quarta-feira, 3 de março de 2010

O bar da Mateus Leme

Passaram-se alguns meses sabáticos, se é que a expressão está correta, para a minha atuação no automobilismo. Mas 2010 começa agora, e no meu caso não deverá ter intervalo para a Copa do Mundo. E começa com viagem à agradabilíssima Curitiba, onde o fim de semana reserva as corridas que abrem as temporadas do WTCC, Mundial de Carros de Turismo da FIA, e do Porsche GT3 Cup Challenge.

Voltar a atuar no automobilismo é gratificante. Não só para a conta bancária, sempre carente, mas também para o espírito. Rever os amigos, as máquinas, retomar o ritmo, fazer contatos, tudo aquilo que um fim de semana de autódromo proporciona.

Mas voltar a Curitiba me deixa feliz por outro motivo, implícito nas tantas coisas atrativas que essa cidade tem. Um bar. Claro, para quem sabe qualquer ponta a respeito de mim não é segredo nenhum que sou afeito a estar em um bar. Mas não se trata de um bar. Esse é O bar, assim mesmo, com artigo em maiúscula, como usam no Messenger, no Twitter, no Orkut e em outros meios menos nobres.

Não sei o nome do bar, lá estive em apenas uma única ocasião, era 30 de maio do ano passado, e lembro a data por ser véspera de uma corrida em que atuei. Só lembro que é na rua Mateus Leme. Com um pouco mais de sorte, arrisco que a milhar do número que compõe o endereço termina com 91.

Ano passado, integrei uma turma animada na vista ao tal bar. Lá atuaria o Marcos, amigo do amigo de um amigo, fazendo sua palinha com gaita de boca num conjunto, acho que o termo "banda" é inapropriado, que executou um cativante repertório de country americano. Som de primeiríssima qualidade.

No bar, havia um rapaz, a quem apelidamos de Tony Kanaan pela semelhança física com o piloto de Fórmula Indy com quem converso na foto aí ao lado. "Tony", a determinada altura, matou seu caneco de chope num gole só, levantou e assumiu o microfone do conjunto. E deu show. Cantava muito, seu repertório era baseado em rock'n roll, cantava coisas do gênero Kiss, Guns'n Roses, algo assim. Mandou bem no country, também.

Encerrado o show, e terminou relativamente cedo, por volta das dez e meia da noite, "Tony Kanaan" e sua turma tomaram o rumo do recinto anexo onde estávamos minha turma e eu. Papo vai, papo vem, reverências de praxe, coisas do tipo "você canta pra cacete" e aquelas coisas a que a carga de uns chopes nos submete. Um dos parceiros de "Tony" tinha visual rebelde, jaquetão de couro, cabelos compridos, barba por fazer. Andava com os braços arqueados. Não tive dúvidas: "Velho, você é sertanejão", disparei a ele, já prevendo a confusão que poderia arranjar. Ele puxou a cadeira, sentou ao meu lado e rebateu: "Qual nós vamos mandar?".

Cantamos, cabeludo e eu, uns vinte minutos de modões sertanejos, à mesa, degustando devidamente nossos canecos. "Tony", que já tinha feito um verdadeiro show no palco cantando rock e country, só observava. Até que não se conteve. Puxou a cadeira também, interrompeu-nos e intimou "quem vem nessa?" - começou a cantar "Som de Cristal", um clássico dos modões sertanejos. Com maestria, parecia cantor de modão desde as fraldas.

Noite animada, aquela. Claro, convidamos "Tony" e sua trupe para comparecerem ao autódromo domingo. Claro que aceitaram o convite. E, claro, não deram as caras. Talvez estivessem cantando e tocando rock, country e sertanejão noutra freguesia.

Enfim, amanhã à noite chego a Curitiba. Na sexta, já avisei e convidei alguns amigos que por lá estarão, vou procurar o bar da Mateus Leme. Falei tanto do tal bar para minha esposa desde aquela visita que faço questão de levá-la para conhecer o lugar - sim, Juli se comportou bem, fez as lições de casa e, como prêmio, vai me acompanhar em um fim de semana de automobilismo - e, quem sabe, alguns chopes.

Tomara que "Tony Kanaan" esteja por lá. O cara é bom.

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