delegado dos fotógrafos em cada evento supervisionado por ela? Não é assim na F1, WTCC, WRC? Ou seja, eventos da FIA há um delegado que autoriza ou não o credenciamento, independente do promotor. Eu sei porque isto não ocorre, quem vai assumir os riscos???
Por outro lado, o papel do fotógrafo comercial é importante. É um mercado que existe a muito tempo. Se uma equipe entra em uma categoria, ou qualquer outro prestador de serviços, estes profissionais também tem sua importância. Neste caso, cabe ao promotor e fotógrafos comerciais negociarem a melhor forma.
Os fotógrafos comerciais, não podem, nem devem usar credenciais de imprensa. Também não devem usar das instalações destinadas a imprensa, salvo se negociado com promotor.
Hoje a maioria dos fotógrafos vendem para quem quiser, imprensa (jornais, sites, revistas), pilotos, equipes, patrocinadores...Este profissional não está errado, tem que ganhar dinheiro, o mercado que está uma bagunça! Pq a imprensa não contrata seu fotógrafo? Pq sai mais barato pegar uma "fotinho" de quem já está lá...

Rodrigo Ruiz disse...

Como o Claudio Stringari falou. Serve pra que essa credencial? Só tive uma, acho que 2007 e nunca precisei levar ela pra lugar algum, pois os promotores de cada evento que fazem o credenciamento e não adianta nada ter uma credencial da CBA. Se não tiver a do evento não entra.
Se ela ajudar no credenciamento, tudo bem, mas caso contrário não precisa dela.
Outra dúvida que eu tenho é com relação ao critério de credenciamento para os eventos. Na etapa da Stock em São Paulo este ano não me credenciaram nem deram explicação. Na Indy também não me credenciaram, alegando que tinham mais de 700 solicitações, e depois me convidam para as coletivas. Ah.. pra coletiva eu sirvo?
Resumindo, não existe critério nenhum para credenciamento e a carteira da CBA não sei se resolve alguma coisa.

Abs

Rodrigo Ruiz
Velocidadeonline

Keka disse...

Bom...na minha modesta opinião, a primeira premissa pra um jornalista ser credenciado é que ele saiba escrever. Se tem, ou não, diploma, nada importa.
O presidente falou certo sobre blogueiros que estão ali só pra tirar fotos do evento e dos pilotos - e muitas vezes isso atrapalha nosso trabalho. Difícil mesmo é fazer a peneira. Se passar boi, a boiada tb vai querer passar - e com direito, já que abre-se um precedente.
Outra questão importante é mesmo o tal "pra que vai valer a credencial da cba"? Nunca tive, tratei sempre com os promotores. Qual a vantagem de ter credencial da cba?
Bom...muitas perguntas, vamos ver no que dá. Afinal, nosso mercado virou qqer coisa. Piloto e atleta aposentado/frustrado que sai do esporte pensa que a primeira, e mais fácil, alternativa, é virar jornalista...

Keka disse...

Em tempo: depois de "alternativa" não tem vírgula!

Bruno Vicaria disse...

Complicado ponderar sobre isso se em uma sala de imprensa de qualquer categoria tem 80% de assessores e às vezes nem 5% de jornalistas independentes sérios. Os 15% restantes é de nego que vai lá pra comer e fazer oba-oba _alguns nem jornalistas são.

Tem que tirar credencial de nego que vai tirar foto pra vender para pilotos, de povo que vai pra comer e blogueiro amador, me desculpem os que conheço, não deve ter credencial. Blog só profissional ou linkado a algum veículo de comunicação.

Quer credencial? Comprove que você está publicando ou publica material da categoria ou de esporte a motor no veículo onde trabalha; que você fotografa para alguma assessoria ou que o piloto afirme que você tire foto para ele; ou que suas imagens de vídeo sairão em algum veículo.

Se enganar, leva gancho.

