Para quem vive no interior, as apropriações das conquistas alheias são ainda mais recorrentes que o sentimento ufanista que é característica forte, por exemplo, do meio esportivo. No esporte, sempre faço alguma alusão a isso, estão em voga desde sempre as “nossas” conquistas no futebol, no automobilismo, no vôlei, embora nós não tenhamos conquistado nada, os feitos são de compatriotas distantes.
A lei aplica-se cá em Cascavel. Hoje cedo, por exemplo, encontrei no boteco do café o Bera, lutador de jiu-jitsu, há dias foi quinto colocado no Campeonato Europeu, em Portugal. Um cascavelense foi destaque na Europa, sofreu para vencer dois brasileiros, surrou com alguma facilidade um francês e um ucraniano, perdeu a final de sua chave. Senti-me orgulhoso pela façanha atingida no Velho Mundo por um sujeito que toma café no mesmo boteco que eu.
Eu, que trabalho com automobilismo, tenho me orgulhado bastante, há anos, de feitos que não são meus. Há até uma definição bem grotesca para tal, poupo o texto de sua citação por haver mulheres na parca audiência do BLuc. Pilotos daqui que são destaque no Brasil e no mundo, Jaime Melo, Pedro e David Muffato, Marco Romanini, César Valandro, André Pedralli, Guilherme de Conto, a lista é grande. São cascavelenses, gente nossa, e o que eles fazem de bom é mérito meu, também, é o que chego a pensar, mesmo ciente da incoerência implícita no ponto de vista.
Hoje, tenho a comemorar mais uma conquista. Osires Júnior, parceiro dos bons e nome forte do rádio paranaense, será o ilustre cascavelense na Copa do Mundo de 2010. Embarca em poucos dias para a África do Sul, de lá vai narrar uma penca de jogos do Mundial para uma rede que contempla emissoras de Recife, Aracaju, Curitiba e, segundo ele próprio, “mais umas 50”.
Dobrei com Osires Júnior a editoria esportiva do jornal O Paraná por cinco anos, parceria de sintonia desde o início, embora o meu forte fosse jornal e o dele, rádio. Fez por merecer a duvidosa honra de ser intitulado “camarão”, uma condição que outorgo a poucos parceiros, algo que denota predicados em alto grau. Se você não é um camarão, não desanime, poderá vir a sê-lo num futuro próximo. E também prezo os não-camarões.
Osires, que também assina o site de noticiário esportivo Radiogol, fica desde já incumbido de nos informar quais serão os jogos que vai transmitir, e por qual site poderemos ouvi-lo. Seguramente, farei durante a Copa o mesmo que fiz num clássico no ano passado, até recomendei a opção aqui.
Deixo meus óbvios votos de sucesso ao calvo camarão. Competência para segurar a peteca, tem de sobra. Se vai faturar alto, não sei, arrisco até a dizer, pelo que dele conheço, que sobrepõe o objetivo profissional aos trocados que possa amealhar. E deixa a galera daqui com a sensação de que Cascavel está, sim, bem representada na Copa.
Mania feia essa de se apropriar dos méritos dos outros. Talvez um dia eu também conquiste alguma coisa que dê orgulho a alguém próximo.
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