Enquanto aguardo a chamada para o embarque, já que o voo está mais de uma hora atrasado, vou fazendo uso de todas essas frescuras que a internet nos oferece. MSN, Twitter, blog, o escambau. A bateria do laptop já foi embora, por isso arrumei um cantinho no chão, encostado numa coluna de concreto, único lugar onde vi uma tomada disponível.
Estou cercado de gente por todos os lados. Procuro fazer ouvidos moucos ao blablablá geral, mas é difícil. Impressiona a quantidade de abobrinha que gentes falam. Todo mundo fala, ninguém escuta, são vozes e mais vozes disputando ondas sonoras, perdidas no meio do nada.
"Eu sou são-paulino, mas quero que o São Paulo perca", "você viu o tamanho da espinha no narizinho novo dela?", "eu não pago quatro reais num pão-de-queijo nem a pau", "aquilo ali é plasma ou LCD?", "tirei uma foto com o Antonio Palocci", "tive que financiar, não teve jeito", "tinham que devolver o dinheiro da passagem quando atrasa", "onde que dá para fumar aqui?", "eu cancelei minha TV a cabo, só tem canal ruim", "vou comprar uma preta e uma vermelha; não, só a preta" e "tua namorada tava um tesão terça-feira" estão entre as pérolas literárias que captei em canal quase subconsciente aqui do chão.
Certo estava Raul Seixas, quando escreveu que "gente é tão louca e no entanto tem sempre razão".
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