Fico preocupado quando sou interpelado por abordagens na internet, ao telefone ou mesmo no boteco onde tomo meu café amargo, sempre acompanhado de um gorduroso pastel, sobre o BLuc. Sim, acredite, você não é o único que acessa este espaço macambúzio. Há uma horda de desocupados que vez ou outra, ou diariamente, bisbilhotam por aqui atrás de algo que não lhes vai servir para absolutamente nada.
Hoje fui defenestrado moralmente por conta do hiato de quatro ou cinco dias desde a última publicação, essa aí de baixo, que trouxe uma visão isolada de Eduardo Homem de Mello. “Já li aquele texto do Edu três vezes”, bradou o incauto leitor, enquanto tratava de me filar um cigarro. Cheguei em casa até disposto a preencher alguns pixels (é isso?) com minhas solicitadas considerações sobre qualquer coisa. Cheguei à triste conclusão de que não tenho nada a dizer, nem a compartilhar.
Comentei isso com a Juli. Para minha surpresa, ela falou que é bom sinal. Observou, a patroa, que é a segunda vez no ano que eu desligo do mundo, e disse que a primeira foi na Copa do Mundo. Na Copa? Até agora não entendi, até porque acompanhei a Copa de cabo a rabo, mesmo sem entender patavinas de futebol, mas a constatação dela foi de que na Copa eu desliguei. Preciso desligar mais vezes, é a recomendação dela, com a qual concordo perfeitamente.
Não há recorte temporal mais propício para desligar que o de agora. Além de ser tempo de caça ao voto, época em que todos fingem a si próprios que nada veem, nada ouvem e nada dizem, é feriadão prolongado, um conceito furado que só deve ter alguma validade em culturas deploráveis como a desse pedaço de terra que ocupamos.
Sim, um dia relegado no calendário ao espaço entre um domingo e um feriado tem de ser, também, um feriado. Não damos fins decentes aos dias e horas que temos, sobretudo quando essa decência possa estar atrelada a trabalho. Não gostamos de trabalhar, até porque temos a quem atribuir a culpa pelo estágio calamitoso em que as coisas se encontram por aqui. Isso é fato com o qual todos concordam, cada qual à sua maneira. Como esperado, portanto, não acrescentei nada de novo a ninguém.
Poderia, a rigor - e com o perdão pelo trocadilho quase involuntário -, só transcrever uma frase de uma letra de Roger Moreira, o eterno líder do finado Ultraje a Rigor, um sujeito que se faz conhecido pelo QI alegadamente estratosférico: “Eu não tenho nada pra dizer / Também não tenho nada pra fazer / E só pra garantir este refrão / Eu vou enfiar um palavrão”.
Roger fechava seu estribilho com “cu”, mas me recuso a escrever cu. Ou, na versão apavorante que se vê em portas de banheiros e em pichações em geral, cú, com um acento inexistente e inaceitável. Foi Maurício Menon, professor de português dos tempos de faculdade, quem chamou atenção para o acento no cu nas pichações. Homem alinhado e de postura, corou quando abordou o assunto, disso lembro bem. Portanto, termino sem apelar para cavidade retal nenhuma.
Só o que eu queria dizer nesse post era absolutamente nada. Não sei se consegui. Roger Moreira já disse tudo. Aliás, sempre achei que o título da tal música fosse "Cu", e procurando-a agora na internet vejo que é "Nada a declarar", mesmo título que já tinha dado a essa inútil pensata. Não tenho um QI compatível com o de Roger. De modo que, para continuar sem dizer nada, recorro à sua obra:
1 comentários:
Finado é foda...
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