NOVA SANTA RITA – Difícil precisar a época. 2006, provavelmente, talvez 2004. Como palco, o corredor que leva ao estúdio da CATVE – para este caso, que traz do estúdio à recepção. Os personagens, salvo improvável engano, o piloto Renato Martins, eu, Luiz Silvério e Aurélio Félix. Não preciso dar adjetivos aqui pra dizer quem foi Aurélio, se você caiu aqui no BLuc é porque sabe.
Havíamos acabado de sair do “Bate-Papo de Esportes” do Jorjão Guirado. Aurélio, que estava em Cascavel envolvido até o pescoço com os preparativos para a corrida da Fórmula Truck no autódromo de lá, era alvo de críticas por conta de valores envolvendo o evento. Não lembro pormenores do episódio, mas a questão envolvia o lucro que a Truck poderia ter com a etapa.
O papo com Aurélio, Renato, eu Luiz – talvez o Pedro Muffato, também, minha memória já foi melhor que isso – preencheu mais que um bloco do programa, que é exibido ao vivo. Num dos intervalos, abordei com Aurélio a questão das críticas. Ele provocou, rindo. “Por que você não pergunta isso no ar? Aí eu respondo”. O Jorjão coçou a cabeça com expressão preocupada. Silvério temia visivelmente que o bate-papo virasse bate-boca.
No bloco seguinte, fui ao assunto, como provocado pelo Aurélio. Questionei o que lhe era questionado à boca pequena. Era só a deixa que ele esperava para falar o que tinha para falar a respeito – até tinha sugerido em off, lembrei agora, que eu repetisse o tom crítico que o recriminava. Aceitou o questionamento, respondeu, esclareceu, fez o comercial dele, enfim. Participação encerrada, foi todo mundo pra um restaurante. Eu, de alvará vencido, fui pra casa.
De volta aos corredores da CATVE, que foi por onde comecei a ladainha. “Se você queria uma deixa pra dar seu recado era só ter falado. Achei que você queria é briga”, comentei. Renato riu. Aurélio também. “Eu precisava mandar meu recado, e ele foi mandado”. “E por que você não entrou no assunto logo de cara? Ou por que não pediu pro Silvério questionar essas coisas? Ele está com você em todas as corridas, afinal”, argumentei. À toa, mas argumentei.
A resposta veio pronta. Enigmática, à minha percepção. “Preferi você, que ainda não trabalha pra mim”.
Nunca trabalhei pro Aurélio, de fato, embora desde 1999 tenha direcionado parte do meu trabalho à Fórmula Truck que ele criou e fez virar um dos principais eventos do esporte brasileiro.
E por que lembrar disso agora? Se não por outro motivo, porque hoje, 2 de março, é o primeiro dia em que piso num autódromo, no caso o do Velopark, como contratado da Fórmula Truck. Nossa agência jornalística, a Grelak Comunicação, passa a responder neste 2012 pela assessoria de imprensa da categoria. Aurélio já não está por aqui há quase quatro anos. Mas cá estou, trabalhando pra ele. Ponho essa com gosto no meu currículo.
Essa foto aqui, a título de registro, é da última etapa de 2003, em Curitiba. Vê-se que há oito anos e pouco eu era magrinho e tinha cabelo. Orlei Silva, fotógrafo da Truck, viu-me perambulando pelo grid e sugeriu a foto. Brinquei com Aurélio sobre uma de suas marcas registradas, o sinal de positivo para as fotos. "Já que o problema é esse eu resolvo fácil", era o que estava dizendo, de mão escondida, enquanto Orlei disparava a máquina.
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