sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Especial: uma história de mais de três décadas

Ingo Hoffmann e Ângelo Giombelli, com a equipe Castrol, venceram a etapa de 1991 em Cascavel

O Autódromo Zilmar Beux, de Cascavel, conhecerá no dia 16 de setembro o sexto piloto a vencer na Stock Car na sexta corrida da categoria desde sua criação, em 1979. Em sua configuração técnica antiga, o autódromo da cidade compôs o calendário da Stock Car nas três primeiras temporadas. Voltaria ao calendário em 1991, para mais duas edições do evento, que depois de muitas tentativas volta em 2012.

A ausência de dados históricos sobre a passagem da categoria pela cidade, entre as décadas de 70 e 90, foi suprida pela “Revista Stock Car” em sua edição de setembro. O texto assinado pelo jornalista Milton Alves, assessor de imprensa da categoria, não só resgata os pilotos vencedores das cinco corridas como traz impressões de todos eles sobre o passado e o presente da Stock Car em sua ligação com Cascavel.

O primeiro a vencer uma corrida da categoria no circuito cascavelense foi Raul Boesel. Foi no dia 9 de dezembro de 1979, uma corrida com sete participantes – vários pilotos boicotaram a prova em protesto quanto à legalidade de um componente do carro do goiano Alencar Júnior. “Esse problema fez a prova perder um pouco o brilho, mas ficaram outros muito rápidos, como o Alencar e o Dado Andrade. Apesar de ter menos gente, foi uma corrida difícil e suada demais”, recorda.

Mais de 30 anos depois, Boesel ainda frisa a principal característica do autódromo cascavelense, mantida apesar da grande reforma consumada no último ano. “A grande lembrança que tenho de Cascavel é a curva do Bacião, que separava os meninos dos homens. Eu era novinho e toda vez que entrava tinha de prender a respiração. Foi um grande desafio”, disse Boesel, hoje dedicado à carreira de DJ. “Pena que no dia da corrida não estarei no Brasil, pois faria questão de marcar presença lá”, disse Raul Boesel.

A etapa cascavelense de 1980 foi a quinta do campeonato da Stock Car, num traçado medido em 3.080 gols. com 12 pilotos participantes, Affonso Giaffone conquistou a vitória depois de 50 voltas. Havia sido dele, pouco mais de um ano antes, a vitória na primeira corrida da história da categoria (disputada na pista gaúcha de Tarumã no dia 22 de abril de 1979).

A sétima etapa do campeonato de 1981, disputada no dia 18 de outubro, reuniu 17 carros no grid cascavelense. Alencar Júnior, que seria campeão no ano seguinte, foi o vencedor da corrida. Ele completou as 44 voltas da corrida em 1h00min00s85, com média de 133,377 km/h. Tanto a pole, cronometrada em 1min20s10, quanto a volta mais rápida da corrida, 1min20s36, foram assinaladas por Reinaldo Campello, que enfrentou problemas e ficou fora da disputa pela vitória.

Depois de 10 anos, o público cascavelense voltou a acompanhar uma corrida da Stock Car em 1º de setembro de 1991. A vitória foi de Ingo Hoffmann e Ângelo Giombelli, que assim consolidavam o primeiro dos três títulos conquistados em dupla. Eles completaram as 46 voltas em 1h00min21s09, com média de 138,660 km/h. Foi um fim de semana perfeito para a dupla, que também assinalou a pole-position, com uma volta em 1min09s48, e a volta mais rápida da corrida, em 1min10s56.

A última aparição da Stock Car em Cascavel foi em 1992, na segunda etapa, no dia 17 de maio. A dupla Hoffmann/Giombelli conquistou a pole e marcou a volta mais rápida, mas a vitória depois de 34 voltas foi do paulista Roberto “Coruja” Amaral. Foi seu único triunfo em 81 participações. Ele ficou na cidade por mais dois dias comemorando o resultado e mantém até hoje o Opala daquela vitória. “Tirei a carenagem e guardei o carro. De vez em quando ainda brinco com ele até hoje na categoria Força Livre no Campeonato Paulista e ganho algumas corridas”, completou.

Foi uma participação complicada, a de Amaral. “Eu estava sem patrocinador, fomos só eu e minha mulher. Não tinha mecânico, nem nada. Eu tentava um patrocínio junto ao Banespa e estava sem verga para levar uma equipe. Fiquei sozinho até para colocar os pneus no carro e ainda por cima aluguei um motor do Giba, que preparava para o Ingo e o Ângelo. Mesmo sem estrutura alguma, saí na última hora e ainda me classifiquei em terceiro. Eram duas baterias, venci a primeira e na segunda precisava manter a vantagem e no final engatava a marcha com o dedinho e acelerava o mínimo possível. Quando cruzei a linha nem cabia dentro de mim de alegria”, recorda.

Roberto Amaral, o "Coruja", acelerando para a vitória na última corrida da Stock Car em Cascavel, em maio de 1992


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