Em primeiro lugar, que não se observe aqui um tom crítico, mas uma constatação.
O Velopark, mais novo autódromo do Brasil, inovou em conceito. Em que pese o traçado curto - chegou a 2.278 metros com a remodelação que aumentou o trecho ao final da reta principal -, ostenta um complexo inovador. Autódromo, pista própria para arrancada, kartódromo, circuito oval para karts, bons boxes e arquibancadas, infra-estrutura mais do que razoável, todos os atributos que todo mundo já citou.
Tudo isso aqui, na pequena e pacata Nova Santa Rita, jovem cidade de pouco mais de 18 anos e que orgulha-se de ser conhecida como capital do melão, menção óbvia ao cultivo em larga escala desta fruta na agricultura, carro-chefe da economia local. E planta-se muito melão por essas bandas.
O Velopark já recebeu Stock Car, Porsche Cup, competições regionais gaúchas e provas nacionais de arrancada. A agenda para as próximas semanas contempla uma corrida da Fórmula Truck e o "Biketoberfest", programação que destaca uma corrida de longa duração de Superbike. Neste fim de semana, está acolhendo etapas do Itaipava GT Brasil e do TNT Superbike.
Foi num treino da competição motociclística, hoje pela manhã, que pude perceber uma possível deficiência do Velopark. Não dele, mas a ele inerente. Newton Patrício Crespi, piloto da Spiga Racing, sofreu um acidente de proporções consideráveis. Sua moto, uma Honda CBR 1000RR, ficou bastante danificada, como tento mostrar na foto que tirei mal e porcamente com um aparelho celular, no box da Spiga Racing.
Não perguntei a ninguém, pode ter sido o episódio mais grave da ainda curta história do Velopark. Atendido pela equipe médica de plantão, Crespi - ou Cisso, como todos o conhecem - foi levado numa ambulância para socorro mais específico. E foi nela, na ambulância, que ficou por 58 minutos. Nesse período, que compreende uma passagem estimada em não mais que dois minutos por um hospital da vizinha Canoas - de onde sugeriram que se o levasse para outra instituição -, disse ter passado maus bocados, consequência da forte queda sofrida na pista de competições.
Já em Porto Alegre, uma segunda tentativa de internamento foi marcada, segundo narrou o próprio Cisso, por uma sonora discussão entre o diretor do hospital, não vou citar o nome, e o enfermeiro que o acompanhava desde o autódromo. "Depois do bate-boca, o diretor do hospital mandou que me levassem pra dentro e pôs o pessoal do autódromo pra fora. Não entendi direito, pode ter acontecido alguma coisa que não sei. Foi estranho", contou. "O que percebi foi que, no hospital, ninguém sabia que estava havendo uma competição no autódromo, para que alguma equipe pudesse estar preparada para uma eventualidade como essa minha".
É um assunto a se pensar. Uma pista de corridas bem peculiar, que tem recebido e vai continuar recebendo bons espetáculos esportivos, não pode deixar de se fazer acompanhar de condições para um rápido socorro. Não se pode desprezar a iminência de acidentes estúpidos em pistas de corrida, que machucam e infelizmente chegam a custar vidas. Cisso, em sua jornada de 58 minutos numa ambulância, poderia ter morrido caso tivesse sofrido uma perfuração no pulmão ou coisa do gênero, essa foi uma observação dele próprio com que todos à volta, eu na lista, concordaram.
O acidente custou a Cisso três fraturas no pé esquerdo, além de alguns ligamentos rompidos. E fortes dores nas costelas. "Deus gosta de mim, olhou para mim e me salvou pela segunda vez", confidenciou à mesa do restaurante do hotel, sem que ninguém lhe pedisse detalhes do outro episódio a que fez alusão.
O esporte tem evoluído em todos os sentidos. Felizmente observo que, por muitas vias, a segurança tem sido posta em primeiro lugar. É um posicionamento que, contudo, não pode ser restrito às condições de uma pista ou de um evento. Se alguém se arrebentar numa disputa por posição ou por décimos de segundo, é preciso que haja condições suficientes para um socorro rápido e eficiente.
Cisso e sua esposa Dinara são pessoas que ganharam ontem à noite credencial vip para a minha galeria de amigos. Gente da melhor qualidade, os dois. Mas, pelo visto, não dei sorte a Cisso.
6 comentários:
Bem observado, acrescente a isto o maldito trânsito da BR116. Agora, estranho o HPS de Canoas não prestar o socorro neste caso.
Nas boas épocas de Tarumã sempre tinha um helicóptero do governo do Rs pra em casos de acidentes ter socorro mais rápido!!!
Que triste este episodio, eu sempre olhei com bons olhos o Velopark. Mais vamos que vamos... a direção do Velopark já falou algo a respeito do episodio?
Abraços
Fabio
Não consultei ninguém do Velopark a esse respeito, Fábio. Mas vou tentar esse contato ainda hoje para sabermos se há uma posição da casa a esse respeito. Abraço.
Luciano, vc sabe se tem alguma transmissão via internet do treinos de hoje? isso funciona?
http://www.velopark.com.br/ao-vivo/
Valeuuu
Fabio
Luciano,
me responderam do Velopark..
"Fabio
Neste evento não haverá transmissão ao vivo de imagens, pois os direitos de imagem são da organizadora (a empresa SRO) que tem isto negociado com a RedeTV (GT Brasil) e a ESPN (Superbike). A cronometragem ao vivo também não é feita por nós, pode acompanhá-la pelo site www.cronomap.com.br
Abraço
André De David
Gerente Geral
andre@velopark.com.br
"
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