Já tô cansado de nego que não faz nada, atrapalha e bate palma (!) pra piloto durante entrevista coletiva. E nem profissional é. Agora, se a categoria quer encher de gente na sala de imprensa pra falar que tem cobertura, aí o problema é dela.

O fato de nego cobrar 100 reais por um cd de fotos e 500 reais por uma assessoria é uma questão à parte, que rende muita discussão, ainda.

Bruno Vicaria disse...

É tudo uma questão de profissionalismo. Do delegado de imprensa, da categoria e de quem faz o pedido.

Profissionalismo. É o que falta.

E concordo com a Érica. Como tem um monte de nego comentando corrida _nessas alguns amigos vão ficar chateados comigo_, vou construir um prédio. Ou vou virar manager, publicitário. Tem casos e casos, mas está tudo banalizado.

Um monte de nego bom fora do mercado e sem grana enquanto gente que está bem de vida, ganha bem e, nessas de comentar, rouba a vaga e os "trocos" de quem estudou e se preparou para isso.

Respeito a opinião de todos, e espero que respeitem a minha. Sou o único que cobre 100% da Stock e GT Brasil, além de outras categorias. Acho que sei o que estou falando.

Américo Teixeira Jr. disse...

Pegando carona no comentário do Vicaria, sou contra piloto comentarista. Piloto tem de pilotar ou, quando participando de uma transmissão, falar tecnicamente de sua experiência. Narrador tem de ser jornalista. Comentarista tem de ser jornalista. É claro que não interessa se o cara tem ou não diploma. Irrelevante. Falo de quem atua profissionalmente no setor.

O piloto pode ser um convidado a enriquecer a transmissão com sua experiência. Nada mais.

E, por favor, caros promotores. Convidar jornalista de última hora para comentar e sem pagamento é vergonhoso.

E, caros senhores assessores, se há alguém cobrando R$ 500 por mês para fazer assessoria no automobilismo, por favor, enforque-se. Você não é jornalista ou assessor, mas um idiota.

Américo Teixeira Jr.

Keka disse...

É, é muito triste ver que a nossa categoria se prostitui dessa forma. Cobrar R$ 500 pra fazer assessoria é realmente saber quanto vale seu trabalho. Até aí, ok. O problema é levar todo o resto da categoria pra baixo. Não precisa ser muito inteligente pra saber que nivelar por baixo sempre dá m...

E outra coisa: é pra organizar mesmo mesmo? Dá credencial de outra coisa, que não seja imprensa, pra quem não é imprensa, ué! Simples...trabalha pra algum veículo ou equipe? Ok. Trabalha pra vender poster (e com certeza ganha muito mais do que 90% dos JORNALISTAS ue estão ali), tudo bem. Mas credencia como outra coisa, não como imprensa.

Dá muita raiva ter de esperar o cara tirar foto com piloto quando você quer fazer entrevista porque tem deadline. Aliás, só jornalistas sabem o que é deadline, right?

LUC disse...

Deixem-me opinar também...

A CBA não afirmou, ao menos em meios que chegassem a mim, que sua credencial de imprensa será soberana em relação à que os promotores dos eventos emitem. Tão logo recebi o e-mail anunciando o processo, solicitei ao jornalista Wagner Gonzalez, assessor de imprensa da CBA, o formulário para preenchimento. Não o recebi, ainda, não sei informaar nada sobre prazos.

Quanto ao mercado de fotografia no automobilismo, a situação não é das melhores. Os próprios fotógrafos encarregaram-se de "prostituir" o mercado, oferecendo, como citou Bruno Vicaria, CDs com fotos de um fim de semana de competições a R$ 100, para tomar o cliente de outro que já cobrava um valor irrisório com o mesmo objetivo de trazer para si o cliente de um colega/concorrente. Nosso meio está repleto de excelentes fotógrafos e eu, na condição de piloto ou patrocinador, também optaria pelo mais barato. Se os próprios fotógrafos não se unirem pela valorização de seu trabalho, nada poderá ser feito por eles. Antes serem acusados por formarem "cartel" do que por trabalharem praticamente de graça.

