Recebo gentil e-mail do colega Wagner Gonzalez, jornalista que responde pela assessoria de imprensa da Confederação Brasileira e Automobilismo. Identificando no campo "assunto" de sua mensagem a referência ao texto publicado aqui no BLuc na segunda-feira, sobre as mudanças nos procedimentos de credenciamento de jornalistas para atuação nos eventos de automobilismo, imaginei que pudesse vir bomba.
Na verdade, não. Veio, sim, um posicionamento de Gonzalez sobre o que escrevi e sobre o que vários outros colegas jornalistas comentaram a respeito do assunto, que é de interesse de toda a classe.
Enfim, saúdo Gonzalez e agradeço seu contato. Abaixo, na íntegra e sem edições, o conteúdo de seu e-mail:
"Notei nos comentários informações equivocadas, boas idéias e um fato conclusivo: essa credencial é um documento bem-vindo.
Como informações equivocadas discordo que, como você escreveu, “uma foto pendurada na parede” seja jornalismo. Isso é publicidade. Refuto a afirmação que “a credencial da CBA nunca valeu nada”. Quando o mineiro Carlos de Lima Cavalcanti acreditou menores com menos de dez anos de idade a passear pelos boxes de Jacarepaguá com a credencial da CBA começamos a perder a seriedade que o documento trazia. Entre outras coisas ela dava acesso a todos os autódromos nacionais, inclusive durante o GP do Brasil de F1.
Cabe dizer que isso não é exclusividade nacional: quando fiz parte do Comitê de Imprensa da FIA, nos anos 1980/1990, me deparei com muitos pedidos vindos de indivíduos que adoravam ostentar essa credencial e que pareciam verdadeiros colunistas sociais: sabiam de todas as festas e bocas livres, mas não escreviam uma linha ou mandavam um boletim para onde quer que fosse. Exatamente por isso surgiram controles particulares que são exercidos com rigor proporcional à necessidade definida por cada promotor.
O debate gerado neste espaço é sadio, traz pontos que devemos considerar e que, bem digeridos e consumidos, serão úteis para resgatar muito mais que o documento que atesta a quem possa interessar que o portador é jornalista de boa fé. Quando iniciamos esse trabalho deixei claro ao presidente Cleyton Pinteiro que estávamos iniciando um trabalho difícil e não tão curto, porém absolutamente necessário. Aqueles que acreditam que podemos fazer algo de bom são bem-vindos a colaborar com críticas e sugestões. Aos que “sabem” que esta iniciativa não vai dar em nada lembro que poderiam aproveitar melhor seu tempo apresentando uma solução que eles mesmos acreditem.
Wagner Gonzalez
Assessor de Imprensa
Confederação Brasileira de Automobilismo"
De minha parte, caro Wagner, friso apenas não ter afirmado que a "foto pendurada na parede" é jornalismo - escrevi, sim, que ela gera retorno. E identifico em uma frase de sua declaração que penso resumir o espírito de seu contato: "Aqueles que acreditam que podemos fazer algo de bom são bem-vindos a colaborar com críticas e sugestões."
6 comentários:
Caro Wagner!
Se precisar de ajuda nessa empreitada (tornar a credencial de imprensa da CBA respeitável e válida em território nacional) pode contar comigo para o que for preciso. Estou à disposição!
Mais importante do que falar é ajudar a resolver, certo?
Abs.
Luc, Betto, Wagner e demais debatedores, aí estão minhas sugestões, para que ninguém diga que sou um crítico acomodado...
1 - Podemos nos unir, propor, reivindicar, gritar e espernear. SE OS PROMOTORES DOS CAMPEONATOS NÃO RESPEITAREM A CREDENCIAL DE IMPRENSA DA CBA NÃO ADIANTA NADA!
2 - A CBA, como entidade máxima, deveria se impor e, de forma ditatorial, impor essa regra - assim como outrá as tantas que as categorias precisam seguir. Não me preocupo com quem deve ou não ser credenciado, pois tenho certeza que o Beegola, com a larga experiência que tem, fará isso com muita propriedade. O tal "separar o joio do trigo". Aliás, tenho uma pergunta: Por que os sites que fazem apenas "Control C + Control V" precisam estar presentes aos autódromos? Se não tem produção, se apenas copiam os releases que recebem, para que ir até lá? Uma das regras deveria ser essa. Quer estar na pista, produza. Como fazem, Grande Prêmio, Tazio, Globo Esporte.com, etc...
3 - Na etapa de Curitiba do WTCC deste ano presenciei uma cena lamentável. Um dos vice-presidentes da CBA foi barrado por um segurança na entrada do camarote do HSBC. Ele disse que o Sr. Cleyton Pinteiro estava lá dentro e que precisava estar junto dele. O segurança disse que infelizmente não poderia liberar. Ora, se até o vice-presidente da entidade máxima do automobilismo nacional é barrado, imagine nós, meros escribas...
Espero, de verdade, que essa discussão resulte em algo bacana. E que nossa classe (de comunicadores do automobilismo) seja mais respeitada dentro dos autódromos.
Esse Claudio aí em cima sou eu, o Stringari...
Luc, Cláudio e demais colegas,
Acredito que deixar a tarefa de separar o "joio do trigo" EXCLUSIVAMENTE para o Wagner desnecessária. Isso o colocaria na berlinda e na mira dos insatisfeitos. Sugestão: que seja criada uma comissão de notáveis, com cinco ou sete (número ímpar) para se definir estes nomes. A inclusão ou não de algum jornalista seria responsabilidade de um grupo e não de apenas UM. O que acham?
Discordo de sua ideia, Betto. Aí, é a comissão de "notáveis" que fica na mira. Seria uma forma de se alastrar a possibilidade de contratempos. O delegado de imprensa da CBA, a meu ver, deve ter sua autonomia integralmente preservada. Unanimidade, ninguém vai conseguir, isso é fato.
Seja o Beegola, o Luc, o Betto, a Glauce, o Cláudio, qualquer que seja, vai seguramente agir com máxima prudência.
Esse trabalho, todos sabemos, é um tremendo presente de grego, mas tem de ser feito e quem for fazê-lo vai seguramente adotar o máximo critério para assegurar o acesso a todos que tenham de estar em um autódromo num fim de semana de corrida.
E, cá entre nós, Betto, você acha mesmo que algum de nós é "notável"?...
Hahahahaha... Não acho, não... Tenho CERTEZA!! Não tem um jornalista de automobilismo neste país que não seja "notável". Só tem "peça rara".
Quanto a sua colocação: queria saber a opinião do Wagner...
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