Hoje, durante o briefing que a direção de prova e a organização do Porsche Cup Challenge fazem com os pilotos a cada etapa, comecei a pensar em um post para enaltecer uma grande sacada da Confederação Brasileira de Automobilismo. Minha iniciativa decorreu do que foi falado na reunião por Cleyton Pinteiro, presidente da CBA, que veio ao Rio de Janeiro para acompanhar as provas da categoria e também da Fórmula Truck - na foto, Pinteiro conversa com o promotor Dener Pires e o consultor Max Wilson, da categoria monomarca da Porsche.
Nada de tão bombástico, tampouco uma grande novidade, embora eu não tenha ouvido nada a respeito até então. Pinteiro anunciou aos presentes que, a partir de agora, piloto nenhum será punido de imediato por atitudes antidesportivas. “Quem tem que apitar na hora é juiz de futebol”, disse, textualmente.
A lógica explicada pelo dirigente é a de que, com vários comissários desportivos em ação, com os relatos dos sinalizadores, com as imagens da televisão, enfim, com a série de instrumentos disponíveis, é possível analisar sem maiores atropelos uma situação de pista e, em eventual conclusão de que houve jogo sujo, punir posteriormente o piloto considerado culpado, com acréscimo de tantos segundos a seu tempo de prova – o que acarreta perda de posições – ou mesmo sua desclassificação da competição.
Muito coerente, a meu ver, o sistema que a CBA põe em prática. Método que diminui bastante o risco de injustiças serem cometidas em prejuízo dos pilotos. Vez ou outra, sempre alguém paga um pato que não deve. Depois, Pinteiro contou-me que isso, que definiu como “nova filosofia” da entidade, já valeu na corrida da semana passada da Stock Car em Curitiba. Vai funcionar em todas as categorias. Bola dentro da CBA.
Pouco mais tarde, em consulta rápida ao Twitter, pude verificar a indignação de alguns colegas de automobilismo com outro novo sistema que parece estar sendo implementado pela CBA. Já ouvi muito a respeito, aliás. Quer-se diminuir em quantidade o credenciamento de jornalistas. Vi e ouvi relatos de que no Brasileiro de Endurance, em Tarumã, o acesso ao credenciamento foi dificultado sob a prerrogativa de que, a partir de agora, só serão credenciados jornalistas formados.
Não só por ser declaradamente contra a exigência do diploma para qualquer aplicação na atividade jornalística, mas vejo aí um descabimento total. Pessoas que divulgam a vida do automobilismo, que mantêm seus públicos e levam a tantos quanto possível o que ocorre nas pistas de corridas não devem ser combatidas pela CBA. Deveriam, no mínimo, ter um sorriso de incentivo. Mesmo blogs, embora poucos, proporcionam muito retorno ao automobilismo. E o automobilismo, convenhamos, está carente de mais espaço nas mídias.
Ademais, embora isso não tenha nada a ver com o assunto que trato aqui, estamos falando de um evento de âmbito nacional que tem inscritos apenas 10 carros. Outros 14 estão na pista, inscritos apenas em prova de nível regional.
Tudo que posso dizer com certeza é que a CBA, através de sua assessoria de imprensa, emitiu comunicado na última semana instruindo jornalistas a solicitarem por e-mail um formulário que deve ser preenchido e devolvido, para que haja algo como uma credencial chancelada pela entidade para atuação nas provas por ela reconhecidas. Não ficou claro se isso substituirá o credenciamento de jornalistas pelas assessorias de imprensa das próprias categorias – como, aliás, sempre ocorreu.
Cabe-me frisar que o que ouvi e li foram relatos de pessoas que manifestaram dificuldades quanto a isso. O sistema é, sim, absurdo, mas não há indício concreto de sua colocação em prática. Devo, pois, seguir o exemplo da CBA quanto ao novo método para aplicação ou não de punições a pilotos, devo analisar todos os fatores com prudência antes de emitir meu indesejável veredicto. Melhor meio para isso não há do que consultar o próprio presidente Pinteiro a respeito. Farei isso amanhã, no autódromo, aproveitando que já combinei com ele algo como uma reunião para um outro procedimento. Pinteiro, e isso admiro nele, é sujeito de bom papo e, a meus olhos, jamais fugiu de um questionamento. Trarei aqui no BLuc a posição do presidente.
Não tenho posicionamento político com relação a Cleyton Pinteiro ou qualquer outro diretor da Confederação. Meu partido, nisso tudo, é o mesmo de quase todos os colegas, é o dos que querem que o automobilismo brasileiro vá bem.
3 comentários:
Acho muito certo o controle de credenciais mais deveriam realmente ver quem faz manterias e divulga mesmo o automobilismo independente de ser jornalista formado ou só alguem que gosta de automobilismo.
Também ver muitos que só pedem credencial pra fazer uma boquinha livre na sala de imprensa e tirar fotos pra colocar no orkut e falar que esteve no evento fazendo a cobertura.
Bola totalmente fora da CBA. Incidente de pista deve ser pago em pista. Automobilismo não é futebol.
Na versão virtual do Automobilismo, por muito tempo se usou esse sistema de acréscimo de tempo ao piloto infrator e concluímos:
1) O piloto infrator sabe exatamente quanto tempo ele deve abrir ao prejudicado para que a punição perca o efeito.
2) É comum o piloto infrator se manter na pista e cadenciar (mesmo que sem querer) o ritmo do piloto prejudicado, influenciando diretamente a prova deste.
Nesse 2º caso, se o infrator é tirado da pista por um tempo, ele libera trafego e não interfere mais na corrida do prejudicado.
3) Criou-se "subdivisões" das punições, o que gerou abusos por parte dos pilotos. Por exemplo: Pequenos cortes de pistas somavam +5seg/corte.
Nesse 3º caso, os pilotos "contabilizavam" as punições e passavam a abusar de pequenas infrações para melhorar o tempo de prova.
Hoje, o Automobilismo Virtual vai de encontro a CBA. Treinamos Diretores de Prova especializados em competições virtuais capazes de decidir in loco as punições
Tudo basicamente para "reservar a pista" a quem é de fato esportista. Resultado: corridas cada vez mais limpas pelo rigor.
Há o risco do equívico? Há, mas ele é minimizado com treinamento e capacitação.
Em suma, se um piloto faz outro rodar, jogando pro fim do grid e o infrator se mantem na frente, perto dos carros que andam no mesmo ritmo que ele, seu resultado final, mesmo com o acrescimo de tempo, será melhor que o piloto que ele prejudicou, pois o prejudicado teve que passar por carros mais lentos, o que influencia o seu tempo de prova ser maior do que realmente poderia ser.
Quando se força o piloto infrator a pagar a punição em prova, automaticamente ele é jogado pro fim do grid e passa pelas mesmas dificuldades que o piloto que ele prejudicou passará no decorrer da corrida.
punir apenas após a prova tem um lado bom (poderem avaliar melhor o ocorrido) e um lado ruim (o piloto pode acabar prejudicando outros pilotos, vai ter retorno de midia por continuar na pista...)
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o credenciamento de imprensa da cba pode ate ajudar a filtrar melhor quem frequenta a sala de imprensa nas corridas, mas tem que ser feita de maneira correta pois tem gente que nao tem diploma e realmente gosta e entende de automobilismo e faz um trabalho muito melhor do que jornalistas formados e que trabalham para grandes veículos de comunicação.
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