Quanto à observação do Américo sobre os comentaristas. Se coubesse a mim a seleção de comentarista para alguma transmissão, eu teria dois critérios: um, que o cidadão fale bem; outro, que entenda do assunto que está falando. Se for uma transmissão de automobilismo, um piloto será, em boa parte dos casos, quem mais terá a acrescentar. Se for um desfile de moda, quem entenderá mais, um jornalista ou um estilista?

Diante de todas as questões levantadas pelos colegas, pus-me a imaginar qual seria a repercussão de um evento grande em que nenhum jornalista ou fotógrafo apresentasse-se para o trabalho. Seria, no mínimo, algo curioso.

Américo Teixeira Jr. disse...

Luc

Desde que o piloto seja o terceiro membro de uma equipe de transmissão, a acrescentar informação e experiência para enriquecer ainda mais a transmissão do narrador e comentarista, ambos jornalista especializados, não vejo problema algum.

Há dois exemplos clássicos. Luciano Burti acrescenta informação de qualidade ao trabalho do Galvão e do Reginaldo, jornalistas.

Felip Giaffone é um comentarista de primeiríssima linha, mas se atém ao seu campo de atuação, deixando para Luciano do Valle/Téo José e Celso Miranda a narração e comentários.

Fiz-me entender?

LUC disse...

Ah, claro. Aprovo a discussão que seguiu-se à reprodução da conversa que tive com Cleyton Pinteiro, respeito todas as opiniões - inclusive as que são contrárias às minhas - e reforço, para não deixar dúvidas, que em momento nenhum, neste ou em qualquer outro assunto, mostrei-me favorável a exigência de diploma para atividade jornalística. Quem lê meus devaneios sabe que sou plenamente contrário a tal exigência, dado, principalmente, o nível ridículo verificado hoje em dia nas faculdades de jornalismo. Medir a competência do profissional é problema de quem contrata, e quem contrata toma como base os critérios que bem entender. Cada empresa cria sua regra e a faz valer a seu modo. A meu ver, é o maior absurdode todos.

Betto disse...
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Boletim da Pista disse...

Como fotógrafo, vejo o mercado de duas maneiras:

1º Os promotores tem menos custos contratando um fotógrafo e liberando imagens de divulgação para a imprensa. Os jornalista de Blog, sites, revistas e jornais, muitas vezes utilizam este material por ser de graça.

2ºQuais são os veículos de imprensa que tem em seu quadro de funcionários fotógrafos com carteira assinada? Tudo bem, hoje a maioria é free-lancer, mas qual o veículo de imprensa que contrata um free-lancer e paga saída e a utilização do material? Para facilitar, qual o veículo de imprensa que busca comprar imagens de um fotógrafos que só atuam como imprensa?

Não adianta, todo mundo quer ganhar ou levar vantagem.

O promotor quer contratar um fotógrafo, ter suas imagens na imprensa e gastar pouco não credenciando nem montando sala de fotógrafos.

Os donos de Blogs, sites, jornais e revistas querem gastar pouco com funcionários, free-lancer e imagens.

Os fotógrafos tem que ganhar dinheiro, se não vender para pilotos, patrocinadores e imprensa vão morrer de fome.

Hoje, ser fotógrafo e estar credenciado como imprensa é só uma forma de estar "autorizado" no autódromo. Acredito que nenhum de nós precisa da mixaria paga pela imprensa. Vender o CD, mesmo que a R$100,00 ainda dá mais lucro que ficar dando foto para alguns sites, Blogs e assessores.

Não concordo com fotógrafo comercial credenciado como imprensa, mas até agora nenhuma categoria tem credenciamento só comercial.

Se os jornalistas não querem se misturar, que parem de comprar dos comerciais e levem o seu!

