sexta-feira, 13 de julho de 2012

Acabou-se o que era doce

CASCAVEL - Foi na semana passada que se anunciou um incremento no evento de daqui a três semanas, que vai marcar a reinauguração do Autódromo Internacional de Cascavel: nada menos que uma corrida do Campeonato Metropolitano de Marcas & Pilotos, com seus treinos e baterias incluídos como fosse possível na programação da Fórmula Truck.

Eu mesmo trouxe essa novidade aqui no blog, já tarde da noite, enquanto ali nas oficinas do jornal "O Paraná" a edição do dia seguinte já saía das rotativas trazendo a novidade em destaque de página inteira na coluna "Bandeirada", do Luiz Aparecido. A página está reproduzida aí abaixo, eliminei dela as notas que tratam de outros assuntos e maioria das publicidades - sobrou o selo dos vinhos Trentobel, esse nem fiz questão de eliminar, a marca é do Juraci Massoni, que é parceiro e meio. Já prevendo dificuldades na leitura do jornal, providenciei a publicação dos recortes ali no post anterior.

Um evento automobilístico de suporte até destoa um pouco do padrão das etapas da Fórmula Truck, que preenche seu cronograma com um sem-número de atrações extras nos autódromos sem que um deles seja uma competição entre pilotos e carros. Tudo foi visto pela unanimidade como uma conquista da categoria local, que por anos e anos respondeu sozinha - ao lado das edições do Racha Noturno e das competições regionais de arrancadas, é verdade - pelo pouco de movimentação que havia no autódromo.

Mais que isso, correr diante dos dezenas de milhares de espectadores que estarão no autódromo para a Truck, concordam pilotos, mecânicos, chefes de equipe e ratos de autódromo, cai como uma compensação e tanto à categoria que segurou a prática do automobilismo no peito desde que o automobilismo brasileiro viu-se obrigado a esquecer Cascavel por conta das condições sofríveis do autódromo. E que ficou quase um ano inteiro sem corridas, um dos óbvios ônus pelo fechamento do lugar para as reformas.

Agora temos, teremos, um autódromo novinho em folha em Cascavel, todo mundo por aqui diz que será o terceiro melhor do Brasil, eu sou da corrente que aponta-o como segundo nessa escala. Não é feio admitir que os pilotos, maioria deles, comemoraram o anúncio da etapa conjunta com a Fórmula Truck como uma conquista do Metropolitano de Marcas.

Como informei no post da semana passada, uma reunião com pilotos e integrantes havia sido convocada pelo Automóvel Clube para sexta-feira à noite, lamentei não poder participar porque estaria, estava, em Interlagos. Mas foi adiada, para ontem. Diante do que se tem agora, o adiamento até que foi compreensível: na sexta-feira, a discussão seria sobre o que mudaria em relação ao habitual pelo fato do Metropolitano servir como evento-suporte da Truck; ontem, não houve discussão nenhuma. O Jura Massoni, que é o presidente do ACC, só anunciou com cara de velório que, depois de todo o alarde que todo mundo fez, a corrida não vai acontecer.

Tento compreender, sem sucesso, o pedido de trégua feito por Massoni em nome de algo não revelado. É claro que todo mundo quis saber quem cancelou, por quê, como, tudo mais. O Jura não sabia para onde correr. Abriu o coração aos cerca de 60 presentes ao encontro, disse que não tem conseguido dormir mais que uma hora por noite, falou um pouco sobre como tem acompanhado a rotina frenética de trabalho no autódromo, enalteceu virtudes do projeto levado a efeito no autódromo pelo prefeito Edgar Bueno - "o que o Edgar está fazendo ninguém teria peito para fazer", falou o Massoni, ao microfone - e pediu para que ninguém o inquirisse sobre as causas da notícia que havia acabado de dar, de que o Marcas & Pilotos de Cascavel estava fora da etapa da Truck. "Talvez vocês mesmos descubram os motivos daqui a algumas semanas. Eu não posso falar nada". E ninguém soube, não através dele, por que o evento estava suspenso.

A reação de todo mundo foi um aval ao prestígio e aos bons atestados que Juraci Massoni mantém junto ao público do automobilismo. Surpreendentemente, ninguém o pôs contra a parede. Ninguém o pressionou. Mas ninguém fez questão, também, de disfarçar o sentimento de indignação. Puseram o doce na boca dos pilotos e depois tiraram, essa foi a definição mais recorrente da noite. Como em tudo que envolve uma notícia ruim, um culpado tem de ser apontado.

O cancelamento da corrida anunciada na semana passada é o assunto de hoje e das próximas semanas nas oficinas, postos de combustíveis e suas lojas de conveniência, revendas de carros, auto-centers, auto-escolas, auto-elétricas, indústrias gráficas e quaisquer outros ambientes que pilotos e integrantes das equipes do Metropolitano de Marcas frequentam. Conversas intermináveis, como sempre são as que envolvem grandes polêmicas no automobilismo. O "coito interrompido" - essa foi outra definição que ouvi ontem para o cancelamento da corrida - é, sim, uma polêmica e tanto para os automobilistas cascavelenses.

Para essa gente, esse universo que envolve diretamente perto de duas mil pessoas, o momento festivo de até então pelo renascimento do autódromo virou decepção. Se bem conheço esse meu eleitorado, vão apontar alguém para pagar a conta dessa decepção toda.

Que não seja eu.

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