quinta-feira, 19 de abril de 2012

Árvores x corridas

SANTA CRUZ DO SUL - Embora tenha ido dezenas de vezes ao Rio de Janeiro, sempre para falar durante corridas ou escrever depois delas, conheço pouco a cidade. O itinerário de um fim de semana de corridas invariavelmente atém-se ao tradicional aeroporto-hotel-autódromo-hotel-autódromo-aeroporto, motivo pelo qual não sei picas do Rio. Sei que Jacarepaguá, onde ainda existe o autódromo, é Barra da Tijuca, porque um piloto de lá, para quem eu trabalhava e com quem não falo há eras, me contou.

Sem devaneios, fato é que não conheço o Rio. Mais que compreensível, portanto, que o nome Deodoro tenha sido de uma interrogação completa para mim quando surgiram os rumores, e não vão passar de rumos, da construção de um autódromo lá. Aí, dia desses, o Eduardo Homem de Mello fez e postou na internet um vídeo sobre a área onde as fadas garantem que vai haver uma pista de corridas. Publiquei o vídeo aqui no BLuc, inclusive.

Vendo-o, mesmo sem saber pra que lado aponta o sol em Deodoro, matei a charada sobre qual seria a desculpa oficial para o que todos já temiam, previam e sabiam: o ponto de fuga para os caciques do Rio estava, está, nas questões ambientais. Um sem-número de árvores iria abaixo caso alguém tivesse mesmo a intenção de construir o autódromo. Já estava, eu, escaldado com o argumento dos ecochatos, que travaram por 21 dias os trabalhos no autódromo de Cascavel porque o prefeito autorizou que derrubassem uma meia dúzia de pinheiros lá dentro para abrir espaço a boas áreas de escape. Dito e feito, as árvores já foram eleitas bode expiatório da questão.

Os defensores de causas automobilísticas não têm o hábito de aceitar com a devida naturalidade as fraquezas desse esporte, mas é de bom tom que se acostumem a mais essa: árvores são mais importantes que corridas de carros. E vai longe o tempo em que conviviam em plena harmonia, as árvores e as corridas.

1 comentários:

Vasconcelos disse...

Em Monza não conseguiram mudar uma área de escape pq era necessário derrubar algumas árvores... E elas, as árvores, não perdoam, Jim Clark q o diga...