Rennan disse...

Eu acho que de longe parecia tão perto, porém quando cheguei perto parecia tão longe!

LUC disse...

Só desfazendo uma injustiça que cometi em comentário acima: vi agora o e-mail que recebi às 12h31 do colega Wagner Gonzalez, informando que o formulário para solicitação da credencial de imprensa da CBA será enviado dentro de mais alguns dias.
Grato, Beegola.

Betto disse...

Caros,

O mais curioso de tudo isso é que os "vírus" que têm causado todo esse mal são os próprios pilotos! Eles – que dependem tanto de fotógrafos, assessores e jornalistas especializados e seus veículos para trazer o famoso "retorno de mídia" – são os primeiros a reduzir os orçamentos a cada ano.
Agora, vai lá a (ainda inexistente) "associação dos fotógrafos e assessores de automobilismo" fixar um valor mínimo ou um piso salarial, que eles rapidinho colocam seus assessores corporativos (sem pagar mais a eles por isso) ou sobrinhos blogueiros para substituir os profissionais.
Sinceramente? Em minha modesta opinião essa é uma discussão que nunca terá fim... Ou alguém aqui vê uma saída?

Rodrigo Mattar disse...

O problema é que a classe dos jornalistas é, foi e sempre será desunida. Todo mundo só pensa em si e olha só pro próprio umbigo. Acho que temos que ter primeiro melhores condições de trabalho. A CBA pode até querer filtrar, mas como ela não organiza praticamente mais nada no automobilismo nacional, cabe aos promotores vetar ou autorizar a emissão de credenciais para os diversos eventos do esporte a motor nessa terra.
Mas que é preciso separar o joio do trigo, isso é fato consumado.

Anônimo disse...

E ai eu pergunto: Quem e joio, e quem e trigo?

Rodrigo Ruiz disse...

O Betto falou tudo. Hoje todo mundo tem um fotógrafo em casa, e quando tentamos profissionalizar a coisa, o custo fica extremamente alto. Ai aparece um oferecendo por 4x menos do que você. O que você faz? Morre de fome ou tenta fazer volume com a merreca que estão cobrando e pagando?
É tudo uma questão de demanda. Quantos fotógrafos e assessores tem hoje no mercado? Quantos pilotos e equipes pagam um profissional? Quem compra foto para divulgação? Tenta entrar no mercado pra ver o que te acontece. Ou você tem amigos ou QI que te colocam dentro ou os "amigos do contra" fazem de tudo pra te tirar. E como o Betto falou, esse assunto nunca vai terminar, porque os interesses de alguns são sempre maiores do que a maioria.

Rodrigo Ruiz
VelocidadeOnline

Tspvc disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tspvc disse...

Boa tarde,

Provavelmente, sou desconhecido de todos que leram o post do Luciano, ou de 99% pelo menos.

Estive no evento promovido pela F-Truck e Porsche Cup este fim de semana no Rio de Janeiro, pela primeira vez com credencial de imprensa. Precisei de aproximadamente 1 mês, correndo atrás de algum meio de comunicação que tivesse interesse em me "bancar" (explicarei as aspas logo mais).

Digo bancar pois, fui como amante da fotografia e automobilismo, pura e simplesmente. Comi e bebi na sala de imprensa, sim. No entanto, fiquei 90% do tempo em pé, zanzando pelo autódromo, fotografando, sem ganhar nada por isso, absolutamente nada. Cheguei em casa, editei minhas fotos e o mais rápido que pude, postei-as no meu flickr, tanto para mostrar do que sou capaz, tanto para divulgar o evento. Entenderam as aspas?

Pergunto. Seria justo, não me permitir fotografar? Sendo que tudo que estou visando no momento é ingressar na fotografia automotiva profissional, sem dar rasteira em ninguém e ajudar o automobilismo brasileiro, com a divulgação que me é possível, a fotografia?

