terça-feira, 12 de junho de 2012

Ronei feelings

CASCAVEL - Dias atrás, coisa de um mês, mais um menos, o Torrão Ciotti teve uma experiência quase laxante no automobilismo. Eu, que costumo arrumar tempo pra sempre tirar uma onda com a cara dos amigos, tê-lo-ia espinafrado, não fosse um detalhe quase vital: o número do carro que ele pilotou em Interlagos. Era o mesmo que eu usava, motivo pelo qual mudei a lógica do sarro e desafiei-o a narrar aqui no BLuc suas peripécias naqueles instantes em que travestiu-se de piloto de competições. Ficou legal, o relato dele.

Pois bem, virou moda. Horas depois de publicado o post torrônico, que teve milhares de acessos em rincões como Bangladesh, Nepal, Ilhas Maurício e Gabão, além de alguns pontos de conexão pirata de internet na Aclimação, veio às minhas atenções o Ronei Rech, que é meu motorista particular, ombudsman tuítico e, nas horas de folga, vende apólices de seguro. Uma vez tentou em vender uma, até aceitei, mas o vistoriador fresco que foi olhar o meu carro fez cara de nojinho por haver dois arranhões e alguma sujeira. Recusou a apólice, recusei a nova visita dele.

Mas eu falava do contato do Ronei. Empolgado com o que lera – ele é o único cara que lê e vê todas as baboseiras que publico aqui –, falou que iria para a pista também e queria um espaço igual. Tentei desconversar, argumentei que o Torrão só havia dado a sorte grande por causa do número do carro. Vou de 66 também, empenhou-se o Ronei, e eu não tive escapatória. Tá, manda que eu publico.

Brincadeira à parte, imagino o quanto tenha significado para o Ronei tapa-buracos a primeira ida à pista de Interlagos, no último fim de semana. Supus, no domingo, que nosso fausto pau-pra-toda-obra choraria. E chorou, como ele próprio confessa no relato aí abaixo, que nos traz algumas revelações. Uma dessas descobertas é o nome do culpado pela presença invariável do Ronei nas rodas do automobilismo – Flavio Gomes, que temendo a consequência das represálias tratou de preparar sua malinha e sua pochete vermelha e se mandou para a França.

Não deveria ter me estendido tanto, o Ronei já se prolongou o suficiente para avermelhar a barra de rolagem de qualquer navegador de internet. Vamos, portanto, ao relato dele. Dei-me o trabalho de substituir os “p/” por “para”, e foram mais de 30, e de colocar um ou outro acento que faltou. Não poderia faltar, claro, o vídeo que ele próprio produziu de sua participação.

CHEGOU O DIA
Sempre gostei de corridas de carros. Quando pequeno pensava em ser policial só para poder correr com carro. Fui crescendo assistindo à F-1, depois F-Indy, F-Truck, Nascar, etc...

Mas faltava alguma coisa. Queria fazer parte desse mundo de competição e adrenalina, pensava que ir a Interlagos era como subir o Everest. Um dia resolvi mandar um Twitter para o Flavio Gomes perguntando “é livre acesso ao box?” e ele prontamente respondeu “se tiver pernas, sim”. E lá fui eu, dia 31/10/2009, ver uma corrida da Classic Cup. Descobri naquele dia que não podia mais viver sem aquilo. Acabei fazendo amizade com o pessoal da equipe e me ofereci para trabalhar lá, pediram para eu ligar faltando uma semana para confirmar. Quando liguei o Nenê Finotti atendeu, comecei a falar ele me cortou e disse “e aé vamos trabalhar?”. Quase não acreditei, mais do que depressa respondi sim, vai que ele muda de ideia! Dia 11 de dezembro de 2009 começou minha vida na equipe, com adrenalina a mil, fui contaminado pelo vírus da competição, ronco dos motores e cheiro de combustível.

Nisso o tempo passou e já estou quase completando 3 anos trabalhando no box, sempre com vontade de um dia ir para a pista, pilotando algum carro, mas isso é um esporte caro, não é só montar um carro, pagar a taxa de inscrição e ir para a pista acelerar, tem que considerar que pode quebrar o motor, câmbio ou até mesmo bater, com isso sabia que seria difícil de um dia eu pilotar um carro de corrida, mas nunca deixei de sonhar.

No começo desse ano comentei como Nenê Finotti que ia participar do Regularidade com meu carro de passeio e ele respondeu “deixa seu carro quieto vou arumar um carro de corrida para você fazer o Regularidade”. Devido a alguns imprevistos não deu para participar, nisso passarau quase 6 meses, achei que o Nenê já havia esquecido. Um mês e meio atrás estávamos preparando um carro que foi alugado para o piloto que ia usar no dia seguinte, comentei uma dia faço uma poupança para alugar um desses, o Nenê me falou “o seu esta reservado, no próximo regularidade que tiver eu trago um carro para você”.

Daquele momento em diante não conseguia pensar em outra coisa, primeira providência a ser tomada era falar com Jan Balder, a quem agradeço. Perguntei se ele permitia um carro de corrida no Torneio de Regularidade, ele quis saber como era o carro e permitiu a participação, pedi para reservar o #66, que seria o numeral estampado no Dodge Polara, mas devido a problemas mecânicos trouxeram o Zé do Caixao #34 que era do Sr. Gildo, que até pouco tempo atrás fazia grandes corridas. Tampei os 34 e deixei o #66 em homenagem ao amigo Marcelo Ramaciotti, vulgo Torrão, que fez sua estreia num carro de corrida pouco tempo atrás, como contado nesse blog. Agora faltavam os custos da taxa de inscrição e combustível e claro não podia faltar um fotógrafo.

