Quem me chamou lá no terceiro andar foi o Roberto Barranco, diretor da equipe de sinalização Speed Fever. Ofereceu um café, que eu recusei - preciso evitar o cafezinho, grande vilão das minhas gastrites e úlceras duodenais. Barranco tem acompanhado, nos últimos dias, a repercussão alcançada pelo acidente que envolveu cinco carros na Copa Marshal de Marcas & Pilotos, três semanas atrás lá em Interlagos. Acompanhou, inclusive, o que publiquei aqui no BLuc.
Na última vez toquei no assunto, quando recebi a imagem do Sport Brazil que mostrava todo o acidente, afirmei algo que o Barranco contesta. "Notem que Flávio Paiva, o piloto do carro número 7, tenta sair do carro e não consegue. Faz sinais desesperados com a mão, em vão. (...) E ninguém nota o desespero do Flávio", foi o que escrevi no dia 11, sobre o piloto Flávio Paiva, que acabou sofrendo uma lesão na coluna - foi submetido a uma cirurgia dois dias depois da batida.
"Não é que ninguém notou. Bem pelo contrário, todo mundo notou e a situação foi reportada imediatamente", foi o que me falou, arrematando com uma alegação que eu mesmo usei dias atrás numa rodada de bate papo: "O pessoal de resgate não põe a mão em pilotos. Essa é atribuição dos médicos".
A largada da corrida da Copa Marshal não tinha o Medical Car seguindo os carros. "Eu sempre posiciono o Medical e o Safety Car no posto (de resgate) da curva do Café", explicou-me o diretor de provas Antonio Carlos Regal. Poucos conhecem-no pelo nome. Se falar no "Magrão", todos sabem de quem se trata. "Estando ali, o médico vê tudo que acontece na pista, e eu, da torre, vejo o carro médico. O Café é o ponto que permite um deslocamento com maior praticidade para qualquer lugar da pista de Interlagos", justificou o diretor de provas, que diante do acidente determinou a imediata intervenção do Safety Car. "Quando os pilotos passaram pelo acidente pela primeira vez, a corrida já estava neutralizada pelo Safety e o atendimento médico e do resgate já estava sendo prestado. É uma mostra de que esse sistema funciona", ilustrou, citando que outro diretor de provas do automobilismo brasileiro, o meu parceiro Sérgio Berti, também define o posto do Café para posicionamento dos dois carros oficiais.
Ah, sim, o atendimento médico. O vídeo acima mostra que a doutora Magda Costa Silva chega ao carro de Flávio 1min59s depois do primeiro toque entre os carros envolvidos no acidente. Houve demora? Não, segundo ela. "Existe um código mundial que reza que você só passa a integrar a cena de um acidente para prestar quando há garantia de segurança para o procedimento. Esse código vale para tudo. Para tudo", explicou a doutora. Lembro de ter aprendido isso no Detran, quando fiz curso de reciclagem - não me condenem, havia o carro de um terceiro registrado em meu nome que carregou minha CNH de pontos.
Quando chegou ao local do acidente, Magda já sabia pela direção de prova, atenta à comunicação dos fiscais de pista, que o panorama recomendava prioridade a Flávio. "Ele se queixava de muita dor. Fiz com que ele ficasse no carro e a equipe médica providenciou a devida imobilização para tirar o piloto do carro. Depois fui rapidinho para o carro do garoto", ela narrou, citando Edson Coelho Júnior, do carro número 999. "Pelo toque percebi que ele tinha uma fratura na clavícula. Ele queria sair do carro, então indiquei a posição em que ele devia manter o braço e aí sim, ele saiu e a gente fez a imobilização", contou. Quando chegou ao carro de Caio Clemente, a determinação da doutora foi também de que permanecesse no cockpit até a imobilização e remoção. "Ele se queixava de dores nas costas. Felizmente, no caso dele, não era nada, mas poderia ser", frisou.
