Nilson Gomes Vieira é um papa da arquitetura no Paraná. Não sou eu quem vai contar a história dele para os que não a conhecem, minha competência não chegaria a tanto. O portfólio dele diz bem mais. Hoje, depois de anos, revi o Nilson, que desde algumas semanas atrás é nosso vizinho de porta aqui na galeria onde temos nossa agência jornalística.
Sujeito de bom papo, Nilson veio aqui para uma conversa despretensiosa com meu sócio. Política da boa vizinhança, sabe como é. Em dado momento, quando me incluíram na conversa, disse que já havia trabalhado pra ele. Ao semblante de estranheza, aquele de quem pensa “de onde conheço?”, refresquei-lhe a memória citando determinado período de 1992, quando cumpria meio período no escritório dele. “Você é o menino que trabalhava no jornal!”, ele reconheceu. Fiquei grato pelo “menino”.
Àquela época, primeiro ano do segundo grau, uma denominação que não se usa mais, eu cursava Técnica em Edificações. Na teoria, era minha incursão no mundo da engenharia, onde me meti por aconselhamento de amigos pela habilidade que tinha com os traços. Na prática, se tivesse concluído os três anos de curso, dele sairia credenciado a trabalhar como mestre de obras e, com dedicação, uma boa base para uma faculdade de Engenharia. A vida me deu outros rumos, é sabido.
Foi lá no colégio Polivalente que meu total desinteresse por determinada palestra sobre biologia (pra que estudávamos biologia num curso direcionado à engenharia?) me levou a rabiscar alguns desenhos bobos numa folha em branco de uma apostila. O rapaz ao lado achou interessantes os meus desenhos e pediu para eu ligar no dia seguinte. Era Marcelo, filho do Nilson, acabo de saber que hoje vive da área de educação física em Curitiba. No dia seguinte telefonei e fui convidado para trabalhar na NGV Arquitetura. Desenhando castores.
Tinha de 14 para 15 anos e passei semanas no estúdio do Nilson despendendo manhãs a desenhar castores. Em todas as situações que eu pudesse imaginar, foi isso que Nilson me pediu. Desenhava castores pela manhã, comia um cheese-salada e ia para a redação do jornal, onde gastava o resto do dia até a hora de ir para o boteco. Adolescentes de 20 anos atrás tinham rotinas interessantes, é o que eu sempre digo.
Na visita de há pouco, lembramos dos castores. Do castor. Ganhou um nome, Castorino, e até hoje é utilizado pelo Nilson nos materiais impressos dele – correu ali na sala dele e trouxe-me um prospecto. Duas décadas depois, observem só, fui rever o Castorino. Há mais no impresso que ganhei, chegando em casa eu compartilho mais alguns por aqui.
Os dois filhos do meu sócio, que também dão expediente aqui na agência, cursam Arquitetura na faculdade. Os dois têm, ali do outro lado do corredor, um acervo riquíssimo para estudos.
Acho que o Nilson não vai ter muito sossego daqui por diante.
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