segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Sem ninguém para dividir a curva

Texto de Bruno Mantovani

Sim, estou falando de automobilismo. Mas hoje o brasileiro na sua grande maioria não sabe o que é ou como funciona.

Me sinto um E.T. quando converso com meus amigos e conhecidos do dia-a-dia e tudo é assunto, menos F1. Até porque a grande maioria nem faz ideia de que existem outras categorias.

Me sinto um estranho quando a conversa na roda de amigos vai de pilates até MMA, passando por NFL e NBA. E claro, futebol. A finalização do oponente ou o touchdown está na boca do povo. A péssima arbitragem no campeonato brasileiro é mais assunto até do que a história que o Neymar vem fazendo nos gramados. Mas ninguém fala do KERS ou da asa-móvel.

A F1 vive um momento mágico. 2012 será a temporada lembrada daqui há 50 anos talvez como a mais memorável da história.

Seis campeões na pista, corridas memoráveis, um equilíbrio sensacional no começo da temporada, a afirmação de um gênio com seus bois vermelhos.

A corrida em Abu-Dhabi foi umas daquelas de se assistir em pé em frente a TV. Mas aqui por terras tupiniquins não repercutiu.

Uma pequena reportagem no "Fantástico" e outra no "Globo Esporte", mais por cumprir o contrato com os patrocinadores da categoria do que para os fãs, foi o máximo que ouvi falar sobre a F1 na TV.

Não ouvi ninguém falar do Alonso ou do Vettel na padaria ou na escola do meu filho. Muito menos do Raikkonen (Quem?, muitos iriam me perguntar).

Brasileiro na sua maioria não gosta e não entende de F1. Nunca gostou!

Gostava do Senna. Gostava de ver o brasileiro com a bandeira em punho, levantando a moral de um povo sem auto-estima no fim dos anos 80, começo dos ano 90. O Brasil sofria da síndrome do terceiro mundo. Se achava um incapaz, um coitado.

Mas via em Senna, com suas vitórias, uma maneira de se alegrar. Ainda mais em uma época de resultados frustrantes para o futebol canarinho.

Outro dia disse a um colega que conheci Emerson Fittipaldi pessoalmente. O sujeito, com seus 35 anos, não sabia quem era o Fittilpaldi. Pásmen, não sabia que era brasileiro. Parece piada, mas é verdade.

Mas hoje podemos contar com a internet para "viver" n'uma comunidade, não é? Não, não é.

Tenho muitos amigos aqui no Facebook devido ao automobilismo, mas quantos são realmente os que gostam do esporte? Um universo de mil, dois mil, 4 mil pessoas?

O Brasil tem hoje 200 milhões de habitantes e mesmo com uma ferramenta como o facebook eu só conheço mil pessoas que gostam de um esporte como a F1 nesse país.

Temos 2 pilotos na maior e melhor categoria do automobilismo. Mas é como se não existissem.

Como não vencem, não são como o "Senna", brasileiro não perde tempo com esse tipo de bobagem. Ver carros andando em círculo? Pra quê?

Enfim, aqui não há uma cultura do automobilismo. Diferente de países como Espanha, Inglaterra, Itália, Polônia, Japão e muitos outros.

Gostar de F1 no Brasil é não ter ninguém para dividir a curva.

Bruno Mantovani é designer gráfico, criador dos Pilotoons e, como deixa claro, um desafortunado fã do automobilismo

3 comentários:

Cesar G. Novak disse...

Imaginem então, das vitórias no braço de Nelson Piquet, e, seus pegas com Nigel Mansell e Alain Prost. Quem lembra do primeiro título no N. Piquet, quando saiu do carro praticamente desmaiou, tal era o cansaço de correr em um autódromo ao lado do deserto de Las Vegas. Isso também é Fórmula 1, que para min tinha mais emoção, do que nos anos dourados do Senna, e, a aberração do Galvão Bueno.
Mas, bem lembrado, foram épocas em que se valorizava o simples de o país ter um piloto disputando um campeonato de F-1. Hoje, dá-se mais valor à essas lutas de UFC, MMA, que para min nada mais é do que um esporte de quem não tem valor por si, por que ficar um batendo no outro até o nocaute, nem mesmo Tyson e Holifield eram tão sanguinários.
O que me deixa hoje feliz, é saber que temos uma praça de automobilismo próximo onde moro que voltou a dar alegria a população de nossa região, que ainda respira um pouco de cheiro de borracha queimada e lona de freio, no autódromo de Cascavel. Como o diz o Luciano Monteiro, se investirem um pouco mais, Cascavel vai dominar o mundo no Automobilismo.

vitorio soder disse...

Nem li seu texto por completo luc...
mas não é só por ai cara que as pessoas cada vez menos se interesam por automobilismo.....eu digo que sou um cara doente por motor eu tenho só 4 amigos cara que gostam como eu gosto e ta cada um de nós pra cada canto por causa de nossos trabalhos este ano ja vai fazer 3 temporadas que nao olharemos as 12 hrs de taruma por que a correria é grande isso na vida é um trauma que esta deixando sequelas pode acreditar luc vc acha que ficar olhando só as fotos e videos..fico de cara......tomara que a fim da moto gp seja ai em pinhais quero ir ver o titulo do bertagnolii que ao meu ver esta ficando cada vez mais complicado....abraçoo e vou ai subir na cabine de transmissao pegar um brinde contigoo...

Daniel disse...

Na verdade, o público em geral só se interessa pelo esporte quando tem brasileiro vencendo; não faz muito tempo que a Bandeirantes usava o mote "Aqui tem brasileiro na frente" para divulgar a F-Indy; só pra sentir como é a situação.

Se tiver brasileiro vencendo no Curling, podem apostar que vai surgir um montão de "especialistas" na coisa; assim como aconteceu com tênis e outros esportes de "verão global".