A foto aí de cima, produzida pelo camarada Orlei Silva, é de 26 de junho de 1994. Primeira etapa da Copa Tarobá de Kart, na pista de Cascavel. O piloto com postura de caminhoneiro e macacão de mecânico, como já definiram, sou eu. Tinha 17 anos e fazia por conta própria – principalmente em termos financeiros – minha primeira tentativa de uma corrida de kart. A categoria era a V4, com motores nacionais, menos potentes que os italianos Parilla, sensação da época.
O grid tinha oito pilotos. Praticamente ninguém sabia nada daquele negócio, deu-se melhor quem errou menos. Sérgio Polina, que tinha (ou tem ainda, não o vejo há anos) uma revenda de sorvetes Nestlé, ganhou a corrida. Adriano Reisdorfer, piloto até os dias de hoje e colecionador de títulos de Marcas & Pilotos, foi o segundo, com Luiz Silvério, hoje repórter da Fórmula Truck nas transmissões da Rede Bandeirantes, em terceiro. Silvério foi quem me tirou da pista na curva da Ferradura e me fez perder uns 40 segundos. Tirou-me do pódio, claro.
Depois disso, participei de mais duas etapas daquela Copa Tarobá de Kart, um sexto lugar e uma capotagem na primeira volta. No ano seguinte, estive em uma etapa do Campeonato Paranaense, bati com Júlio Vianna quando disputávamos o sexto lugar, levei a pior, o Júlio foi sexto, eu abandonei e dei um mau exemplo à beira da pista. Depois fui me desculpar com ele.
Anos mais tarde, fui disputar etapas do Paranaense de Endurance, com um Hot-Fusca envenenadão. Fiz duas corridas, cheguei a liderar o campeonato das 5.000cc, até porque só havia eu inscrito nessa categoria. Mais alguns anos, presenças ilustres e esporádicas, minhas, no Regional de Marcas & Pilotos – o verdão número 18 lá de baixo, emprestado pelo Valdemir “Tainha” Rech, foi o carro da última corrida da minha vida, a que abriu o campeonato de 2006. Houve até bandeira vermelha, o carro de um piloto da mesma equipe que me havia dado espaço pegou fogo, foi um salseiro danado.
E pra que lembrar disso hoje? Primeiro, porque talvez eu nunca tenha outra oportunidade de falar das minhas agruras automobilísticas de novo. Hoje à tarde vou participar no Kartódromo da Granja Viana, ali em Cotia, da segunda edição do Barrichello Kart Day. É uma prova que confronta vários jornalistas que atuam no automobilismo, organizada por Rubens Barrichelo, que, falaram-me, atua como instrutor de todos os braços-duros que lá estarão. Pela movimentação de hoje cedo no Twitter, já fiquei sabendo que Betto D’Elboux ganhou a disputa no ano passado. Alguém disse que Rubens, ao final do evento, vai escrever uma matéria sobre a corrida. Acho que é lenda.
Uma corrida festiva de kart não chega a ser novidade absoluta pro Crocodilo Dundee aqui. Em 2001, o Marc Zimermann organizou em Itu, no Kartódromo Schincariol, o primeiro – e foi o único – Encontro Nacional de Pilotos. A sigla, Enapil, parecia nome de remédio. Lá estavam pilotos de várias categorias, estavam expostos carros de praticamente todas as categorias nacionais, e claro que houve várias corridas de kart durante o dia, entre eles. Uma das corridas foi entre jornalistas. Ganhei, depois de um sujeito que corria na Fórmula 1.600 de São Paulo me infernizar a corrida toda. Não lembro o nome dele. Só consegui ganhar porque pesava 30 quilos a menos que ele e aproveitava bem isso na subida que leva à reta de chegada.
Faz lá uns quatro anos que não sento num kart. Constatação que, somada à alta frequência dos colegas jornalistas nas provas daqui de São Paulo, faz de mim um bom sparring para todos. O primeiro que me chamar de Milka Duno amargará reações hostis, claro.
Meu sócio costuma dizer que todo jornalista que trabalha em automobilismo teve frustrado o sonho de virar piloto. Se for verdade, a rapaziada de hoje vai fazer das tripas coração para ganhar um troféu. Enfim, vamos à Granja Viana. No mínimo, vão sobrar bons motivos para dar risadas depois. Acima de tudo, sou um bom perdedor.
Sou?
1 comentários:
Luc para de falsa modestia, tenho certeza qeu vc vai aprontar alguma na corrida. pelo meno sum podio. Boa sorte na corrida. Queria ser uma mosca p/ ver o evento. Abraçao.
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