sexta-feira, 11 de maio de 2012

E a obra vai subir

CASCAVEL - Eu não pisava no autódromo de Cascavel desde início de fevereiro, quando por lá houve uma confraternização para lançamento das obras de revitalização. Desde então, passei por outros nove autódromos, numa sucessão de dez fins de semana fora de casa – um deles, o da Páscoa, sem qualquer contato com automobilismo – até que na última terça-feira estive de novo no daqui.

Voltei na segunda-feira de Caruaru, onde trabalhei na cobertura da etapa da Fórmula Truck, e fiz contato com o prefeito. Queria uma entrevista dele para o blog, para que expusesse alguns pontos sobre o trabalho e, sobretudo, sobre a expectativa de reinauguração no início de agosto, com o tão aguardado retorno da própria Truck. Edgar Bueno contrapôs. Em vez de uma entrevista um tanto formal, convidou-me para conversarmos durante uma passada pelo canteiro de obras depois do fim do expediente da terça. E lá fomos nós, enquanto operários trabalhavam já com faróis a iluminar o cair da tarde.

Todas as questões que eu tinha para fazer ao prefeito orbitavam uma única indagação: há condições para conclusão da reforma do autódromo em tempo hábil para que a Truck volte a Cascavel depois de mais de cinco anos? Edgar riu calmamente. “Claro que vai dar tempo. Temos tudo sob controle”, garantiu, enquanto já caía a noite e íamos, ele, eu e o pequeno grupo que o acompanhava, afundando os calçados na terra revolvida às margens do traçado. Mesma afirmação que já havia feito na semana passada.

Uma parte da pista, que compreende o fim da antiga reta dos boxes e maior parte da reta que leva à curva do Bacião, foi retirada. O asfalto foi retirado, no caso. “Aqui você não percebe, mas tiramos tanta terra que a pista, nesse trecho, ficou quase três metros abaixo do que era”, contou, enquanto contornávamos a curva Um. De fato, atento apenas à pista, não percebi, mas olhando em volta, tomando barrancos e demais relevos por base, vi que era um fato.

A bem da verdade, não havia muito a ver no canteiro de obras do autódromo. A não ser o estágio adiantado do trabalho de terraplenagem – que muitos juram ser “terraplanagem”, e nisso parece haver alguma lógica –, praticamente concluído. A área que vai receber os novos boxes, logo após a antiga curva Um, já está devidamente preparada. Na parte de trás, já está feito o recorte que vai permitir às equipes de todas as categorias estacionar suas carretas atrás dos boxes e descarregar suas máquinas de competições diretamente em seus boxes, sem a necessidade de uso de rampa, algo parecido com o que já existe no autódromo de Santa Cruz do Sul. Esse espaço, o das carretas, será cascalhado e receberá camadas de pedra brita, asfalto ali é uma meta para o futuro. A área do heliponto, no que diz respeito à terraplenagem, também está prontinha da silva. O mesmo ocorre com as áreas onde serão instaladas arquibancadas móveis para as corridas das categorias que deverão ter etapas em Cascavel já em 2012 – a esperada Fórmula Truck, o Brasileiro de Gran Turismo com seus três eventos parceiros e o Moto 1000 GP.

Vi que o Bacião, que é a curva mais bem bolada entre todas as pistas de corrida do sistema solar, ganhou uma nova área de escape, num relevo que acompanha a inclinação da curva. Toda a área ao redor da pista que vai receber o alargamento do traçado – a largura mínima passará a 12 metros – também já está preparada para isso. Entrada e saída dos boxes estão devidamente demarcados por estacas, bem como a já citada parte do traçado que foi removida e teve seu relevo rebaixado.

