quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pintando o sete

CASCAVEL - Tenho especial admiração pelo trabalho de artistas de rua. Geralmente pela autenticidade do que apresentam, seja por expressão plástica, corporal, musical, performática. Parecem ser pessoas que percebem do mundo mais que o mundo ousa mostrar, os artistas de rua.

Considerações atiradas ao léu, enfim. Hoje conheci um artista de rua. Mais um. E quando digo artista, deveria assim defini-lo com letras maiúsculas, só não o faço para não representar gritos. Gris Vicencio, seu nome. Chileno que não vê o Chile há três anos, que diz ser também de Buenos Aires, que mora no lugar para onde o vento aponta, são palavras dele próprio.

Chamou-me atenção o Vicencio num dos bancos do calçadão central, ao fim da tarde, rabiscando qualquer coisa, cigarro apagado à mão, e assim permaneceu até que fui embora depois de uns bons minutos de papo. Qualquer coisa é indelicadeza da minha parte, um injusto desdém; isso já ficou claro, claríssimo, a partir da caricatura da jovem apoiada no pé do banco, que foi o que me chamou atenção à distância.

De perto, pareceu-me pouco provável que aquele quadro de uma família inteira, aparentemente casal e três filhas, tivesse saído daquele instrumento simples com miolo de carvão vegetal. Gris Vicencio, com modelo ao vivo, diz levar qualquer coisa em torno de 30 minutos para confeccionar uma caricatura como as que estão logo abaixo. Prefere, inclusive, que seus clientes façam pose, embora reconheça a maior facilidade de desenhar tendo fotos como referência. "Principalmente niños, que se mexem muito", observou.

Logo aqui abaixo, algumas das obras do Gris, que ele portava lá no calçadão. Primeiro, claro, Lennon, em traços perfeitos. Lá ao fim do post, Lucía, namorada argentina do Gris. "Fez essa com modelo ao vivo, claro", arrisquei, para pronta confirmação. E as duas moças das outras caricaturas? Será que alguém aqui sabe de quem se trata?

























A vida é um tanto canalha com artistas. Um sujeito de talento em doses cavalares como Gris Vicencio tinha de estar rico. Falo de dinheiro, claro - uma caricatura como a de Lennon, ou de uma das moças, custa 40 reais. Deveria valer cinquenta vezes mais, no mínimo. "Se cobrar mais ninguém paga", sorriu. "Então, vou fazendo e as pessoas compram. Esse aqui, por exemplo, eu vou entregar daqui a pouco. São cinco pessoas, então o preço é um pouquinho melhor", disse. Não quis saber quão melhor.

Quem se dispuser a se deixar retratar pelo chileno que vai para onde o vento leva deve procurá-lo no calçadão de Cascavel, ali por perto da travessa Padre Champagnat. Ele estará nalgum daqueles bancos, desenhando. "Fico aqui das dez da manhã até a noitinha", anunciou. Gris mantém esse perfil aqui no Facebook, também, fez questão de frisar isso.

Vou encomendar minha caricatura ao Vicencio. Vai que ele consegue me deixar mais simpático.

3 comentários:

Anônimo disse...

gran artista y mejor gente

alejandro de newells

dieyoung disse...

mejor gente em primer lugar
buena onda, pura vida
un hombre bueno acima de todo
!!

Unknown disse...

Perfeito gosto do seu trabalho.