sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Superfinal da Stock sub-júdice



Marcos Gomes, o mais rápido nos treinos de hoje em Campo Grande, espera reaver os pontos do terceiro lugar na etapa do Rio, mas trabalha para garantir a vaga mesmo se perdê-los




Dia desses, aproveitando que encontrei meu antigo estojo com um ábaco, um transferidor, um compasso e um escalímetro, fiz um levantamento moribundo sobre as chances que cada piloto da Stock Car tem de conquistar uma das 10 vagas na Superfinal. A matemática da disputa pela vaga está aqui, para os inadvertidos que a quiserem conferir. No mundo ideal, a dezena seria definida no final da manhã deste domingo, depois da oitava corrida do ano, em Campo Grande. É a última da dita fase classificatória.

Pelo regulamento, somam-se os resultados de todos os pilotos, exclui-se o pior desempenho de cada um – o que, na prática, não muda nada, porque todos eles têm pelo menos uma corrida fora da zona de pontos, que pode ser aplicada no descarte obrigatório – e chega-se à conclusão óbvia dos 10 que seguem na disputa pelo título.

Óbvia? Nem tanto. Isso porque três pilotos aguardam o desfecho de pendengas relativas ao resultado de algumas corridas na justiça desportiva.

Na quarta etapa, dia 23 de maio no Rio de Janeiro, Ricardo Maurício e Marcos Gomes terminaram a corrida em segundo e terceiro, respectivamente. Os dois foram punidos sob alegação de ultrapassagens feitas sob bandeira amarela e tiveram seus pontos conquistados. Na quinta corrida, dia 6 de junho em Ribeirão Preto, Valdeno Brito terminou em sétimo. Foi punido com o acréscimo de 20 segundos a seu tempo de prova e caiu para 17º, ficando fora da zona de pontuação, que compreende os 15 primeiros em cada corrida.

Os três pilotos conseguiram reaver seus pontos na justiça desportiva. A Confederação Brasileira de Automobilismo, contudo, recorreu do deferimento dos recursos, conforme confirmou-me o prestativo jornalista Marcelo Eduardo Braga, assessor de imprensa da Stock Car. Com a questão sub-júdice, para efeito de pontuação do campeonato, mantêm-se as punições a Maurício, Gomes e Brito.

Brito (foto abaixo), piloto paraibano, falou do assunto ontem, em sua conta no Twitter. Numa sequência de oito posts no microblog, sua mensagem, editada aqui sem nenhuma distorção de teor, foi a seguinte:

“Pessoal, infelizmente, os pontos reconquistados por mim num incidente na etapa de Ribeirao Preto, ainda não foram computados. Com esses 9 pontos, eu vou para 29 e fico bem mais perto da porta de entrada para os playoffs. Como a CBA recorreu da decisão do tribunal (4 votos a 0 em meu favor), outro julgamento no Superior será marcado, e infelizmente esse resultado ficará sub-júdice. Ou seja: é possível, infelizmente, que os superfinalistas sejam diferentes dos que serão anunciados após a corrida. Uma pena. Independente disso, tinho de fazer minha parte em busca de um pódio. Esse é meu objetivo. Infelizmente aconteceram vários incidentes que me impediram de marcar pontos nessas primeiras corridas – numa delas, um erro cometido por mim, mas também algumas quebras. São coisas que fazem parte desse esporte, muitas vezes ingrato por não dependermos só de nós. Mas vou COM TUDO para a corrida desse fim de semana! É só torcermos para não haver mais imprevistos, tenho carro e equipe para vencer. Agora, vou decolar. Até mais tarde!”

Não há duas classificações de campeonato. Há apenas uma, esta aqui, que está no site da categoria. Mas sempre há quem considere – os pilotos punidos, principalmente – a recuperação definitiva dos pontos. Que, se ocorrer, tende a acarretar mudanças na lista dos 10 classificados à disputa pelo título.