E depois de todo esse trabalho, que consumiu meses e milhares de horas-máquina, só o que se vê no autódromo é terra, como na foto que publiquei dias atrás. Se está tudo pronto, porque o asfaltamento e a obra civil dos boxes e da torre ainda não começaram?, é a pergunta óbvia. Claro, aí entram os trâmites burocráticos. Em se tratando do poder público, tudo passa pelos estágios licitatórios. “Vamos abrir os envelopes da licitação do novo asfalto no dia 24 (de maio), e os dos boxes e da torre no dia 25. Feito isso, temos de esperar o prazo legal de cinco dias e, no primeiro minuto depois do prazo, o trabalho começa. Quem ganhar a licitação faz o serviço, a fiscalização do trabalho e do material empregado é do Município”, resumiu Edgar.

Considerando, por pura e simples matemática, que o trabalho todo comece no dia 29 de maio, estarão faltando 66 dias para o primeiro treino livre da sexta etapa da Truck, marcada para entre 3 e 5 de agosto. A categoria estaria no autódromo bem antes disso, no mínimo uns 20 dias, para montar todo seu evento gigante, expus ao prefeito. “Fique tranquilo, vai dar tempo”. E o tempo de cura do asfalto? “O tipo de asfalto que vamos aplicar dispensa aquele tempo de 30, 40 dias para a cura. Depois de uma semana, dez dias, podemos pôr os caminhões na pista sem risco nenhum”, avalizou.

(Conversei também com um engenheiro mineiro do ramo sobre a viabilidade de caminhões de corrida estarem na pista poucos dias depois da conclusão do asfaltamento. As explicações dele estão no post seguinte; se preferir, clique aqui mesmo e leia-as.)

Com a caminhonete do prefeito, percorremos partes do terreno do autódromo que eu nem imaginava que existiam. Só frequento aquele lugar há 20 anos, afinal, conheço gente que vive lá dentro há quase 50. Chamou atenção a reserva de áreas para estacionamento, que serão igualmente cascalhadas. Numa delas, próxima à curva Seis, pelo lado externo da pista, haverá espaço para exatos 1.886 carros. O estacionamento da área de boxes comportará 550 automóveis, e uma outra, perto da curva Um, terá mais 286 vagas. A nova torre de controle terá três andares, além do piso térreo. E, under request, ouvi pela primeira vez o prefeito falar no valor que o Município terá investido no autódromo quando tudo aquilo estiver pronto: cerca de R$ 14 milhões.

Notei que Edgar Bueno examina cuidadosamente cada detalhe do canteiro de obras com a atenção típica de quem cuida de um filho. Uma figura de linguagem bem cabível ao contexto de ora. Quando encampou a eterna briga do autódromo e, depois de décadas de luta, discussões e até devaneios dos automobilistas daqui, apresentou uma solução para Cascavel voltar a ser um dos principais centros automobilísticos do Brasil, sabia bem no que estava entrando. Sobretudo ele, que oito anos atrás, em seu primeiro mandato, já havia empreendido uma primeira tentativa de dar bons rumos ao autódromo.

















Aí acima, alguns detalhes da perspectiva que os engenheiros e arquitetos da prefeitura de Cascavel prepararam para expor lá no autódromo, de onde fotografei - como já caía à noite, tive de usar o flash da câmera do celular, o que justifica o brilho no meio das imagens. Em sentido horário, a partir da primeira foto, a nova torre de controle, uma das áreas de estacionamento que serão construídas e, de pontos diferentes, a nova área de boxes.

2 comentários:

João Passos disse...

Luc...Vale ressaltar que pela 2a vez Edgar Bueno se empenhou no trabalho pelo autódromo. Se ficar pronto desta maneira do projeto, será uma das maiores indústrias de Cascavel, gerando emprego e renda de maneira direta e indireta para muitas e muitas pessoas. Um sonho efetivamente de quem gosta e ama esta cidade. Quem pensa ao contrário, diverge do progresso e da história de Cascavel

Bushwacker disse...

That racetrack must be really amazing to practice at. It's the first image, right? The new pit are is sensational. :D


Fender Flares | It's All About Car