Há um grande camarada em Cascavel, o Ronaldo Kracieski, que visito com certa regularidade na Câmara de Vereadores, mais para tomar café e bater papo que atrás de averiguar leis e agendas de sessões. Tem o mesmo tempo que eu de jornalismo, uns 20 anos, é parceiro da escassa cervejinha do fim de tarde, aprecia bastante música sertaneja, embora nunca tenha dado as caras num acústico de Luc & Juli.
Quarta-feira, enquanto via eu acabar com o café de sua sala, Nardão perguntou qual era o evento que eu viria atender em Curitiba. Diante da resposta óbvia, o Porsche GT3 Brasil, teve a impressão de ser a categoria em que corre o Edu Guedes – e é, na categoria Challenge. “Sou fã desse cara, ele manja muito, é muito bom”.
Os anos de convivência me permitiram perceber que Ronaldo referia-se aos dotes culinários de Edu. São, os dois, cozinheiros de mão cheia, sei lá se esses caras que entendem tudo e mais um pouco do preparo de comida levam a mal quando são chamados de cozinheiros.
A propósito do Edu, lembrei desse texto aqui, que escrevi em fins de 2009 para a revista “Cockpit”. Reproduzo-o tal como foi mandado para a edição, sem atualizar nada.
PERFIL
Piloto de fogão
Edu Guedes leva para as pistas do automobilismo virtudes que desenvolveu em 15 anos de atuação como mestre da culinária
Luciano Monteiro
Novos talentos no automobilismo surgem a toda temporada, em todos os níveis e categorias. Eventualmente, tais destaques são constituídos por profissionais já consagrados em outras áreas e plenamente conhecidos do público. Caso de Edu Guedes, que em 2009 passou a conciliar suas atividades como gourmet e homem de tevê com a atuação no automobilismo. Sem qualquer experiência no assunto, o paulistano de 35 anos realizou um sonho de infância com suas participações no Trofeo Maserati e também no Porsche Cup Light. Teve boa projeção nas duas.
No Trofeo Maserati, Guedes esteve no pódio quatro vezes, com dois segundos, um terceiro e um quarto lugar. Foi quinto no campeonato. No Porsche Cup Light, foi terceiro na pontuação final, com um quarto, dois sétimos e um terceiro lugar. “Nunca tinha pilotado, nunca tive nenhuma referência na família. Sou apaixonado por carros desde pequeno, tinha esse sonho e corri atrás”, define. “De início, a maior dificuldade foi me sentir seguro para começar num meio tão competitivo. A confiança, a amizade e o carinho de grandes pilotos ajudaram bastante”, expõe.
A necessidade que percebeu de ter um aprendizado eficiente motivou Eduardo Sanches Guedes a tomar parte dos dois campeonatos ao mesmo tempo. “Assim, o aprendizado foi mais rápido. O Porsche é um carro confiável, gostoso de guiar, a categoria é super bem organizada. A Maserati também tem muita competitividade, as disputas são acirradas e interessantes”, pondera o paulista, que confirma permanência na temporada 2010 do Porsche Cup Light. “Esta foi uma situação toda especial. No meu primeiro ano já pude dirigir dois grandes carros”, ele frisa.
Edu identifica vários pontos comuns entre pilotar e cozinhar. “São duas coisas que exigem concentração, planejamento, precisão, determinação e detalhamento. Na pista ou no fogão, é preciso ter habilidade para contornar situações inesperadas”, pondera, vendo-se dono de postura similar na execução das duas tarefas. “A maior diferença é que como chef de cozinha, pilotando um fogão, sou profissional. Como piloto, sou amador ainda”, estabelece o apresentador de televisão, que estudou alta culinária na Itália e atua profissionalmente na área há 15 anos.
A fama que trouxe da televisão gera assédio nos autódromos. Edu lida paciente com os frequentes pedidos de autógrafo ou para fotos. “Faço com carinho, com muito respeito pelo que as pessoas vêm conversar comigo. Existe a abordagem por eu ser um cara conhecido, da televisão. Mas é claro que vou ficar satisfeito se os fãs, se as pessoas me abordarem pelo meu lado piloto. Seria interessante”, diz o gourmet-piloto, mais velho de uma família de quatro irmãos – Leonardo trabalha com promoção de eventos, Isabella é designer de joias e Flávia, fotógrafa.
Gente famosa pelo trabalho na tevê não é novidade absoluta nas pistas. Os casos de Otávio Mesquita, Humberto Martins, Alexandre Frota e Valéria Zoppello dão precedente à situação com que Guedes convive tranquilamente. “Tenho amizade com o Otávio, também troco ideias com o Frota, que trabalha na Record. Sempre há comparações, vejo isso como positivo”, comenta, mantendo o estilo calmo que demonstra na apresentação do “Hoje em dia”, da Rede Record, e no “Receita pra dois”, que comanda na Record News, combinando culinária com entrevistas.
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