Um dia pensei “será que consigo patrocínio?”. Comecei perguntar para meus amigos, segurados e prestadores de serviços que também são meus amigos, se gostariam de me ajudar em troca de ter a divulgação no carro, com isso consegui patrocínio suficiente para cobrir as despesas e aproveito o espaço que o amigo Luc Monteiro deu aqui no BLuc para agradecer aos parceiros Gesso Vanzella, NS Ventura, Cipricar, Hebrom, Auto Elétrico Primavera, Júlio Carvalho e aos Pilotos da Alegria.

Bom agora vou contar como foi a minha participação na corrida.

No sábado eu estava ansioso. O Magrao sempre me tranquilizando, os pilotos da equipe ficaram sabendo que seria minha primeira vez e estavam todos atentos ao momento que eu iria para pista, dava a sensação que estavam felizes por mim e talvez lembrando da primeira vez deles.

O Luiz Salomão veio até o box me avisar que os carros já estavam alinhados, nesse momento sentei no carro e fui colocar o cinto para minha surpresa veio o sr. Mauro, piloto do Karman Ghia #25, me ajudar a travar o cinto, nessa hora não conseguia mais pensar em nada, creio que agradeci, mas não lembro, senão fiz faço agora: obrigado pela ajuda, sr. Mauro.

Dei partida no motor e pensei “é agora!”. Parei o carro na saída do box, para esperar o pelotão passar e ser liberado para entrar na pista, eu era o único que ia com carro de corrida, pois esse evento é Regularidade, permitindo a pessoas que têm um carro de passeio particular realizar o sonho de pilotar em Interlagos. O Magrão veio até o carro me passar as últimas orientações. Dado o sinal fui eu para pista, com cuidado, pois era a primeira vez pilotando um carro de corrida e na pista também, no começo fui trocando de marcha com giro baixo entre 4.000 e 4500 RPMs, o carro embaralhava um pouco, percebi que cheguei rápido na turma que estava à minha frente, fui comboiando eles no miolo e deixava para acelerar na reta, pois não queria estragar minha diversão e nem a dos outros, fui buscando o limite do carro, até que uma hora dei bobeira no Lago, freei tarde demais, comecei a contornar quando espetei a terceira (esse foi um puta erro, era melhor ter deixado a quarta) o carro soltou a traseira de uma só vez virando 180 graus. Minha preocupação eram os carros que vinham atrás, por instinto eu tentei fazer o carro não parar na pista, me recuperei logo do susto e fui buscando me divertir. O Magrão ajustou o contagiros para 4.500 RPMs mas disse que podia levar a 5.000 se necessário, com mais algumas voltas eu já estava trocando as marchas com 5.000 rpms e deixando o carro rolar mais solto. Os 45 minutos da prova passaram como se fossem 5 minutos. Entrei para o box, acenando para todos, ate parar na frente do box 20.


O Léo, filho do Nenê Finotti, foi o primeiro a vir me cumprimentar, na sequencia o fotografo e amigo Dyonisio, o Nenê veio ate mim e perguntou se eu havia gostado, lembro de ter respondido “muito” dei um abraço e não agüentei a emoção e acabei chorando, todos os pilotos estavam saindo para a largada da Classic Cup, olharam para mim fazendo um sinal de positivo. Conseguir ir até eles para agradecer a atenção que tiveram comigo. Depois fiquei sabendo que ficaram na mureta do box acompanhando o meu desempenho, o Flavio Gomes, parece que viu em outro ponto da pista, creio que presenciou minha rodada.

Obrigado de coração a todos estavam compartilhando comigo aquele momento!











Dois momentos de Ronei Rech no fim de semana em Interlagos: com Jan Balder, promotor da prova de regularidade, e com seu ídolo - e agora companheiro de equipe - Flavio Gomes

4 comentários:

Fabiani C Gargioni #27 disse...

Pô Luc, além do Ronei tem eu que tbém leio todas as "baboseiras" que vc escreve aqui, comento muito pouco,mas que eu leio tudo eu leio,e parabéns ao Ronei por ter realizado este sonho. Eu tbém um dia espero deixar a POEIRA um pouco de lado e acelerar em INTERLAGOS, valeu!!!

Fernando Orbite disse...

Boa Ronei... Parabéns pela estreia. Vc sabe que, mesmo de longe, torço pelo seu sucesso. Tenho certeza que logo estará na Classic, disputando com o FG.
Aliás, parabéns também para o Luc Monteiro pela força ao nosso amigo.
Por falar em Luc Monteiro, quando teremos novamente as rifas. Preciso sair do quase ganhei um fusca para um GANHEI!!!....

Regiane disse...

Caraca eu to mto feliz pelo meu irmao, posso imaginar a felicidade dele!Ele sempre foi apaixonado por velocidade desde pequeno. Eu lembro qdo ele tinha o fusca e vinha pra Peruibe, ia na praia e ficava se divertindo.... Eu morria de medooo e ele adorava...sempre gostou! Parabens!!Adorei seu relatooo beijo

Anônimo disse...

Boa Ronei!! Nãod esista de seu sonho!! Parte dele já é realidade!! Grande abraço!!