Os três pilotos foram atendidos no ambulatório do autódromo. Caio foi liberado; Edson e Flávio foram encaminhados ao hospital. "Quando há uma eventualidade como aquela, uma ferramenta de trabalho que a gente tem é a confiança no trabalho dos outros, e isso existe porque trabalhamos juntos há muitos anos", ponderou a doutora, referindo-se ao comando de Magrão sobre as ações de todas as equipes de trabalho e de Barranco na coordenação do resgate. "Quando eu vou para a pista, a minha vida também passa a estar em risco, então eu preciso confiar no Magrão, é ele quem garante que a condição de pista vai preservar a minha segurança. E ele confia no que eu faço na parte médica. Nós formamos um time", ela definiu.
Barranquinho, Magda e Magrão estão em Santa Cruz do Sul. Formam há anos, cada um em sua função, o time titular do Campeonato Brasileiro de Gran Turismo, que abre aqui as disputas da temporada de 2012.
8 comentários:
Justificando o injustificável. Felizmente vivemos momentos em que registros em vídeos denunciam os erros que acontecem em qualquer categoria do automobilismo. O atraso na percepção dessa nova realidade é que causa a necessidades desses depoimentos. Não há argumentos contra fatos. A falta do Medical Car no fim do grid, a falta de bandeira vermelha, a falta de relatórios por parte dos comissários, a demora e erros de procedimentos no salvamento médicos foram suficientes para a suspensão desses prestadores de serviços nos eventos do campeonato paulista, da Fasp. Não sei até quando será essa suspensão, mas espero que não seja curta.
Estive envolvido no acidente, sou o piloto do Corsa prata 18. Não sei se os substitutos serão melhores, mas pelo menos saberão que erros grosseiros não serão tão tolerados como no tempo em que as imagens ficavam somente na cabeça dos envolvidos e tudo era resolvido com depoimentos como esses.
claudioroscoe.com.br
É simples... Se o carro estivesse pegando fogo, o piloto já tinha virado churrasco.
Se o carro estivesse pegando fogo, este teria sido apagado com muita competência.
Falar bobagens é muito fácil.
Fazer um bom trabalho, já isso é mais difícil.
Marcão
Hahhahahha se tivesse pegando fogo ia pegar até o piloto virar churrasquinho pois a incopetencia desta equipe é demais pergunte ao piloto Otavio mesquita rsrsrsrsr
O pior de tudo e ler o relato da Dr Magda que não conhece porra nenhuma de mobilização e etec .....Nos temos dois minutos para socorrer PQP dois minutos e tempo pra cacete .O pior de Tudo Hoje estão na GT4 fazendo corrida será que o organizador sabe quem é esse trio afffffff
Levando como base a declaração que "O pessoal de resgate não põe a mão em pilotos. Essa é atribuição dos médicos" - Pergunto o seguinte: Não seria prudente para o resgate de pista no momento que vê o piloto sinalizando com a mão, ir até o piloto para saber se ele está machucado, ou se precisa de ajuda para sair do carro, ao invés de somente passar para a informação a direção de prova pelo rádio? Vamos supor que o piloto estivesse desacordado dentro do carro. Quanto tempo se passaria até alguém se aproximar para verificar porque o piloto não saiu de dentro do carro. O fato do pessoal de resgate de pista não encostar no piloto, não impede o fiscal de chegar perto do piloto e verificar como ele está. Lembrando as primeiras pessoas que chegam ao acidente é o pessoal de resgate de pista, que são os responsáveis por passar as informações a direção de prova.
A.R.
... e foi assim que morreu Roger Williamson, não tocando no piloto... é cada uma que eu ouço...
É mentira.
Eu trabalho na sinalizacão e não teve pedido de prioridade para o piloto que ficou ruim. Infelzmente estamos cada vez menos preparados, pegando pessoas sem capacidad para trabalhar aqui nos postos. Talvez seja por isso que não fazemos mais fórmula um.
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