terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os bafafás da última etapa

Hoje é dia de fechar de vez, por aqui, o assunto Brasileiro de Marcas & Pilotos.

Houve polêmicas na competição do último fim de semana em Cascavel, claro, e poucos esperavam que fosse diferente. Duas delas, verificadas na última etapa, chamaram atenção.

A primeira ficou por conta da autorização dada por Bento Tino Cesca, diretor de prova, para a largada sob condições alegadamente desfavoráveis. Chovia assustadoramente no momento do início da prova e um adiamento da disputa fazia-se inviável por conta da anunciada transmissão ao vivo da competição.

A transmissão, cabe nota, não aconteceu, também em função dos danos que a chuva e o vento causaram ao equipamento empregado pela Master TV na geração das imagens. O material foi enviado ontem ao Bandsports, em São Paulo, e deverá entrar na grade de programação desta semana.

Voltando às condições de pista, a largada foi dada com o safety car à frente dos pilotos. Comentários como “o Bento devia ser preso” ou “o diretor de provas nunca deve ter sentado num carro de corrida” traduziram, depois da corrida, o sentimento de parte dos pilotos sobre a confirmação da corrida, que depois de algumas voltas sob bandeira amarela teve a disputa por posições autorizada.

Houve uma nova intervenção do safety car nas voltas finais da corrida, para resgate de carros que haviam saído da pista. Durante este procedimento, vários pilotos – Luiz Pielak, Júnior Caús e André Massuh, entre eles – sinalizavam que as poças na pista não ofereciam condições para pilotagem. A drenagem do autódromo de Cascavel é das mais ineficientes. Massuh tomou o caminho dos boxes e desistiu da corrida, mesmo sendo apreciador declarado de competição em pista molhada.

O apelo dos pilotos não surtiu o efeito que esperavam e a relargada foi dada para uma última volta sob bandeira verde, com disputas liberadas. Para parte dos pilotos, foi uma situação de risco.

Falei com Bento Tino (foto) a esse respeito logo depois da confirmação do resultado da corrida. Ele sustentou seu aval às decisões tomadas pelos comissários durante a corrida. “No início, fizemos algumas voltas com o safety car na pista, a chuva diminuiu um pouco e as condições da pista tornaram-se, no nosso entendimento, suficientes para autorizarmos a disputa por posições”, disse-me Bento. Mas os pilotos sinalizavam a falta de condições para a disputa. “Eu compreendo que, para os pilotos, seria mais cômodo a corrida ter acabado ali mesmo, com o safety car. Nossa tarefa aqui é tomar as decisões para garantir o bom andamento da competição. Todos os comissários entenderam que havia condição para isso, por isso determinei a bandeira verde”.

Outra ocorrência polêmica ficou por conta da autorização para a disputa por posições no início da prova, depois de algumas voltas percorridas com o safety car na pista, já com a corrida em andamento. O pole-position Adriano Reisdorfer adotou um ritmo mais lento no início da reta dos boxes e, antes da linha de largada/relargada/chegada, foi ultrapassado por sete concorrentes. Adriano, ao término do campeonato, protestou, e o teor de sua reclamação foi comprovado pelos mapas de cronometragem da Cronoelo. Os sete tiveram, a título de punição, 20 segundos acrescidos a seu tempo total de prova, sob alegação de “queima de relargada”, o que provocou mudanças drásticas no resultado da corrida.

Júnior Caús, um dos punidos, era o segundo colocado e alegou-me que estava quase ao lado de Adriano quando percebeu, ouvindo o ronco dos motores, que os pilotos de trás vinham acelerando em ritmo forte. “Se eu não acelerasse também, alguém iria me bater”, justificou. Na pista, Luiz Fernando Pielak venceu, com Caús em segundo e Wanderley Faust em terceiro. Os três estiveram entre os punidos. Com isso, Marco Romanini, quarto no dilúvio cascavelense, foi declarado vencedor da etapa, resultado que deu-lhe o título brasileiro.

A esse respeito, Bento Tino manifestou-se da seguinte forma: “Vários pilotos nos procuraram aqui na torre, alegando os motivos para a queima da relargada. Alguns disseram que fizeram assim para preservarem sua segurança, outros alegaram que não estavam vendo nada por causa do spray d’água e acompanharam o ritmo. Nós deixamos muito claro no briefing que, em caso de relargada, as ultrapassagens só seriam permitidas a partir da linha de relargada. Igualmente, eu compreendo os motivos que os pilotos alegam, mas tenho que fazer cumprir o que está escrito”.

Dentro de instantes, teremos aqui no BLuc, nesse post mesmo, um vídeo captado pela câmera instalada no carro de Ingmar Biberg, mostrando a sofrível visibilidade dos pilotos no momento da bandeira verde.

Bento Tino, ao justificar os dois pontos em que o questionei, tomou postura de quem dava uma declaração a um jornalista que nunca havia visto antes. Ficou clara a diferenciação de situações. Era o diretor de provas dando uma declaração ao jornalista, e não o Bento conversando com o Luc.

Bento Tino, como todos os demais diretores de provas do automobilismo ou árbitros de quaisquer outras modalidades, não é uma unanimidade. E é sempre muito seguro das decisões que assina. Tem postura, concordem os pilotos ou não.

3 comentários:

Thiago disse...

O marco romanini nao vai reclama dessa vez de ter sido beneficiado com as puniçoes, pois sempre fala q eh injustiçado em cascavel.

Unknown disse...

Boa Tarde.
Gostaria muito de ter o prazer de levar o Bento Tino a dar algumas voltas com uma chuva destas, sinceramente não tinha nenhum tipo de condição de continuar a prova, não entendi a largada naquela volta, porém a duas voltas atrás estava sem chuva forte, não entendi também o porquê de não terminar com safety car, era para fazer um H sobre o final do apagado brasileiro? Que desrespeito com os pilotos presentes, qualquer pessoa percebia a aqua planagem em plena reta dos pilotos.
Sobre a largada acredito eu que o Adriano tenha largado um pouco fraco e tirou o pé sabendo da advertência com os outros pilotos, poderia ter provocado um grande acidente e assim dando o final da corrida e o campeonato a ele, mas pelo que conheço ele não seria a intenção do acidente, foi esperto em meio a pressão toda não acelerar e esperar as advertências.
Agora me pergunto, quem vai saber se o piloto ponteiro tirou o pé ou quebrou? E se quebrasse qual seria o resultado?
Parabéns Bento Tino, não entendo o porquê no regional você faz um padrão de relargada e no brasileiro outro, nada contra sua pessoa, mas ficou algumas perguntas no ar que no momento das reclamações os pilotos não tem resposta.

Juliano.

Gabriela Couto disse...

Luc, vc não assistiu ao desabafo do Adriano dps da última bateria. Ele foi reclamar com o presidente da CBA, Pinteiro, com relação às condições de realização da prova. O coitado do velhinho não tinha nem tirado a cara para fora da secretaria do ACC por causa das dores na coluna que estava suportando. Junto com ele veio o Marlon... os dois ensopados!!! No fim deu tudo certo e tudo se resolveu. Saíram até aos abraços com Pinteiro!!! coisas que só acontecem em Cascavel.