Não sou exatamente um amigaço do Otávio Mesquita, o que não me impede de avaliá-lo de algumas formas, sobretudo pela convivência de três anos no automobilismo – Otávio, é sabido, alterna sua agenda entre os programas na Rede Bandeirantes e a atuação no automobilismo.
As atribuições de 24 anos na televisão conferem a Otávio alguma habilidade em jogo de cena, é uma ferramenta de trabalho. Mas não é difícil notar nele doses de sinceridade. Três exemplos que presenciei foram marcados por lágrimas que, a mim, pareceram bastante sinceras.
Primeiro, em 2008, quando dividiu com Emerson Fittipaldi a então equipe WB/Porsche no GT Brasil. Travou um bom duelo com o então companheiro do equipe, levou a melhor em vários momentos, tentou descrever a corrida com bom-humor mas não conteve sua emoção pessoal e acabou indo às lágrimas. Depois, ano passado, quando aproveitou um briefing do Porsche Cup para comunicar aos colegas de pista que aquela seria sua última corrida na categoria. Tentou conduzir a despedida em clima de gozação, não conseguiu. Caiu em prantos, prometeu que tentaria um pódio. Foi terceiro, seu melhor resultado no ano.
Hoje, depois da corrida que abriu a temporada do Itaipava GT, Otávio pediu-me que lhe passasse a palavra – no caso, o microfone da locução de arena. E fez um desabafo. Contou ter prometido no programa de TV, durante a semana, a conquista de um pódio na abertura do campeonato para dedicá-lo a Gustavo Sondermann, morto no último domingo num acidente ali mesmo, em Interlagos. Conseguiu dois – foi quinto em sua categoria, a GT4, e quarto na classificação paralela da GT4 Master. “Olha aqui, dois troféus, esses são para o Gustavo...”, foi o que conseguiu dizer. Puxou fôlego para tentar conter o choro, não conseguiu.
Otávio era, de fato, bem próximo a Gustavo. E eles dois, Otávio e Gustavo, eram os companheiros de equipe de Rafael Sperafico quando do acidente fatal em 2007. “Vocês podem imaginar como está minha cabeça. É assim que quero me despedir de mais esse amigo. Esses troféus são dele”, falou, num segundo stint ao microfone.
E desceu as escadas, cabisbaixo, em direção a seu box. Chorando.
1 comentários:
lembro em 2007, quando houve o acidente do rafael, o otavio passou atras do nosso box (eu trabalhava na equipe powertech) aos prantos pois ele tinha parado o carro proximo ao carro do rafael e foi o primeiro a ver a cena...
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