Em tempo, link pras fotos (ainda não editei todas): http://www.flickr.com/photos/tspvc/sets/72157623892893176/

Betto disse...

Estava cá matutando e tive uma ideia que pode ser interessante. Mas quero ouvir suas opiniões: acredito que os promotores das diferentes categorias automobilísticas do país conhecem bem quem são os jornalistas que cobrem os seus eventos.

Assim, as diferentes categorias indicam à CBA os jornalistas que têm seu aval e que sejam de seu interesse(Stock, Truck, Porsche, GT Brasil, Future, F3, Rally, Kart etc). Detalhe: esse pedido das categorias implicará no preenchimento e assinatura do organizador da categoria de um formulário atestando a capacidade e competência do profissional indicado e assumindo a responsabilidade por esta indicação.

A CBA filtra as incorreções e emite as suas credenciais anuais com tarja magnética e foto dos jornalistas, mais uma credencial anual de estacionamento - tudo numerado.

O jornalista credenciado pela CBA poderá entrar em qualquer área de Imprensa, incluindo pit lane, de qualquer evento de automobilismo do país!

Resultado: 1) Acaba-se a polêmica; e 2) As categorias reduzem o trabalho e o custo de credenciamento (passam a cuidar apenas do factual, as credenciais solicitadas por evento e que terão, portanto, menos privilégios - não circularão no pit lane, por exemplo).

Mas e os assessores e fotógrafos dos pilotos? Estes serão credenciados pelos seus clientes/equipes.

O que acham?

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Betto, no verso da credencial de imprensa da Stock Car está escrito:

A CREDENCIAL PRESS permite a circulação na Sala de Imprensa e na área dos Boxes, exceto nos Camarotes Vip's e PIT LANE durante as atividades de pista.

Unknown disse...

Sou jornalista (MTB 4772-PR), mas não acho que a exigência do diploma para exercício da profissão resolva o problema - principalmente no automobilismo, que exige um conhecimento técnico e desportivo aprofundado.
Depois que me formei, abri minha própria empresa (www.centralpress.com.br) e já tive muitos funcionários na redação.
A maioria formada, mas tive muita gente (mas muita mesmo) que não sabia nem escrever direito!!! Muito menos apurar, pensar, criar boas pautas...
Ou seja, com a qualidade das "instituições de ensino", que são verdadeiros consórcios de diploma, não é o MTB que vai dizer se o cara pode ou não trabalhar.
Procuro sempre priorizar o diplomado, tanto que aqui na empresa somos em cinco formados em jornalismo, atualmente. Mas vejo que, num futuro próximo, vou acabar contratando alguém sem diploma.
Não apenas para atuar no automobilismo, mas para trabalhar em outras áreas, como saúde, telecom, educação e outras que atendemos. Hoje em dia, aliás, nem mesmo os nossos clientes grandes (Vivo, Boticário, Sicredi, Deville, Grupo FAE/Bom Jesus, Hospital VITA) perguntam se a pessoa que fará atendimento é jornalista por formação.
Voltando ao tema do BLuc, acho que deveria haver um critério mais apurado dos delegados, para eliminar das salas de imprensa pessoas que estão ali apenas para atrapalhar, bater palma e/ou debater com o entrevistado, comer, ficar puxando conversa na hora que estamos escrevendo... enfim, os malas.
Porém, já estive dos dois lados ("credenciador" e credenciado) e sei que esse não é um trabalho simples...
Que siga o debate... rs

Claudio Stringari

Erica disse...

Betto, aproveita que tá sonhando e pede um pônei. você acha MESMO que gastariam todo esse tempo e dinheiro fazendo esse cadastro?

Mais fácil continuar na mão dos promotores, né? Afinal de contas, é mais fácil deixar com que cada categoria passe a peneira e diga "quem é jornalista e quem não é". Tem também o lado do promotor...pra ele, é bom ter sala de imprensa cheia, mesmo que seja só pra fazer volume. Mostra quão prestigiado é o evento. Mesmo que seja só espuma...

