Então que o fim de semana em Buenos Aires foi ótimo, cheio de ineditismos, tudo mais. Alexandre Barros desencantou no automobilismo e ganhou as duas primeiras corridas dele no Porsche Cup Challenge, que teve rodada extra-campeonato por aquelas bandas.
Houve muito de primeira vez no evento. Primeira vez que a categoria saiu do país, primeira vez que pisei na Argentina. Vadio de carteirinha, foi a primeira vez que topei, a convite de Jorge Sá e Luiz Alberto Pandini, caminhadas pela noite de algum lugar. Os dois, um fotógrafo e outro jornalista, costumam ir a pé jantar nalguma bocada, e voltam a pé, também. Assim fizemos na sexta-feira e no sábado, nesse o Thomaz Figueiredo estava junto, e foi o mais perto que cheguei de algum city tour. Indicações sobre o que fazer não me faltaram, mas não houve tempo para muita coisa e o máximo que fiz foi ver o Obelisco e a Casa Rosada. Muito bonita, a Casa Rosada, não sei se o que fazem lá dentro é bonito.
Foi a primeira vez que as duas categorias do Porsche Cup dividiram um grid – esse da foto lá em cima. Era uma prova festiva, tínhamos acabado de viver a centésima corrida da nossa história, todos concordaram que juntar a 997 e a 996 seria uma celebração interessante. Foi a primeira vez que o Speed Channel transmitiu ao vivo uma corrida de carros na Argentina. Nalgum lugar no livro-ata da emissora deverá constar meu nome como narrador desse evento estatístico a que só eu, mesmo, devo estar dando alguma relevância.
Foi a primeira vez, também, que tive Pandini como comentarista numa transmissão do Porsche Cup. Um cara que eu lia quando era moleque (eu; ele, àquela época, já estava na idade do condor...), comprava as edições da revista “Grid”, que ele editava, e só lia as páginas sobre Fórmula 1. Hoje não entendo porcaria nenhuma de Fórmula 1. E nem das outras categorias. Mas foi bacana a dobradinha. E Pandini, o cara que eu lia, também gostou da brincadeira. Deveremos reeditá-la.
Encerrado o fim de semana de trabalho e de semiturismo, chegava o momento de voltar para casa. E, pela primeira vez, perdi um avião por dormir demais. Dormi pouco, na verdade, até as 6h30. Mas acordei a cinco minutos da decolagem, com a mala para terminar de arrumar, check-out para fazer e o trajeto até o aeroporto a cumprir. Inviável. Providenciei outra passagem, para depois do almoço. Uma vez a bordo, como sempre, colei a fuça na janela do avião e dormi.
Até que o sol me bateu na cara, algo estranho para quem estava na fila da direita voando a norte. Estávamos voltando. “Inconveniente técnico”, foi o que o comandante anunciou para justificar o retorno a Buenos Aires. O avião da Austral/Aerolineas Argentinas teve, na verdade, um princípio de pane hidráulica, algo que até então eu tinha apenas como desculpa das equipes de F-1 para as quebras das geringonças de seus carros. Foram 35 minutos de medo. Pela primeira vez, senti medo de não chegar a lugar algum.
Uma vez em terra, um cigarro, alguns telefonemas e tudo sob controle. Com todo o transtorno decorrente, inclusive depois do novo embarque em outra aeronave, conseguimos deixar Buenos Aires definitivamente perto das 18h. Quando cheguei a Puerto Iguazu, lá estava a Juli à minha espera, como combinado. Aguardava minha chegada havia mais de quatro horas. Abracei-a, como sempre.
Pela primeira vez numa situação como essa, chorei.
Acho que ela não percebeu.
1 comentários:
Só li este texto agora porque - creia-me - você nunca me falou o endereço do seu blog e eu nunca tive a simplória ideia de perguntar.
Agradeço pela deferência. Quanto à "idade do condor", vá tomar... suco de caju.
Dobradinha em ação em 2011! Abraços,
LAP
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