quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Quem falou em final feliz?

Tive seis meses de prazo, talvez mais, para protocolar o TCC. Cumpri meu prazo particular, do produto que me coube na divisão das tarefas em grupo, a 14 minutos de seu encerramento. Um hábito meu, diga-se, já que hoje é meu último dia útil para negociar a inclusão de minha dívida no programa de refinanciamento da Receita Federal e acabo de chegar do escritório do contador, onde fui tratar do assunto. Amanhã tem banca final do TCC, sexta de manhã eu viajo, era hoje ou não era mais.

TCC não tem nada a ver com aquele contrato de capitalização do banco Bamerindus. A título de esclarecimento aos desavisados, é uma sigla que admite as mais variadas significações, mas que traduz “trabalho de conclusão de curso”. No meu caso, nos últimos dias, significou “tô caindo de cansaço”. Em suma, é a miguelagem que alguém que despendeu anos de sua vida útil em uma universidade – que nem sempre é tão útil – tem de apresentar na reta final para comprovar a profissionais convidados nem sempre interessados no assunto que você merece a dádiva divina de portar um diploma.

No meu caso, o curso de graduação tem um nome bonito, “Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo”. É Jornalismo, pronto. Uma área em que trabalho há 18 anos, uma maioridade que me ensinou muito, que serviu para mostrar que há outro tanto ainda maior, muito maior, a aprender convivendo com profissionais da área e consumindo produtos jornalísticos de qualidade. No banco universitário, termo que acham bonito e que só designa uma daquelas cadeiras duras que disponibilizam aos cursos com as mensalidades mais baixas, aprendi pouco. Culpa minha, talvez, em partes. Pena, poderia ter sido um período melhor aproveitado.

Um “blargh!” para o diploma. Só quem dá valor ao diploma de jornalista é o Sérgio Murilo de Andrade, um sujeito que já admitiu, em resposta a uma questão minha, ter sido um “profissional mediano” quando exercia o jornalismo e que hoje preside a Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas. Fenaj que defende a obrigatoriedade de um diploma para o exercício da profissão e que não está nem aí para o nível do ensino que as instituições – sobretudo as particulares – oferecem. Sujeito que for aprovado num curso mequetrefe com a média mínima pode ser jornalista e pronto, é o que defende a Fenaj.

Abro parênteses. Não existe, nas bandas de cá, instituição pública de ensino superior que ofereça curso de Jornalismo. Só as caça-níqueis, mesmo. Fecho parênteses.

Enfim, o tormento acadêmico aproxima-se do fim. Terá custado qualquer coisa em torno de 30 mil reais. Uma boa grana, me faria muito bem tê-la hoje num porquinho de porcelana. Os últimos dias foram de puro definhamento na produção de última hora dos produtos finais. Afinal, sou brasileiro e não desisto nunca. Duas coisas de que, não sei por que cargas d’água, não me orgulho, ser brasileiro e ser (quase) jornalista formado. Gostaria de ter frequentado cursos como os que acolheram colegas de profissão de outros centros, converso muito com vários deles a esse respeito.

Enfim, amanhã, estaremos Daniela, Camila, Pamela e eu diante de uma banca que vai carimbar com tinta vermelha ou azul o nosso passaporte para o mundo dos sonhos de Sérgio Murilo. Não vou comemorar, não haverá por quê. A partir de sexta, a vida voltará ao normal, com viagem a São Paulo para atuação na etapa final do Itaipava GT Brasil. De segunda em diante, terei mais tempo para a família, para mim, para as minhas coisas e causas.

3 comentários:

Luc 2010 disse...

Teste

Ronaldo disse...

Até que enfim algo novo por aqui. Não aguentava mais acessar o Blog e ver a cara do Cacá Bueno!!!

Alceu A. Sperança disse...

Caça-níqueis, disse tudo. Subscrevo todo o texto.

Mas afirmo meu apoio ao curso, ao diploma e, além dele, ao constante aperfeiçoamento dos jornalistas.

Quem já trabalha deveria continuar trabalhando, sem cretinismos regulamentares, mas quem está começando deve estudar.

Já há muita gente ignorante se metendo a fazer rádio e TV por aí! Estudar é bom e necessário.

Se os dirigentes tivessem juízo, fariam com que o Sindicato e algum organismo oficial de regulamentação de currículos determinassem uma correção de modo que os cursos melhorassem pelo menos um pouco mais.

Assim valeriam os níqueis caçados!

Depois, o Sindicato e as empresas deveriam, em convênio com as escolas, até numa negociação de permuta publicitária, que tanto costumam fazer, facilitar a qualificação dos já profissionais sem diploma, para que tivessem acesso a ele sem custos.

O diploma, em si, é inútil, pois não dá atestado de ética. De resto, as técnicas, via revolução tecnológica, mudam a toda hora.

A regra do jogo do começo do curso muda até a obtenção do diploma e quando você volta das primeiras férias, as técnicas e os procedimentos já mudaram tanto que todo seu aprendizado em sala já ficou obsoleto.

Teria muito mais a dizer, mas fico integralmente ao lado de suas observações.

Além de espertas - e pertinentes -, elas decorrem da vivência do cotidiano do curso, em confronto com o cotidiano do seu trabalho profissional na vida real, que é na luta das redações, correndo contra a dead-line.

Só gostaria de deixar anotadas duas máximas neste mínimo de espaço:

Um sujeito ético e um diploma fazem um jornalista.

Um sujeito cínico e um diploma fazem um oportunista.