Como é no Brasil, não chega a surpreender. Como tudo foi feito a toque de caixa, quase na base "faz primeiro, pensa depois", porque nem havia tempo para outra postura, não chega a surpreender. Como andei de carro por uma parte da pista e percebi que o traçado parecia um tobogã, não chega a surpreender. Como todo mundo já tinha falado, não chega a surpreender.
Agora, quem falou tem mais voz no meio do que os jornalistas que leio. Foi Tony Kanaan quem, por iniciativa previamente alinhavada por seu assessor de imprensa, o polivalente Anderson Marsili, tomou o rumo da sala de imprensa da São Paulo Indy 300 para manifestar suas impressões sobre a pista.
O discurso mudou. Dos sorrisos, piadinhas e elogios, Kanaan passou às críticas. Foi só quem escutei até agora, outros devem estar dizendo o mesmo lá no pavilhão reservado ao serviço das equipes da Indy. A pista é ruim, é a conclusão.
Primeiro, as ondulações, problema mais óbvio - até porque, justiça seja feita, não há pista de rua no mundo sem ondulações em nível excessivo para os padrões do automobilismo. Kanaan tratou de tentar isentar autarquias da Prefeitura, parceira do evento, e a Rede Bandeirantes, promotora, pelo problema. "A Dersa não tem culpa, a Band também não. O responsável é Tony Cotman", decretou, citando o engenheiro neozelandês que projetou essa e praticamente todas as outras pistas de rua que a Indy utiliza. "Avisado ele foi, mas ele disse que é assim mesmo", esbravejou o baiano campeão de 2004. "Ele deveria dar uma volta na pista para ver como ficou ruim".
A reta do Sambódromo, reservada para formação do grid e para a largada da corrida de amanhã, teve aval de Kanaan às críticas que um sem-número de internautas manifestaram nas redes sociais enquanto a Band transmitia ao vivo o primeiro treino livre, momentos atrás. Os carros escorregam muito, chega a ser perigoso. "Ninguém acelerou tudo ali", revelou o brasileiro aos jornalistas que se apinham por aqui, onde chegou também a informação de que os pilotos pediram à direção de prova para que a largada aconteça na Reta dos Bandeirantes, na Marginal Tietê, e não na passarela do samba. "Se falassem hoje que não há nada a fazer quanto às ondulações, mas que vão dar um jeito no sambódromo, eu ficaria muito contente", foi o que declarou Kanaan.
Mês passado, entrevistei Fernando Julianelli, da organização do evento, para uma matéria que saiu publicada na revista Racing. Faltava uma semana para o Carnaval. Ele me disse, à época, que passados os desfiles das escolas de samba campeãs o piso do sambódromo, que é concreto, teria a pintura raspada para aplicação de uma resina capaz de conferir ao piso um grau de porosidade propício à boa tração dos carros. A impressão é de que os resultados não foram os esperados. Hoje, ainda não fui atrás de ninguém da organização para saber do assunto.
Enfim, começou tumultuada a etapa inédita da Indy no Brasil. É claro que muita coisa precisa sair aquém do esperado, para que as próximas edições apresentem as soluções para estes problemas. Toda primeira experiência é assim, não seria diferente aqui.
É claro que o BLuc, coitadinho, não pode e nem deve ser tomado como referência para que se tirem conclusões ou se formem opiniões a respeito do assunto. Para isso, há gente bem mais tarimbada aqui. Se interessar, aconselho, por mera ordem alfabética, a leitura dos sites Grande Prêmio, que está aqui com Victor Martins, Evelyn Guimarães e Bruno Terena, e Tazio, que marca presença no Anhembi com Fábio Seixas, Bruno Vicaria, Natali Chiconi e Fábio Oliveira.
Essa galera vai ter muito o que relatar até amanhã à noite.
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