Sei que não deve ser fácil fazer julgamento do que é ou não é imprensa, de quem é ou não jornalista...mas alguma coisa precisa, sim, ser feita.

Sinto MUITA vergonha alheia quando piloto entra na sala de imprensa e vem um bobo puxando a salva de palmas...é das cenas mais deprimentes do automobilismo, ehehehe.

Mané Brasil disse...

Boa tarde pessoal, tema interessante...tenho amigos dos dois lados, sou radialista e não jornalista, sempre fui credenciado em eventos automobilisticos a partir do momento que criei o Programa Grid Banda B aqui em Curitiba, concordo com nosso amigo Cláudio com relação a questão diploma, uma hora vamos ter pessoas especiliastas no assunto específico, que não necessáriamente deva ser jornalista. Nestes 7 anos de programa fui aprendendo muitas coisas do automobilismo e da postura de um repórter do meio. Claro que também tenho um grande exemplo em casa, pois meu pai só tem 45 anos de rádio. Aprendi o momento de entrevistar, a parte técnica a parte da amizade também. Tudo isso tem a ver com o profissionalismo.
Isso acontece em qualquer segmento. No ano passado com o término do Grid (retirado do ar, por não haver mais interesse da emissora, pois a prioridade é o futebol e jornalismo (vende muito mais))este ano já tive algumas dificuldades em obter credenciamento. Meu foco não é ser assessor de imprensa e sim um informante, um cara que leva a notícia e as entrevistas para os interessados em automobilismo.
Tenho um podcast que é aberto (não deixa de ser um blog especializado) e por isso não sou considerado da imprensa?
Como disse o Cláudio... segue o debate...
Abraço
Mané Brasil

Mateus Longo disse...

Ótimo debate LUC!
Lendo a essa interessante discussão, não poderia deixar de opinar, afinal isso me interessa também. Sempre fui apaixonado por velocidade e desde que pisei no Autódromo de Curitiba, viciei de vez. Acontece que naquela época (1999) pouco se divulgava na TV (parece que estou falando de hoje em dia) e talvez menos ainda na web pois ela ainda engatinhava aqui no brazil-zil-zil àquela época. À medida que meu interesse pelo automobilismo aumentava, eu cada vez sentia mais falta de ter acesso a fotos de eventos aqui, ou em Interlagos, ou qualquer outro autódromo brasileiro. Em praticamente todas as corridas que haviam aqui, eu participava, e levava comigo uma câmera, totalmente amadora, mas era o que tinha - e fotografava das arquibancadas. E criei um site completamente amador para publicar essas fotos totalmente amadoras, pois para mim, e creio que para muitas outras pessoas, existia a necessidade de se mostrar o que acontecia nos autódromos - já que a TV praticamente não mostrava. Resumindo: estou na categoria do fotógrafo que tem site sem relação nenhuma com jornalismo. Onde abro uma questão, fotografia é apenas jornalismo, ou arte também?
Por que apenas o jornalista e o cara que ganha uma merreca por um CD de fotos, como o Vicaria mencionou, merecem credencial? (Aqui apenas mencionei credencial pois é o único meio de ter acesso à pista) Quando de fato o que importa ao fotógrafo é ir para a pista, onde os carros e a ação estão. Cubro eventos periodicamente desde 2004 e já tive muitas credenciais e coletes negados, sob os mais questionáveis pretextos: "site não é jornalismo, é entretenimento" disseram uns, "teu site é pessoal pois não tem notícia", disseram outros. E mesmo assim, ja tirei muito mais fotos por evento que muito fotógrafo-jornalista. E não estou me achando melhor que ninguém aqui, pelo contrário. Já conheci grandes fotógrafos no AIC, como o Rodrigo Ruiz, Vinícius Nunes, apenas para citar os que escreveram aqui. Voltando ao ponto. Só por que meu site não tem notícia, quer dizer que ele não divulga o evento? Não mostra patrocinador? Acho que vou começar a fazer como a emissora GTV: borrar todos os patrocinadores para não expôr nada, já que não estão me pagando.
Outro ponto. Já vi "fotógrafo" chegar na segunda corrida da WTCC, sem ter sequer aparecido anteriormente ao autódromo, e mesmo assim conseguir pegar colete para pista. Como esse é um assunto que vai dar pano pra manga, vou parar por aqui hoje, e torcer que esse debate realmente sirva para mudar essas situações.
Abraços Luc e demais.
Mateus Longo
www.insideracing.com.br

