sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico

MEXILHOEIRA GRANDE - Abro exceção nos títulos à sequência de posts porque a memória de um mestre, mesmo a do mestre do humor, não deve ser atrelada a uma brincadeira minha.

Era manhã de 25 de outubro, lá no escritório em Cascavel, quando do nada, sem um motivo aparente, comecei a escrever para postar aqui mesmo, no blog, um texto sobre Chico Anysio. Não pergunte por quê. Apenas abri um arquivo de Word e comecei a rascunhar algumas linhas sobre Chico, algo como uma analogia entre vários dos personagens dele, e foram mais de duzentos, com o típico cidadão brasileiro. Eu tentava pôr no papel, ou no HD, a ideia de que cada um de nós se identifica com pelo menos meia centena dos tipos que Chico criou.

Comecei a escrever. Não terminei. Estava ao fim do segundo parágrafo, ou já abrindo um terceiro, quando minha mulher chamou ao telefone. Haviam roubado, furtado, nosso carro, de frente de casa. Algo que até hoje não foi resolvido, e já não faz tanta diferença, no Brasil nada se resolve mesmo, e por isso costumo dizer que é um país de merda. Era um texto que há meses eu queria terminar, não consegui, não tive tempo, não tentei.

Meu país de merda que hoje se tornou uma merda ainda mais sem graça. Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, a quem Fausto Silva se referia como o maior artista vivo do Brasil, morreu.

Menos mal, acabou o sofrimento de Chico. Gente que tem o dom de levar alegria às pessoas em um país de merda não merece sofrer.

2 comentários:

Cesar G. novak disse...

Uma pessoa que se faz dispensável qualquer comentário, pois fez de sua simplicidade a alegria de um país marcado por tantas incertezas e falcatruas. Só temos que desejar que descanse em Paz.

Anônimo disse...

Pare de fumar Luc. Não siga o sofrimento do mestre.