Como sou curioso demais e ando com tempo sobrando, lancei-me às contas mais uma vez. Afinal, o estojinho que resgatei do meu baú empoeirado ainda está dando sopa aqui. Refiz, por puro exercício de projeção, a classificação do campeonato da Stock Car, considerando hipoteticamente que Maurício, Brito e Gomes tenham reavisto os pontos que já haviam recuperado antes do recurso da CBA. Repito zilhões de vezes, para que não me acusem de bagunçar o coreto: é uma projeção hipotética, não tem nada de oficial, arrisco até a dizer que Braga e seus colegas de trabalho da Stock Car vão ficar putos comigo por isso. Muita gente tem ficado puta comigo ultimamente, paciência.

Sem delongas, pois. Para chegar à pontuação abaixo, "devolvi" o segundo lugar de Ricardo e o terceiro de Marcos na etapa do Rio de Janeiro, tirando de todos os pilotos que terminaram atrás deles os pontos referentes a duas posições. O mesmo critério, claro, que apliquei ao "devolver" o sétimo lugar de Valdeno em Ribeirão Preto, tirando de todo mundo que veio atrás dele os pontos referentes a uma posição. Assim, se a CBA não tivesse recorrido da decisão favorável aos três, a classificação do campeonato seria - repito, seria - a seguinte:

1º) Ricardo Maurício (SP/Eurofarma-RC Competições), 116
2º) Átila Abreu (SP/AMG Motorsport), 104
3º) Cacá Bueno (RJ/Red Bull Racing), 72
4º) Max Wilson (SP/Eurofarma-RC Competições), 70
5º) Nonô Figueiredo (SP/Cosan-Mobil Super Racing), 63
6º) Daniel Serra (SP/Red Bull Racing), 60
7º) Marcos Gomes (Blau-Full Time Racing), 57
8º) Felipe Maluhy (SP/Officer Pro GP), 55
9º) Allam Khodair (Blau-Full Time Racing), 45
10º) Thiago Camilo (SP/Ipiranga-Vogel Motorsport), 40
11º) Júlio Campos (SP/JF Racing), 30
12º) Valdeno Brito (PB/Cosan-Mobil Super Racing), 29
12º) Popó Bueno (RJ/A. Mattheis Motorsport), 29
14º) Lico Kaesemodel (PR/RCM Motorsport), 28
15º) Duda Pamplona (RJ/Officer ProGP), 22
16º) Cláudio Ricci (Amir Nasr-Crystal Racing), 18
16º) Giuliano Losacco (SP/Flash Power Racing), 18
16º) Rodrigo Sperafico (PR/Carlos Alves-Mico’s Racing), 18
19º) Antonio Pizzonia (AM/Hot Car Competições), 16
19º) Diego Nunes (SP/RC3-Bassani Racing), 16
21º) Xandinho Negrão (SP/A. Mattheis Motorsport), 12
22º) Ricardo Zonta (PR/RZ Corinthians Motorsport), 11
22º) Luciano Burti (SP/Itaipava Racing Team), 11
24º) David Muffato (PR/Itaipava Racing Team), 10
25º) Alceu Feldmann (PR/RCM Competições), 7
25º) Constantino Júnior (Amir Nasr-Crystal Racing), 7
27º) Antonio Jorge Neto (SP/RZ Corinthians Motorsport), 6
27º) Gustavo Sondermann (SP/Gramacho Costa Competições), 6
29º) Pedro Gomes (SP/Ecopads-Vogel Motorsport), 5
29º) Thiago Marques (PR/AMG Motorsport), 5
31º) William Starostik (PR/RC3-Bassani Racing), 4
32º) Alan Hellmeister (SP/JF Racing), 3
33º) Juliano Moro (RS/Amir Nasr-Crystal Racing), 1

A nona etapa da Stock Car, primeira das quatro que vão compor a Superfinal, vai acontecer no dia 10 de outubro. Tudo indica que em Londrina, apesar de dúvidas que se tem com relação às reformas no autódromo da simpática cidade paranaense. Que se resolva a pendenga nessas três semanas. Seria muito chato a Superfinal começar com pilotos ainda apostando na justiça dos homens para confirmar uma vaguinha na festa.

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