sexta-feira, 14 de maio de 2010

Foz, a cidade veloz

Hoje, tive de ficar um tempo a mais no aeroporto de Foz do Iguaçu, uma presepada que não entendi, mas que já contei no “Conta-Gotas”. Durante a espera extra, em vez de um chá-de-cadeira, tive um longo bate papo com Marcelo Angeli. Um sujeito atencioso, que para pagar as contas de casa atende como gerente de aeroporto pela TAM, mas para curtir a vida é presidente da Associação de Esporte Motor Dirceu Coimbra Neto, que vem a ser um dos dois clubes de automobilismo da cidade.

Marcelo um tonto por automobilismo; eu, outro. O papo não teria hora para terminar. Ou teria, como teve quando chamaram o embarque. Antes disso, contou-me em detalhes os planos que os automobilistas de lá tentam pôr em prática, a passos lentos e sólidos, para Foz entrar enfim na lista de cidades brasileiras dotadas de autódromos.

Todo entusiasta de alguma causa segue por excelência a tendência de exagerar no tom otimista quando se agarra a expectativas. Comento aqui o que concluí das explanações de Marcelo, já descontando o que possa, devida ou indevidamente, ter considerado exagero da parte dele.

O plano iguaçuense para o automobilismo, em primeiro lugar, é sólido. Motivo pelo qual é lento. Não será cumprido nem em curto e nem em médio prazo, segundo admitiu Marcelo. A ideia toda não se resume à construção de uma pista de corrida. O plano aponta para um complexo esportivo completo, dotado de pistas específicas para arrancada, motocross, velocidade na terra. Kart, não, porque Foz já tem kartódromo, o do Flamengo – onde corri em 1994, fiquei em sexto na segunda etapa da Copa Tarobá e comemorei o fato de não ter rodado em nenhuma das 23 voltas.

As opções de áreas para edificação desse complexo todo são próximas ao lago de Itaipu, o que viabiliza, também, emprego da estrutura planejada para suporte a competições de jet ski (eu nunca soube como se escreve, acho que é mesmo “jet ski”), motonáutica e várias outras modalidades aquáticas – Marcelo citou uma a mais entre os exemplos que deu, não lembro agora. Falou, inclusive, em um evento do Red Bull Air Race, aquela corrida de aviões que o Rio de Janeiro acolheu semana passada. Indicou com o dedo, na tela do computador, algumas opções de “traçados” para a corrida aérea. O tal Google Maps, aliás, é uma mãe, eu nunca o tinha usado.

Hoteis, área para camping e galpões que vão servir como oficinas-modelo, também destinados ao ensino do ofício técnico a jovens da cidade – a função social, revelou-me Marcelo, será contemplada mesmo que na marra. E mais uma série de outros detalhes. Eu estava batendo papo, e não fazendo entrevista, por isso não anotei absolutamente nada. Não queria anotar.

Verdade seja dita, ainda não há nem área definida, oficialmente falando, para o que se espera transformar num complexo automobilístico. Há tempos se fala na construção da praça esportiva na cidade, milhares de carros circulavam, não sei se ainda circulam, com o adesivo “Foz – Autódromo Já!”. Foi nessa questão que levantei o dedo para Marcelo Angeli. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas e a grana pra tudo isso, xará? Sem dever, o “Capitão”, como o apelidei, explanou algumas coisas. Que são problema dele e de quem vai ser parceiro dele na empreitada.

Até para não cair em mais lugares-comuns do que aqueles a que sempre recorro, não me cabe firular sobre o potencial turístico de Foz, sublinhado pelas Cataratas aí de cima, só não mais famosas que as do Niágara, e por Itaipu, maior hidrelétrica do mundo, a da imagem logo aí abaixo. Sua soma ao advento de uma praça automobilística seria suficiente para um estardalhaço homérico, digamos assim.

Alguns minutos de conversa não foram suficientes para Marcelo Angeli tentar me colocar na cabeça todas as ideias que ele e o grupo de abnegados iguaçuenses têm para o automobilismo na cidade. O “Capitão”, ainda assim, não disfarça falsa modéstia. Primeiro, conclusão que eu mesmo já havia tirado, arriscou que o autódromo de Foz vai dificultar bastante as coisas para Cascavel e Londrina, onde também há pistas, já bem mambembes. Depois, falou que, quando a coisa toda estiver concluída, São Paulo vai ter que dançar miúdo para manter a sede do GP brasileiro da Fórmula 1.

É um povo peitudo, esse de Foz que olha para o automobilismo. Resta ver quão longa – ou curta – será a distância do discurso à prática.

Se querem saber, torço por Foz.

1 comentários:

Anônimo disse...

Luc, boa tarde...e que nosso Brasil benca o Chile...


Acabei de ler a sua postagem, e muito me agrada ver que não sou o unico sonhador e visionário quanto à optencialidade do esporte motor e da amada Foz do Iguacu.

Somo sabedores que uma andorinha só não faz verão... porém, uma andorinha faz a sua parte,e o bando todo cumpre a missão.

Nosso primeiro passo, nesta jornada, foi conseguirmos aliados, também visionários, como vossa pessoa, o Jorjão e nosso salvador, Gilmar Piolla, superintendente da ITAIPU.

Já estamos planejando nosso segundo Festival de Arrancada da Terra da Cataratas, onde conto com a vossa honrosa presença.

obrigado pelo apoio.

um abraço

Marcelo Angeli