Ontem foi aniversário da minha mãe. Desnaturado que sou, não fui visitá-la, estava até a tampa com um trabalho inadiável. Combinei um jantar na casa dela, a ela daria como presente o privilégio de preparar meus antepastos.
Mas recebemos visita em minha casa, furou. Avisei-a que apareceria hoje antes de vir a São Paulo, como de fato apareci, a ela levei o bolinho que comprei para uma homenagem simples, dei-lhe um abraço de felicitações, esses praxes de ocasiões assim.
A mãe nunca me havia pedido um presente. Hoje, pediu. Antes, perguntou se eu daria. Disse que daria se pudesse, então ela lascou: quer, como presente, que eu volte ao médico atrás de cura para a úlcera que, aparentemente, faz usucapião de meu duodeno. Aliás, para que serve o duodeno?
A mãe tem problemas com que se preocupar, e são muitos. E o que mais a aflige é a minha úlcera.
Não adianta, mãe é mãe.
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