

Pedi a Murilo, confiando em sua experiência de décadas, que expusesse o que há de dificuldade específica para os pilotos de motovelocidade diante da chuva e das características do traçado do Velopark. Segundo ele, o final da reta dos boxes é um trecho bastante escorregadio. “Vai dar chão ali”, anteviu, valendo-se de uma gíria típica de pilotos de motos. Em termos práticos, o que Murilo disse é que vai ter gente caindo ali ainda nos treinos e na corrida.
O piloto da Honda número 74 também manifestou preocupação com o “S da Ponte”, trecho de baixa velocidade da pista. “Ali, se errar, o piloto bate no pé da ponte. Para o outro lado não há área de escape”, avaliou. “A pista não tem área de escape em vários pontos. O pessoal vai ter que pôr a cabeça no lugar”, alertou.
Apesar das observações, Murilo não questionou as condições do Velopark de acolher provas de motovelocidade. “Interlagos é bem pior”, disparou, para minha surpresa. “Se você analisar a subida para o Café lá em São Paulo, vai concordar. As motos sobem ali a 230, 240 km/h. Quando você torce o cabo, a traseira da moto vai patinando em quinta marcha. E se escapar, não tem área de escape”, ilustrou. Torcer o cabo, para os incautos, é o mesmo que submeter a moto à aceleração máxima. Óbvio. “E a segunda perna do ‘S’ do Senna? Não tem para onde escapar. É complicado”.
A lista de possíveis restrições de Murilo Pinhati Colatrelli vai além. “Em Brasília, em praticamente nenhuma curva você tem área de escape. Você é de Cascavel, né? Lá tem o Bacião, é melhor nem comentar... Campo Grande, apesar da curva complicadinha na entrada da reta, até que passa. A única pista propícia para motovelocidade, mesmo, era a do Rio de Janeiro. Aquela pista, quando era inteira, era perfeita”, relembra. Nesse momento, questiono-o sobre o autódromo de Goiânia, também quase falido, mas que segue conceitos de motódromo. “Nunca corri lá, então não posso falar”, respondeu.
Murilo não começou ontem a pilotar motos. Ele sabe o que está falando.
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