segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Franceses e corridas

Achei antipático da parte do garoto quando aparentemente esnobou meu pedido de observar o bordado de seu boné de corridas. Mas logo percebi que ele não tinha era entendido o que eu queria.

A moça que o acompanha, que intuí ser sua mãe, também percebeu e me perguntou, num sotaque bastante carregado, se falo português. Respondi que sim, claro, embora o fale mal e porcamente. O garoto não fala.

Enfim, uma família de franceses que toma o caminho de volta às cercanias de Paris após alguns dias em São Paulo. Dorian, o garoto, tem 10 anos e é tarado por corridas de Fórmula 1. Seu boné faz alusão a Lewis Hamilton e à McLaren-Mercedes. Usando a mãe Fabiènne como intérprete para um inglês que ela demonstra praticar bem mais do que eu, contou-me orgulhoso que tem também uma camiseta da equipe. “Meu namorado comprou para ele quando esteve em Barcelona”, ela revelou.

E por que cargas d’água um garotinho francês reverenciaria um piloto britânico, afinal? “Porque o Lewis é o melhor do mundo”, lascou Dorian, e isso deveria me ser óbvio, ora. Eu, que não tenho bonés nem camisetas de F-1, contei a ele que trabalho com corridas, narro várias delas para plateias bem específicas aqui no Brasil, o que despertou algum interesse de seu tio Thierry, irmão de Fabiènne e marido de Beatriz, a quarta integrante do time.

Thierry – que fez questão de frisar ser homônimo de Henry – conhece em Interlagos. Não conhece, mas conhece. Já viu pela televisão. Tomara que não tenha sido na corrida de 1990.

Corridas são uma coisa legal. Até servem de assunto para gentes que nunca se viram antes, e que nunca vão se encontrar de novo.







Tierry, Beatriz, Fabiènne e Dorian, gente que nunca mais vou ver e a quem só posso desejar uma boa viagem de volta e uma boa vida.

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