Eduardo Tomedi disse...

eu nao consigo entender por que algumas pessoas tem "aversão" a quem faz blogs, ou sites especializados de automobilismo e não são jornalistas! Esse pessoal critica muito quem não tem MTB, mas eu raramente vejo uma LINHA sendo escrita pelos mesmos....

A "imprensa especializada"(mtbzada) estava lotando a sala de imprensa do Autódromo Internacional de Tarumã? Pois é, não vi ninguém, pra variar, e era campeonato brasileiro? Ele não é importante? Carros de fabricação nacional combatendo a tão temida Ferrari! Mas o povo do MTB estava aonde?

A maioria dos "jornalistas" e agora com aspas, são assessores de imprensa dos pilotos. Não é errado isso, muito pelo contrário. Mas daí qual é o problema deles com os sistes do povo sem MTB? se são esse povo que divulga a sua release todo final de semana?

Acho que passa pela cabeça desses jornalistas que quem tem site está querendo "roubar" os seus clientes, o que pelo menos no caso do Curva1 e VelocidadeSul não se aplica, pois estamos lá por amor, e não pelo dinheiro.

Jornalista de automobilismo tem que estar presente em todas as provas, não só na stock, truck... temos muitos campeonatos rolando no brasil e a "imprensa especializada" não digita uma linha, nem sabe das provas, porque?

Quero ver quantos jornalistas estarão em Tarumã para a abertura do brasileiro de Marcas & Pilotos.

TSM Motorsports disse...

Sou a favor do controle de credencial sim,alias seria justo mesmo ter esse controle,mais o que me deixa bastante intrigado com os alguns jornalistas, que na hora de enviar o release para o site, os ''clandestinos'' não precisam ter o tão falado MTB.

Keka disse...

Algum colega-especializado-em-automobilismo pode me dizer como vai o Campeonato de Endurance do Acre?

Pela atenção, obrigada :)

Anônimo disse...

Estou tentando tirara a tal "Carteira da CBA". Na terça pré- Tiradentes recebi um e-mail do Gonzalez dizendo que os formilários seriam enviados em breve... na outra semana quis saber quando seria este breve; eis que "educadamente" o senhor acessor da CBA me questiona, assim, de sopetão: "Onde você trabalha?" Ora bolas! Isso eu vou preencher no meu formulário, (que possivelmente não chegará). Enfim, respondi a real, que eu trabalhava no Parnaíba WEB (www.parnaibaweb.com.br) e que fazia freela. Agorá... só porque eu não trabalho no New York Times eu não posso tirar uma credencial para cobrir o Paulista, nem o Brasileiro ou qualquer outra corrida por aí? Que "cazzo" é esse(como diriam os meus antepassados da penínsila itálica)? Essa semana eu liguei na FASP, minha credencial tá pronta, só falta ir buscar... pelo menos agora vou tentar escrever mais algumas linhas sobre as categorias desconhecidas do Brasil.

Porr*! Eu tirei credencial para a GT3, que cobra ingresso dos espectadores, e o cara me vem perguntar: "Onde você trabalha?" Até agora eu não recebi a merd* do formulário!

"È un cazzo!"