Costumo ser crítico contumaz do comportamento dos usuários de motocicletas, que divido entre motoqueiros, a maioria, e motociclistas, infelizmente uma faixa minoritária. Acima disso, costumo manifestar minha indignação com a inaceitável falta de uma política de fiscalização por parte da Cettrans, autarquia que gere o trânsito de Cascavel e cuja atuação volta-se exclusivamente aos carros que utilizam o estacionamento do EstaR sem o uso do cartão.
Como seguramente já escrevi algumas vezes, cruzar sinal vermelho, dirigir em alta velocidade, trafegar na contramão e várias outras condutas são aceitas livremente em nossa cidade, que sonha ser grande e pensa pequeno. Tudo que não se pode, em termos de trânsito, é usar estacionamento sem pagar o cartão da Cettrans - o que, reitero, não é errado, mas toda essa energia de fiscalização deveria ser melhor canalizada. Não o é.
Agora, a impunidade – palavra cabível para ser estampada no brasão oficial do Município – dá margem para tiros no trânsito. Quem narra a cena é meu cunhado, que disse tê-la testemunhado a cerca de 100 metros de distância.
Início da noite de ontem, rua Rio Grande do Sul, trecho que antecede o cruzamento com a avenida Tancredo Neves. Um motociclista com sua Honda Biz, levando caroneiro, diminui a velocidade para transpor uma lombada. Logo atrás, o motorista de um Corsa preto, em alta velocidade, freia bruscamente e arrasta os pneus travados no asfalto. Consegue evitar a colisão. Lombada transposta, o motorista ultrapassa o motociclista, que faz-lhe um sinal com a mão. A reação do motorista foi bloquear-lhe o caminho com o carro. Colisão lateral, os dois passageiros da moto caem.
O motorista desce do carro, vai até onde estão os dois caídos e dispara um tiro contra um deles. Pergunto a meu cunhado se ele tem certeza de que foi um tiro, afinal estava a um quarteirão de distância. Pelo gesto do motorista e pelo “estouro”, ele me confirma, foi um tiro sim. Em seguida de que o motorista entrou no carro e deixou o local, novamente em alta velocidade.
Espero estar narrando aqui algo que não tenha ocorrido de fato. Testemunhos desta natureza só devem ser considerados se acompanhados de provas. Mas meu cunhado não é vândalo, tampouco mal-intencionado.
Teria ele testemunhado mesmo um tiro depois de uma aula de banditismo? Marginais, há em todo lugar, é sabido. Mas Cascavel está se tornando definitivamente o lugar onde não quero deixar meu filho crescer.
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