Não costumo usar esse espaço aqui, já chamado marotamente por entes vis e desprezíveis como “querido diário”, mas o lado pitoresco da encrenca toda merece no mínimo um registro mambembe para ser consultado na posteridade.
A Risi Competizione, equipe do meu conterrâneo, amigo e cliente Jaime Melo (foto), teve um início de participação louvável na oitava e penúltima etapa da American Le Mans Series. A corrida vai rolar amanhã na pista de Mosport. É na cidade de Bowmanville, estado de Ontario, Canadá.
Ontem, primeiros treinos livres, a equipe colocou seus carros em primeiro em segundo. À frente, Pierre Kaffer e Toni Vilander, dupla de ocasião formada com dois dos vários pilotos que servem ao time de Houston. Melo e Gianmaria Bruni, dupla fixa, ficaram em segundo. Eles são vice-líderes do campeonato, pela classe GT, chegaram ao Canadá precisando da vitória a qualquer custo para diminuir a vantagem de Jörg Bergmeister e Patrick Long. E os líderes tinham ficado só em oitavo lugar com seu Porsche. O panorama desenhava-se perfeito.
Hoje, contudo, as coisas começaram a dar errado. No treino livre, Kaffer, nascido na Suíça e naturalizado alemão, estampou uma das Ferrari na segunda curva da pista. Vinha em quinta marcha, a cerca de 240 km/h. Baixou no hospital, aquela correria toda, exames e mais exames. Teve alta, nada de ferimentos graves, mas nem o carro e nem ele teriam condições de fazer tomada de tempos hoje e corrida amanhã.
Mais tarde, foi a vez de Melo receber atenção médica. Não bateu, mas estava mal. Os exames diagnosticaram uma virose estomacal – minha esposa, que trabalhou por muito tempo no ramo de farmácias, garante que esse termo está correto. Vetado pelos médicos.
Sobraram à Risi um dos dois carros e dois dos quatro pilotos. E é com isso que a equipe vai competir amanhã. Gianmaria – a quem Jaime se refere como “Gimmi” – e Toni improvisam uma nova dupla, com o carro que o italiano costuma revezar com o brasileiro. Se Gimmi sair do Canadá com chance de título, Gimmi irá para a Petit Le Mans, Jaime irá à etapa final, a Petit Le Mans, com a missão inglória de suar sangue para vencer para ver o companheiro ser campeão sozinho.
Uma situação que já teve o próprio brasileiro envolvido, em 2006. Ele disputava o Mundial FIA GT em dupla com Matteo Bobbi. Os dois lideravam o campeonato. Por um motivo que me foge à memória, o italiano não pôde participar da etapa final. Jaime marcou uns pontinhos na última corrida e foi campeão. O parceiro do ano quase todo ficou chupando o dedo na festa do título.
Gimmi, em Mosport, conseguiu a pole. Que possa contar com Jaime para dar outro título à Ferrari. Há uma única possibilidade, remota, do cascavelense repetir o título que comemorou na American Le Mans três anos atrás: seu companheiro se dar mal amanhã e não marcar nenhum ponto. Para isso, seria necessário Jörg e Patrick também ficarem a zero, ou perto disso. E se há uma coisa que os dois não vêm tendo em 2010 é contratempo.
Mas sempre tem uma primeira vez, né...
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